sábado, 29 de dezembro de 2007

Soneto Do Gato Morto - Vinicius

Saudade do meu Fibbers.


SONETO DO GATO MORTO
Um gato vivo é qualquer coisa linda
Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade

De ter sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade.

Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e a morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto

Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto.

--Vinicius de Moraes

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

CREDO QUIA ABSURDUM

O Atillah acertou na mosca quando intuiu os problemas técnicos de Dezembro. Fim de ano é uma merda pra todo mundo, uma merda tornada ainda mais insuportável para os que não caem no golpe do amor, da paz na Terra e do Papai Noel (não menciono o Menino Jesus por achar que seria redundante. Pelo menos até onde sou capaz de ver, Jesus deixou de fazer parte do Natal há muito, muito tempo). Execrável é pouco, meu bom Huno. O desespero das compras, da manutenção do status quo, os presentes trocados (e recebidos) com sorrisos amarelos, as nozes caríssimas que quase ninguém come, as crianças soterradas por montes de brinquedos luxuosos e cada vez mais vagabundos, os tios bêbados e suas estórias espúrias, Ivete Sangalo ganindo em todas as casas, os parentes desagradáveis lançando-se à ceia como coisas que se lançam sobre outras coisas... é hediondo.

"Nossa Xochiquetzal, que cinismo, que amargura!"
"Credo Xochiquetzal, deixa ser dar uma de rebelde, pára de querer chamar a atenção!"
"Essa menina não é normal, deve ter sido molestada por Papai Noel em um shopping qualquer!"

FODA-SE. Isso estando claro, gostaria de dizer que não tenho nada contra confraternizações, presentes, família, alegria, quantidades absurdas de comida e afins. Muito pelo contrário, endosso tudo de Ursinho Carinhoso pertencente à natureza humana. O que me revolta é o artificialismo, esse Natal compulsório e edulcorado, essa prostituição da religiosidade. Me dá engulhos.

Sobrevivi a mais um Natal graças a uma overdose de calorias, vinho barato e muita abstração. No dia seguinte tive a felicidade de cair nas graças de um priminho que ganhou o Guitar Hero (com a guitarrinha, oh yeah!) do bom velhinho. Hey, maybe Xmas isn´t that bad, right?

Passado o Natal, temos as festas de fim-de-ano, que se não fosse pelo fato de eu ser a Mulher-Fracasso e lamentar cada ano que se passa como 365 oportunidades perdidas de fazer algo de rentável, útil, agradável ou saudável da minha vida, estariam poupadas da minha bile. Festas de fim de ano (com ou sem tracinho?) são mais sinceras. Tudo bem que seja coisa que colocaram na nossa cabeça (isn´t it all?), mas precisamos de desculpas pra celebrar. Antes comemorar a passagem completamente arbitrária de mais uma volta em torno do Sol do que o aniversário arbitrário de Jesus (que como filho de Deus é arbitrário pra muita gente).

2007 foi um ano tosco, e estou feliz em ver seu término. Minha satisfação com 2007 pode ser medida na candura que caramela esse post. Mesmo cheia de medo e delírio, fico por aqui desejando todas as cretinices que desejamos aos outros nesse novo ano que se inicia, queridos leitores. Paz, saúde e prosperidade a todos vocês. Axé.

Que venha 2008, pior do que está não pode ficar.

Credo, que absurdo.

--Xochiquetzal, a Inverossímil.
P.S. - Gutinho, mentiram pra mim!



segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Programação anormal



Ok pimpolhos, aparentemente os membros deste blog estão novamente em sincronia, passando por problemas técnicos simultaneamente. Fim de ano é uma merda pra todo mundo. Esse clima de falso amor e heresia que impera é responsável por uma das épocas mais execráveis do ano. Some-se à época outras encheções de saco e frustrações, e temos o receituário para que eu diga neste momento, de boca cheia:

FODA-SE.

Ergo, estamos em recesso. Concordam meus companheiros escrevedores?

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

eles querem me derrubar
mas não vão conseguir
pois eu tenho em mim a pureza da brisa e do sol da manhã

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Xochiquetzal e seu Mestrado


Para aqueles que estavam curiosos quanto ao meu desempenho na prova de mestrado, uso meus queridos lolcats para dar o recado (até mesmo porque algumas imagens valem mais do que mil palavras):










Como minha primeira brochada acadêmica, "FAIL" não é suficiente para expressar o tamanho de meu fracasso.



Agora sim.



Que se foda. Eu NEM queria passar nessa porra mesmo...

Hating everything,

--Xochiquetzal.

domingo, 25 de novembro de 2007

Balada do Louco

Tipo isso.


Quando se leva uma vida bizarra como a minha fica realmente difícil dizer coisas do tipo “esse foi um dia difícil" ou "essa foi a semana mais bizarra da minha vida", porque me pego pensando em todas as coisas simplesmente toscas que pontuam a minha existência e vejo que seria injusto com elas colocar qualquer determindado período de tempo na pole position. Já fui atacada por tatus sanguinários, já fugi de um enxame de abelhas iradas me descabelando pela rua, sobrevivi a dois atropelamentos, um acidente de carro e uma tentativa de homicídio, quase fui presa pela fina flor da polícia americana, perdi parte de um dedo em um acidente bizarro envolvendo o fim da copa de 1998, um bolo de um ficante idiota, um irmão caçula desatento e o batente de uma porta... poderia seguir ad nauseam, mas só queria dar a vocês uma idéia das coisas que só acontecem comigo. O Atillah, companheiro e testemunha indireta de todas as minhas desventuras, já não se surpreende mais com as inverossimilhanças do meu ser.

