terça-feira, 17 de julho de 2007

What's best in life, Conan?


Mongol General: What is best in life?
Conan
: To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.

Acho que essa é uma das citações mais fodas da história cinemática, especialmente na voz empostada de AHnold. Conan rules.

No entanto, a pergunta permanece. What's best in life? O que é importante na vida?

No ponto que ocupo no continuum espaço-tempo, sou da opinião que o importante na vida é o que falta a cada um -- sou meio cética quanto a uma necessidade básica comum a todos nós. Saúde, as pessoas me dizem. Sem saúde a vida torna-se ridiculamente complicada, mas muitas vezes a falta da mesma é o instrumento do Inefável para que abramos os olhos para o que realmente importa para nós -- sucesso, família, trabalho, arte, o que seja. Relacionamentos até.

Tome meu mau exemplo: se alguém me perguntar "What's best in life, Xochiquetzal?" eu (após fazer a citação cretina de Conan, o Bárbaro) responderia: paz de espírito. Minha vida interior é tão absurdamente conturbada, meu relacionamento (or lack thereof) comigo mesma é tão violento que antes de mais tudo preciso exorcizar meus demônios, encontrar um ponto de equilíbrio e ter pela primeira vez na vida um pouco de sanidade. Sem isso, tudo o mais é falho: relacionamentos, trabalho, dinheiro, amor, espiritualidade, saúde até. Estou tão embrulhada nos fios de mim mesma que não consigo lidar com mais nada. Refugio-me nas palavras, que me proporcionam uma interface segura para me comunicar com as pessoas relevantes na minha vida. Façam o que eu digo, e não o que eu faço.

Pessoas. No funeral do meu avô percebi com uma clareza inédita que o que importa é quem você é (no caso dele, foi), o que você ensinou, o modo como tocou a vida das pessoas ao seu redor -- quer tenha se relacionado com elas ou não. Meu avô foi um homem verdadeiramente sábio e bom -- coisa rara hoje em dia -- e mesmo na decrepitude dos seus últimos anos, preso a uma cama há quase uma década e já senil, continuou a construir seu legado apenas sendo: ao suportar sua condição clínica sem uma reclamação, ao se submeter a coisas "humilhantes"como depender dos outros para ir ao banheiro, comer e tomar banho, com um sorriso no rosto. Ao produzir pérolas -- ostra contorcida porém sorridente que era -- que me iluminam o caminho até hoje.

Ser ou não ser. O quê, eis a questão. Creio que ter é acessório do ser, e quanto mais você é menos você precisa ter para ser verdadeiramente feliz. Concordo que o desejo seja parte integrante de nós e não possa ser vendido separadamente, mas talvez hoje em dia o grande problema é confundir o desejo de ser com o de ter. Não nasci para asceta e quero ter muitas coisas, lugares e pessoas. O problema é que enquanto eu não for alguém (e não o sou), o que possuo são pérolas (OSTRA!) aos porcos. Como usufruir dos prazeres da vida sem a capacidade de apreendê-las em sua totalidade? Preciso aprender a ser de modo a apreciar o ter, o estar e o devir.

Coisas são coisas, e ficar correndo atrás delas é tão ridículo como o cara de "How High" dando ataque de pelanca: they... they took my BABY! OH GOD! Don't go forward! Oh my horn! Don't put it in the trunk --- THAT'S NOT YOURS! Será sintoma da minha sociopatia relativizar isso dizendo que relações são relações, interações que simplesmente SÃO, indo e vindo de modo oceânico, fora de nosso controle? Coisas são coisas, pessoas são pessoas, relações são relações. A cada uma sua devida importância, sua intensidade, seu tempo. Algumas pessoas que julgamos essenciais permanecem conosco por muito tempo -- mas depois se vão. Apegar-se a elas, no meu ver, não é muito diferente de apegar-se a coisas.

Impermanência, mais uma vez.

No final, temos apenas a nós mesmos, e o que nos falta. E no nosso caminho do berço ao túmulo, temos as pessoas que nos acompanham -- dançando, correndo, se arrastando, carregando-nos no colo. Aproveitemo-nas enquanto companheiras de viagem, e preparemo-nos para o inevitável momento em que nossos caminhos divergirem. In the meantime, let's try and have fun.

So it goes.

--Xochiquetzal.

Um comentário:

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