Eu ainda me surpreendo.

Por isso digo: essa foi uma semana TOSCA. Parece que todo o mau carma acumulado durante o ano decidiu armar uma emboscada contra mim e me matar de morte matada; sobrevivi a mais essa tempestade mental com o auxílio de meus queridos benzodiazepínicos -- cuja presença já está começando a me incomodar e dos quais pretendo me livrar com finesse logo, logo -- e do onipresente açúcar, o crack feminino, que deixou para trás as marcas adiposas de sua presença na parte inferior do meu corpo. Mais alegria para os pedreiros da cidade, mais angústia desabrida até essas dobrinhas abandonarem esse corpo que não as pertence.

But I digress. As situações-limite envolvendo a saúde de amigos, amores e familiares parecem estar sob controle, meus planos de passar bem (se passar, claro) na prova do mestrado foram pra casa do caralho, estou sob uma overdose de açúcar e cafeína embalada pela voz de Edith Piaf e cheguei à conclusão de que, se não sentasse a bunda pra escrever alguma coisa, eu iria acabar pelada, correndo em círculos no terraço. Como todos os apartamentos ao redor são repúblicas de estudantes e os alicerces do meu prédio datam da época da Inconfidência Mineira, achei mais seguro depositar meus desabafos aqui no blog.

(Aliás, gostaria de dedicar esse post desconexo à Mme. Esquivel, meu carro-pipa de lágrimas eletrônicas.)

Pois é. Uma das bigornas que caíram na minha cabeça desde o meu último post me levou a uma clínica psiquiátrica -- não para tratar da minha cabecinha deformada, mas para visitar uma pessoa querida que foi parar lá E QUE NÃO SOU EU.

Por enquanto.

Eu sempre fui fascinada pelos loucos e pela loucura. Não sei por quê. Casos de instabilidade mental pululam na minha família e a cada ano que passa fico sabendo de estórias mais estranhas e escabrosas (talvez pelos meus familiares não acharem mais que possam me impressionar com os relatos do tio que anotava TUDO o que fazia 24hs, da prima guerrilheira "desaparecida" pela ditadura militar, das diversas e criativas tentativas de suicídio e do primo que só falava rimando, entre outras). Pois é. Durante essa visita fiquei conhecendo mais casos que gostaria de partilhar com vocês.

A clínica, que mais parece um pequeno hotel-fazenda e custa os olhos da cara, é agradabilíssima. O clima do lugar não lembra nem de longe as cenas noir dos hospitais psiquiátricos públicos ou as monstrusidades de filmes como “Bicho de Sete Cabeças” – exceto pelo eventual paciente obeso e desdentado, vagando sem camisa e torcendo as mãos. Cheguei em um sábado ensolarado, trazendo chocolates, biscoitos, coca-cola e cigarros para a minha pessoa querida QUE NÃO SOU EU, já que a minha remessa de alguns dias atrás fora surrupiada pelos outros internos, que abusaram da boa-vontade da minha pessoa querida QUE NÃO SOU EU. Cheguei, sentei-me à beira da piscina e comecei a botar o papo em dia com a minha pess... com o indivíduo que a partir de agora vou identificar como PQ.

Logo fomos interrompidos por um senhor de uns sessenta anos, com um olho faltando e o outro olho, de um azul esquisito, mirando um ponto qualquer na minha testa. Antes que eu conseguisse decidir pra que olho olhar enquanto falava com ele, o tal senhor pegou meu braço e disse, em tom confessional, que não me preocupasse com PQ, já que estava tomando conta dele, protegendo-o de todos os criminosos perigosíssimos que infestavam a clínica e de todos os espíritos malignos que conspiravam contra os dois. Durante a minha visita esse senhor caolho nos interrompeu pelo menos mais umas três vezes para me dizer exatamente a mesma coisa, num tom cada vez mais alarmante.

Pouco depois uma mulher de óculos fundo de garrafa e camisola florida veio me abraçar e beijar, emocionadíssima. Quando PQ fez menção de me apresentar a ela, ela o interrompeu: "Não, pode deixar, eu sei quem ela é -- é a XUXA!" Leitores, eu juro que na hora eu não consegui rir. Graças a Deus eu estava usando meus óculos rave que cobrem a metade da cara, porque acho que a expressão do meu rosto trairia o meu espanto. Sem largar a minha mão um minuto, a mulher disse o quanto gostava de mim, que sabia que eu viria, que ela assistia meu programa toda manhã... fiquei fúcsia. Não lembro se disse alguma coisa; acho que só fiz que sim com a cabeça. Ela cantou umas músicas que deviam ser da Xuxa (não reconheci nenhuma, já que meu repertório xuxesco se limita aos anos 80), disse que seus desenhos preferidos eram "o do Scooby-Doo e o do Bob Esponja" e que não gostava do Homem-Aranha, mas achava "o Homem de Gelo muito bonito". Uma pessoa, provavelmente parente dela, veio tirá-la dali -- depois de muitos abraços, "eu te amo Xuxa!" e promessas de visitá-la outro dia.

Depois de ser confundida com a Xuxa e alertada sobre os perigos físicos e espirituais do recinto, tive alguns minutos preciosos de conversa a sós com PQ, interrompidos pelos eventuais borrifos elefantinos causados pelos pacientes que se jogavam alegremente na piscina. Encharcada, divertida e um pouco confusa, fui apresentada a Mateus, um homem bonito e extremamente simpático -- o tipo de pessoa que causa empatia instantânea. Mateus foi o que mais me impressionou: sua lucidez, seu sorriso e sua aura de bondade absurda me deixaram desconcertada, especialmente quando soube que ele estava na clínica há três meses. Dentre muitas coisas, Mateus previu a Terceira Guerra Mundial, um confronto nuclear no qual os Estados Unidos e o Brasil venceriam a Inglaterra e a França; que eu teria um casal de gêmeos; me disse que viu Jesus -- com uma convicção da qual eu não duvidei -- e que o período que estava na clínica o prepararia para seu apostolado junto às nações do mundo.

Hmmm. Acho que o blog cumpriu sua função de depósito de desabafos (merci Mme. Esquivel) por enquanto... precisava escrever para não enlouquecer; agora entendo todos os escritores que atribuem a mesma função terapêutica à escrita.

Um leitor-não-tão-imaginário-assim que me achou no MSN e trocou algumas idéias comigo a respeito do Espancando disse que eu glamourizava meus problemas emocionais e exagerava as coisas que aconteciam comigo pra conseguir atenção. Nunca neguei meu status de attention whore, mas gostaria de poder recorrer à hipérbole ao descrever as coisas que acontecem comigo. Leitor, acredite se quiser. Não sei, só sei que foi assim, como diria o Chicó. Li em algum lugar que há um ditado chinês que diz que "para conquistar uma besta, você deve primeiro torná-la bela". Pode ter a profundidade de um biscoito da sorte do China in Box, mas é verdade. Tento amansar a besta da loucura e ensiná-la a dar a patinha, em vez de subir numa cadeira e gritar feito uma mulherzinha cada vez que ela se esgueira pela cozinha da minha cabeça. Alguém pode me culpar por isso?

Falando em China in Box, no meu frenesi de alimentação panda pedi China in Box hoje (me arrependi depois, comida horrível, mas meu corpo ficou feliz com os carboidratos). Eis o que dizia o papelzinho do biscoito da sorte:

Um grande desempenho cultural: aproveite-o para grandes obras.
(26-37-59-07-27-10).

Leitores que jogam na Sena, não se esqueçam do meu desempenho cultural caso ganhem com esses números aí. Estou destinada à grandeza.

Mais louco é quem me diz,

--Xochiquetzal.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Tatu no Rasinho... LÁ VOU EEEEEU!

.

Enquanto a poeira não baixa nessa tempestade de areia da minha vida, enquanto não tenho paz de espírito para responder o (mais uma vez excelente) post do Atillah, enquanto seu lobo não vem, gostaria de partilhar com meu companheiro de blog e com nossos leitores nem-tão-imaginários-assim essa pérola da falta do que fazer digital:



Estou rindo até agora. Obrigada TC por me fazer sorrir num dos momentos menos risíveis da minha vida. Eu te amo, cara.

Chama o outro Ben!!!!

--Xochiquetzal.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Mafalda-se



De jeito nenhum. Só sobre o meu cadáver.

Olá, enfermeira!

Agradeço pela campanha particular que você fez pelo meu retorno, mas ela não era necessária. Minha volta é sempre tão certa quanto a minha ida. Eu sou um pêndulo.

Naturalmente você compreende que, devido às repercussões do meu último post, eu precisei de algum tempo para afastar o receio de um novo post. Pensei muito em todas as questões levantadas e cheguei à seguinte conclusão:

FODA-SE.

Sim, uma decisão deveras ponderada e refletida, embora o palavrório de baixo calão passe uma impressão contrária. Mas fui guiado por alguns pensamentos simples e muito verdadeiros, que parecem se aplicar não só à situação em questão, mas à vida como um todo:

LIFE IS SHORT.

Curta demais, de fato, para que eu fique me preocupando com os problemas dos outros, por mais que sejam pessoas queridas por mim. Curta demais para que eu me restrinja e não expresse com toda clareza, e ao tempo que eu achar melhor, o afeto que eu sinto por essas mesmas pessoas. Curta demais para achar que eu possuo pessoas ou coisas. Curta demais para agüentar encheção de saco em escala industrial, acusações falsas e mimimimi.

Portanto, em um arroubo libertário, CONTINUAREI meu último post. No pasarán! Ninguém vai passar por cima de mim. Eu sigo adiante, dentro dos meus princípios e valorizando o que sempre fiz e sei que é certo. No pasarán!

Como você lembra, eu havia citado o refrão daquela música do INXS, que foi legal e tals. Mas a melhor parte da porra da música vinha depois, cara:

I told you
That we could fly
'Cause we all have wings
But some of us don't know why


Olha que maravilha, o tema das asas e anjos voltando de novo. A boiolagem angelical vem assombrando esse modesto blog por alguns meses já. As asas, as asas que nossas vidinhas suburbanas cortaram ou incapacitaram. Por que fazemos isso com nós mesmos? Maldita conformação e venda da alma ao sistema. Eu nem sei em que momento eu esqueci que tinha asas e podia ir pra onde quisesse. Mas também, como eu já disse antes, voar pra quê? Só não sei o que faço com esse par de coisas penadas e inúteis que eventualmente lembro que todos temos.

Você, sim VOCÊ, que tinha suas asas enormes e negras, feitas de insanidade, que te levavam para paisagens noturnas e pesadelos maravilhosos, está aí agora; reduzida a uma sombra depenada do que era. O lítio cortou suas asas e você é apenas mais uma infeliz, desprovida da capacidade de vôo. Bem vinda à nossa gaiola dourada. O alpiste fica à esquerda, os banhos de serragem à direita. Cerveja, só com permissão do carcereiro. Se você for um bom pássaro lógico, e cantar no tom.

Quem ganha asas mesmo e sai da maldita gaiola é Fibonacci. Vá em paz Fibonacci, você foi amado. Você foi amado até por quem teve pouco tempo com você. Deixe a dor para quem ficou. Apenas um gato, diria minha persona insensível. Apenas um gato sim, mas repositório de amor incondicional, sem laços que restringem, que limitam, que tornam tudo insuportável. Pelo menos não serei condenado ao falar de meu afeto por Fibonacci; a distância entre espécies me isenta da condenação e torna irrelevante o crime do gostar. Aos pais, deixo meu lamento, e torço para que se consolem no resto da família peluda que persiste. Por favor, estenda minhas condolências ao digníssimo.

Falando nele, não ligo para seus problemas, pois tenho os meus que me bastam, mas sinceramente torço por vocês. Mais sinceramente ainda torço por mim, que não quero perder essa força da natureza que vocês formaram juntos. Certamente fui arrebatado pela tormenta de vocês, ao chegar perto do olho do furacão, e não resistir à tormenta foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. Das poucas certezas que tenho, o foco nos relacionamentos é a mais permanente, e devo isso a vocês.

Minha única mensagem final possível é: toca daí, que eu mando daqui. Remenda as asas, exercita elas de vez em quando. Nunca se sabe quando o garoto levado vai chegar de fininho e abrir a porta da gaiola e, cara, nessa hora, tu sai voando o mais rápido que der, ok? Sua prisão é temporária, que eu sei. Você sempre voou mais alto do que eu.

Atillah




sábado, 10 de novembro de 2007

WHA?

Wha? INDEED!

Guys. Guys. Hey guys.

This was on fucking cnn.com. Chris has just shown it to me.

I'VE TOLD YOU SO!!!!!!!

*does little happy dance*

--Xochiquetzal

P.S. - Original link: http://www.cnn.com/2007/TECH/science/11/09/simington.ufocommentary/index.html

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Symington: I saw a UFO in the Arizona sky

By Fife Symington -- Special to CNN

November 9, 2007

Former Arizona Governor Fife Symington will be moderating a November 12 event at the National Press Club where he will discuss the Phoenix Lights incident. He says he will be joined by 14 former high ranking military and government officials from 7 countries who will share evidence from what they call their own UFO experiences and investigations.

(CNN) -- In 1997, during my second term as Governor of Arizona, I saw something that defied logic and challenged my reality.

I witnessed a massive delta-shaped, craft silently navigate over Squaw Peak, a mountain range in Phoenix, Arizona. It was truly breathtaking. I was absolutely stunned because I was turning to the west looking for the distant Phoenix Lights.

To my astonishment this apparition appeared; this dramatically large, very distinctive leading edge with some enormous lights was traveling through the Arizona sky.

As a pilot and a former Air Force Officer, I can definitively say that this craft did not resemble any man made object I'd ever seen. And it was certainly not high-altitude flares because flares don't fly in formation.

The incident was witnessed by hundreds, if not thousands of people in Arizona and office was besieged with phone calls from very concerned Arizonians.

The growing hysteria intensified when the story broke nationally. I decided to lighten the mood of the state by calling a press conference where my chief of staff arrived in an alien costume. We managed to lessen the sense of panic but at the same time, upset many of my constituents.

I would now like to set the record straight. I never meant to ridicule anyone. My office did make inquiries as to the origin of the craft, but to this day, they remain unanswered.

Eventually the Air Force claimed responsibility stating that they dropped flares. This is indicative of the attitude from official channels. We get explanations that fly in the face of the facts. Explanations like weather balloons, swamp gas and military flares.

I was never happy with the Air Force's silly explanation. There might very well have been military flares in the sky that evening but what I and hundreds of others saw had nothing to do with that.

I now know that I am not alone. There are many high ranking military, aviation and government officials who share my concerns. While on active duty they have either witnessed a UFO incident or have conducted an official investigation into UFO cases relevant to aviation safety and national security.

By speaking out with me, these people are putting their reputations on the line. They have fought in wars, guarded top secret weapons arsenals and protected our nation's skies.

We want the government to stop putting out stories that perpetuate the myth that ALL UFOs can be explained away in down-to-earth conventional terms. Investigations need to be re-opened, documents need to be unsealed and the idea of an open dialogue can no longer be shunned.

Incidents like these are not going away. About a year ago, Chicago's O'Hare airport experienced a UFO event that made national and international headlines.

What I saw in the Arizona sky goes beyond conventional explanations. When it comes to events of this nature that are still completely unsolved, we deserve more openness in government, especially our own.

icanhascheezburger.com








Vejamos se isso tira o Atillah de sua cápsula criogênica.

--Xochiquetzal

sábado, 3 de novembro de 2007

Goodbye, Mr Fibbers


This is for my friend Fibonacci, who was put down today, November 3rd, 2007. He was eight years old, he was slowly dying. Fibbers was the best cat ever. I just came back from the pet cemetery and there's a big, gray, cat-shaped hole in my life. I can't even begin to deal with the pain.

Rest in peace, buddy. There will never be another cat like you.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O Mundo Assombrado Pelos Demônios

I told you so.


Olá, Cosmonauta Spiff!!!

Passei uma preciosa parte do meu tempo pensando em como escrever um texto à altura do seu último post. Revi meus conceitos de astronomia, revisei minha gama de metáforas e alegorias, fiz esquemas, fiz esboços... e nada. Não consegui produzir nada que chegasse aos pés do extremamente bem-escrito, embasado e humorístico post que você criou. Puta. Que. Pariu. Perdi a conta das vezes em que me peguei relendo o texto, me embasbacando com a sua qualidade e com o impacto ridículo das rochas piroplásticas.

Joguei a toalha mesmo. Não há mais o que comentar ou adicionar; curvo-me perante seu talento, deleito-me em aquecer minha superfície frígida nas emanações de seu gênio, e espero permanecer orbitando (ainda que de modo errático) o planeta Atillah, nessa danse macabre de coincidências que rege nossa cosmogonia...


...and here's to life!

Enquanto você valseia lentamente em torno de seu Sol incognoscível, eu continuo sapateando pelo Cosmos -- dessa vez com sapatinhos de lítio que me desaceleram, me desintegram, me desangustiam. Baudelaire disse que "não há angústia maior do que viver sem angústia", e às vezes sou forçada a concordar. O lítio é como uma terraplenagem no solo na mente: você não corre mais o risco de se estabacar a cada passo nos buracos e irregularidades do terreno, mas perde toda a excitação, maravilha e encanto caóticos com os quais estava habituado. G. K. Chesterton disse:

"Existe no fundo da mente de todo artista algo como um modelo ou um tipo de arquitetura. É algo como a paisagem dos seus sonhos; o tipo de mundo que ele gostaria de construir ou no qual gostaria de vagar; a estranha flora e fauna de seu próprio planeta secreto."

O lítio me tornou uma criatura apátrida, exilou-me de mim mesma. Estou calma, ponderada, menos extravagante e exagerada, mas como diria Pessoa: "no meu coração há uma paz de angústia, e meu sossego é feito de resignação". Minha calma é na verdade apatia, minha ponderação, tédio. Vivo uma vida de refugiada no status quo, ansiando pela energia desmesurada, pelos vôos da imaginação, pelas danças insanas no apartamento e risadas histéricas em momentos inadequados.

Eu não sei ser equilibrada. Eu não gosto de ser equilibrada. Granted, eu não gosto de ser auto-destrutiva, instável e psicótica, mas se o preço a pagar pela "normalidade" for uma vida em banho-maria eu vou voltar ao Bedlam do meu mundinho. Tenho saudades dos meus demônios internos e da vida em permanente assombro.

"Mas agora você se sente como uma pessoa normal, como uma de nós". Esse comentário, que já virou lugar-comum na minha família, me horroriza. Lembra-me das aberrações do clássico filme Freaks: "One of us! One of us! Gobble-Gabble, one of us!" Eu não quero ser um de vocês! Eu não quero ter que beber sete litros de água por dia para evitar os problemas renais causados pela droga e ir ao banheiro a cada 45 minutos; não quero o gosto metálico na boca seca, os tremores nas mãos que transformaram minha letra em coisa de criança de quarta série, a confusão, a incapacidade de fazer mil coisas tudo ao mesmo tempo agora, o silêncio que abafa o cérebro, não ser capaz de viver descaralhada com tudo ao meu redor. A náusea sartreana de viver.

Mas eu não quero enlouquecer também.

É tudo muito esquisito. Meus textos são desconexos, levo três vezes mais tempo para ler qualquer coisa, acho tudo difícil. Estou me sentindo burra. Em pouco mais de três semanas faço a prova para o mestrado em Lingüística e estou tendo dificuldade para estudar. Argh. A náusea.

Ó vida, ó azar. Chega de lamentação -- tenho quatro textos longos para ler e resenhar e uma tremenda ressaca existencial pós-Halloween. Veremos o que os meus 27 anos (você estava certo: você está ficando velho) reservam para mim.

Shivers me timbers!

Avast!

--Xochiquetzal.



terça-feira, 23 de outubro de 2007

Stardust


Collision rules.

Você foi muito coerente na citação do INXS. É realmente a história da nossa relação:

I
I was standing
You were there
Two worlds collided
And they could never ever tear us apart


É a história da nossa cosmogonia, melhor dizendo. Olha só.

Embora nossos mundos tenham se formado e crescido de forma muito diferente depois de mais de uma década (você está ficando velha :( ), nada do que aconteceu foi capaz de nos separar. Zoados pelo Big Bang originário, separados por anos-luz, mas muitas vezes mais próximos entre nós do que com nossos próprios patrões e patroas.

Apesar de todos os seus esforços para orbitar para longe de mim, do seu momentum planetário que te leva para os confins do nosso sistema solar, a atração gravitacional sempre te traz de volta, mesmo quando a distância dos seus erros contraria todas as leis da física, dizendo que NÃO HÁ atração gravitacional suficiente para você voltar.

Condenada a ficar no nosso sistema de estrelas locais, você é um torrãozinho insano de poeira acumulada, indo e voltando constantemente em minha direção, acelerando e desacelerando de forma impossível no vácuo. Você é uma catástrofe cósmica esperando pra acontecer.

Você não olha para os dois lados antes de atravessar a órbita, e não sei como você ainda não foi atropelada por um cometa desgovernado. Eu vejo esses cometas passando zunindo por você, e penso: “caralho, escapou de mais uma, essa quase acaba com a vida inteligente na sua biosfera”. No seu balé de Rasputin você desvia graciosamente dos impactos profundos que poderiam acontecer. Tão diferente de mim. Porque eu fico aqui, planejando para o inevitável (?) choque, suporto cada asteróide que cai na minha superfície, absorvo e distribuo o impacto, e uso os restos de cada um pra aumentar a minha própria massa.

O planeta Atillah: um torrão vermelho e carnívoro como Marte, girando em volta de si mesmo e de um Sol que eu não sei qual é, mas ajuda as coisas a ficarem sempre quentinhas e confortáveis. Minha órbita é regular, e com cálculos simples se descobre em que ponto estarei em qualquer momento dos próximos 100 milhões de anos e SEMPRE com apenas dois climas bem definidos: verão e inverno.Enquanto faço as minhas voltas preguiçosas em torno do Sol, de vez em quando consigo ver você ao longe, entre planetas gasosos, escapando por um triz de buracos negros que acabariam com sua existência, testando os limites desse sistema em que te colocaram.

Então VÁ, seu pequeno planeta instável. Shine on you crazy diamond. Estenda sua órbita, contrarie as leis da Física, faça e refaça a composição do seu planeta.

Depois volte ao nosso sistema local, cruze minha órbita, choque-se de leve com a minha superfície, vamos provocar um pequeno desastre, vamos trocar poeira estelar, deixe meus vulcões explodirem em você, deixe a lava do manto escorrer e solidificar na sua superfície. Minhas rochas piroclásticas GRUDAM MESMO, e você não vai conseguir se livrar delas, nem com terremotos.

Deixe eu aplacar minha fúria magmática nos seus oceânus gélidos, ferver suas águas frias (você se afastou DEMAIS do Sol), criar vapor e embaçar tudo que pode ser visto de fora.

No fim, você leva um parte de mim, e eu fico com uma parte de você. Dois mundos colidiram, e agora eles nunca mais poderão ser separados.

Isso devia virar música.

Atillah.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

TC!!!!

Gratuitous LOL.

Só mesmo o TC pra resumir em um textículo killer a importância de Buckley -- e ainda citando "Lover, You Should've Come Over". Nem acredito que tirei o TC da tumba. Emocionei-me.

Fall in light, brothers!!!

--Xochiquetzal.

domingo, 14 de outubro de 2007

Acordando neste domingo de manhã, qual não é minha supresa ao constatar que seu post é justamente sobre ele, o trovador dos corações solitários modernos, a voz chorosa do bêbado em algum beco de Nova York, a angústia destilada que alguém bebe dentro de uma dose de Jack Daniel´s: Jeff Buckley. Normalmente sou apenas observador das discussões de vocês, mas dessa vez não pude me furtar a fazer um breve comentário. Jeff é o cara. Puta merda. Veio do nada, filho de um tal de Tim Buckley, que era igualmente cantor e desesperado, rasgou uns ouvidos com a faca da agonia e sumiu dentro de um rio gelado, deixando uma pequena porém valiosa obra. Coloco abaixo aquela que é uma de minhas músicas preferidas, e que certamente disputa o top 5 das músicas mais melancólicas de todos os tempos:


LOVER, YOU SHOULD´VE COME OVER

Jeff Buckley

Looking out the door I see the rain fall upon the funeral mourners
Parading in a wake of sad relations as their shoes fill up with water
And maybe I'm too young
To keep good love from going wrong
But tonight you're on my mind so (you'll never know)

I'm broken down and hungry for your love
With no way to feed it
Where are you tonight? Child, you know how much I need it
Too young to hold on and too old to just break free and run

Sometimes a man gets carried away
When he feels like he should be having his fun
And much too blind to see the damage he's done
Sometimes a man must awake to find that, really,
He has no one...

So I'll wait for you... And I'll burn
Will I ever see your sweet return, oh, or will I ever learn
Lover, you should've come over
Cause it's not too late

Lonely is the room the bed is made
The open window lets the rain in
Burning in the corner is the only one who dreams he had you withhim
My body turns and yearns for a sleep that will never come

It's never over, my kingdom for a kiss upon her shoulder
It's never over, all my riches for her smiles when I sleep so soft against her...
It's never over, all my blood for the sweetness of her laughter
It's never over, she is the tear that hangs inside my soulforever

Maybe I'm too young to keep good love from going wrong
Oh... Lover, you should've come over...
'Cause it's not too late...



Baixem a canção. Sintam a dor. Chorem comigo, vamos lá! \o/

Recomendo também: Elliot Smith

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Jeff Buckley

*SIGH*


Quando ouvi Jeff Buckley pela primeira vez, há uns dois anos atrás, não gostei de primeira. Achei meio fresco demais, muito cru -- com exceção da extática versão da "Hallelujah" de Leonard Cohen, que na voz de Buckley é a canção mais bonita do mundo. Dois anos de histeria musical passaram e "Hallelujah" permanece na minha pole position. Infelizmente não encontrei uma versão melhor no youtube, portanto virem-se e baixem a versão original, que é simplesmente... "Hallelujah":



Por acaso decidi revisitar a obra de Buckley na semana passada, para ver se minha primeira impressão seria mesmo a que ficaria -- se ao menos alguém houvesse me prevenido a respeito da porrada lírica que tomei... Estou tonta até hoje, e nem comecei a abarcar a enormidade da obra do rapaz (composta basicamente dos álbuns Grace e Sketches for My Sweetheart the Drunk, mais um monte de coisas encontráveis online). Todas as canções de Buckley são memoráveis em seu je ne sais quoi de diáfano, de troubadour urbano, de experimentos melódicos, letras angustiadas e vocais transfigurados. A que anda grudada na minha cabeça é a belíssima "Satisfied Mind" (infelizmente não encontrei o vídeo da versão de estúdio, damn you Sony Music!!):



Fica aqui o poema "New Years' Prayer" (pode-se ver Buckley declamando o mesmo em http://www.youtube.com/watch?v=Ue_S1lkSNBQ&feature=PlayList&p=4E9A16010C998299&index=5 -- não quero o Atillah me acusando de mania ao postar mil vídeos aqui):

"New Year's Prayer" - Jeff Buckley

You, my love, are allowed to forget about the Christmas you just spent stressed out in your parents' house. You, my love, are allowed to shed the weight of all the years before, like bad disco clothes. Save them for a night of dancing stoned with your lover. You, my love, are allowed to let yourself drown every night in bottomless wild and naked symbolic dreams. You, my love, in sleep, can unlock your youth and your most terrifying magic, and dreaming is for the courageous.

You, my love, are allowed to grab my guitar and sing me idiot love songs if you've lost your ability to speak (keep it down to 2 minutes). You, my love, are allowed to rot, and to die, and to live again, more alive and incandescent than before.

You, my love, are allowed to beat the shit out of your television, choke its thoughts and corrupt its mind, kill kill kill, kill the motherfucker before the song of zombified pain and panic and malaise and its narrow right-wing vision and its cheap commercial gang-rape becomes the white noise of the world; turnabout is fair play. You, my love, are allowed to forgive and love your television. You, my love, are allowed to speak in kisses to those around you and those up in heaven.

You, my love, are allowed to show your babies how to dance, full-bodied, starry-eyed,audacious, supernatural and glorified. You, my love, are allowed to suck in every single endeavor. You, my love, are allowed to be soaked like a lover's blanket in the New York summertime with the wonder of your own special gift.

You, my love are allowed to receive praise. You, my love, are allowed to have time. You, my love, are allowed to understand. You, my love, are allowed to love. Women, disobey. Little men, believe. You, my love, are a rebellion.

A gratuidade da beleza nesse mundo jamais deixará de me espantar, assim como a banalidade de certas mortes e tanto sofrimento em vão.

Aos poetas mortos!

--Xochiquetzal.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Staring At The Sun

É.



Pra começar, gostaria de dizer que fico feliz com a aprovação pública de meu relato do Outro Lado, apesar de triste por não ter condições de atender à demanda por maiores informações por motivos quimio-epistemológicos.

Explica-se: após quase um mês de homeostase cerebral -- fato inaudito na minha vida adulta -- as situações pitorescas que engatilharam reações extremas em mim perderam o seu impacto. Lembro-me de todas sem exceção: o caso do dia em que todos os relógios pararam; o dia em
que quase perdi um mamilo, tentando provar a lenda urbana de que coelhos agressivos se acalmam ao serem segurados contra o peito e ouvirem a batida de um coração; o dia em
que eu estava ouvindo o Robert Plant & Jimmy Page No Quarter, uma música árabe travou no CD player e eu passei uns vinte minutos ouvindo o mesmo solo de cítara em loop, perfeitamente convencida de que o tempo havia parado. Por aí vai. Contando assim é engraçadinho, mas me falta a capacidade de passar de modo fidedigno a dimensão do estranho e do insano que permeou cada situação.

Há poucos dias as coisas franziram feio aqui em casa, numa situação-limite que há um mês atrás me poria virada para a parede, fazendo arabescos com meu próprio excremento e batendo a cabeça fazendo "mimimimimi". Que nada. Fiquei impressionada em como consegui manter a calma, e lembrei-me da mesma hora de um post antigo no qual você dizia possuir apenas dois estados: normal e puto. Naquele momento eu estava em modo "puto", dando-me conta que sim, era possível conter a represa lisérgica da minha mente com barreiras bem-definidas. Por enquanto eu só consigo definir três estados: o supracitado "puto", o "hiperativo" e o "aliviado". Creio que com o passar do tempo e um pouco de prática conseguirei colocar minhas barreiras em ordem.

O preço a pagar é a perda da capacidade de narrar o inenarrável, mas por enquanto está valendo a pena. Não creio que eu tenha experimentado o mundo com uma vivacidade especial: acho que sob uma luz fria e brutal seria uma expressão mais correta. Era como se o Sol fosse uma gigantesca lâmpada fluorescente, acentuando com sua luz dura cada espinha, mancha, calombo e ferida da cútis do mundo, examinada e cutucada diante do espelho do banheiro porco da rodoviária da minha mente. Agora as coisas estão mais quentes, menos Pi e mais Amélie Poulain. O Sol aquece o cérebro e silencia as crianças da noite (ah, mas que música elas faziam!).

Fica aqui a citação do sublime livro "Pilgrim at Tinker Creek", de Annie Dillard:

"'Still,' wrote Van Gogh in a letter,'a great deal of light falls on everything.' If we are blinded by darkness, we are also blinded by light. When too much light fals on everything, a special terror results."

Luz. Sol. Desde que assisti "Sunshine"("Alerta Solar",LOL) venho conversando frequentemente com meus botões a respeito da nossa estrela -- e sincronicamente me deparando com fragmentos de conversas de outros botões a respeito do mesmo tópico. O Sol é uma coisa assombrosa. Descaralhante em sua enormidade e insignificância, e como toda a mirabilia que nos cerca, nós raramente nos damos conta dele. Annie Dillard, no mesmo livro, diz que:

"(...) our local star without surcease explodes on our heads. We have really only that one light, one source for all power, and yet must we turn away from it by universal decree. Nobody here on the planet seems aware of this strange, powerful taboo, that we all walk about carefully averting our faces, this way and that, lest our eyes be blasted forever. Darkness appalls and light dazzles; the scrap of visible light that doesn't hurt my eyes hurts my brain. What I see sets me swaying. Size and distance and the suden swelling of meanings confuse me, bowl me over."

Não sei se vivemos em mundos diferentes ou se apenas assistimos o descortinar do mesmo mundo sob lâmpadas completamente diversas. Acho a segunda opção mais provável e mais bonita, além de menos solitária. 14 anos depois ainda me pego pensado na supernova de casualidades que nos uniu e no "como pode?" da coisa toda, mas hoje me limito a sorrir e a agradecer ao que quer que tenha orquestrado essa colisão de mestre. Questionar pra quê? Ponho INXS no Winamp e escuto Michael Hutchence:

I
I was standing
You were there
Two worlds collided
And they could never ever tear us apart

PAM PAM PAM PAM!!!!!!

Simbora, passarinho angustiado. Você com a sua asa de cera, eu com a minha, de braços dados rumo ao Sol, nossa ruína.


YARRR!

--Xochiquetzal.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

One-Winged Fuckin' Angels


Voa passarinho angustiado.

Eu queria dizer, em meu nome, e em nome de todas as estatísticas que freqüentam esse blog, que apreciamos o seu relato sobre o que existe do outro lado. Sério. Precisamos fazer isso mais vezes. Tipo, no seu próximo post.

Continuando nossa historinha de contrastes entre eu e você, queria dizer que as coisas que você descreve são realmente mind-bending, porém eu simplesmente passaria por elas com um “putaquipariu, preciso tomar uma cerva antes do dia terminar”. Normalmente resolve. Mas compreendo que para você seja um pouco mais complicado. Seu cérebro de “pessoa especial” deve funcionar como um amplificador dos detalhes esdrúxulos, tornando tudo mais vivo, colorido e insuportável. Já o meu, parece que bóia em uma câmara de privação de sentidos. Eu passo pela vida como se estivesse vendo televisão. Mesmo o que acontece à minha frente me parece muito distante, se assim eu o quiser.

É uma capacidade interessante essa, de considerar que o mundo em volta é apenas uma paródia ou versão mal-feita de um mundo real. É como se eu estivesse permanentemente preso no museu da Madame Tussaud. Faz-me pensar que realmente o mundo só existe na minha cabeça, e que se eu parar de acreditar nele tudo vai ruir. Pintinhos cor-de-rosa ameaçando minha sanidade? Bah, é só meu cérebro tentando deixar minha vida mais bizarra. Não existe nada de impressionante nisso; há muito tempo percebi que a humanidade pode ser divina e podre ao mesmo tempo. Nada que é humano me surpreende (mentira). Tudo que é humano me interessa (mentira também). Deixa isso pra lá e vai assistir a um filme que dá na mesma.

É lógico que às vezes eu te invejo, por você experimentar o mundo com toda essa vivacidade que me é opaca. Mas daí, já sabe né, eu olho pra fora, e aqui tá quentinho... Vai lá e me conta depois. Seja meu arauto, seja minha enviada e correspondente especial do mundo retalhado. Flane por essas planícies de sal, por essas ruínas de construções com ângulos impossíveis (Lovecraft :) ), por essas montanhas de resíduos humanos. Abra os olhos, veja bem, anote no caderninho, e depois volte para sua festa de boas-vindas.

Aliás, pensar nisso tudo me lembrou a filosofia barata de “Matrix”; considerando as nossas imensas diferenças de percepção do mundo, acho bastante provável que nós estejamos habitando/criando mundos literalmente separados e diferentes. Não sei exatamente onde fica a ponte de um para o outro, e acho admirável que eles tenham se chocado em algum momento.

Também é impressionante e improvável que tenhamos nos agarrado um ao outro, como forma de atravessar mais facilmente esse vale de lágrimas. Não que eu ache isso ruim ou queira desistir de nosso empreendimento e parceria, veja bem, só acho surpreendente.

No fim das contas, volto à imagem bicha e idílica de que somos anjos caídos. Anjos que se jogaram, melhor dizendo. E anjos de uma asa só, que precisam se agarrar uns aos outros pra tentar voar novamente pra algum lugar.

Atillah.

domingo, 30 de setembro de 2007

Post alcoolizado

Porque é manhã de domingo e eu nem me lembrava mais de que manhãs de domingo existiam.

Estou isolada do meu habitat.

Depois de uma noite de sábado.

Tendo que reler cada palavra de escrevo e consertar coisas múltiplas vezes.

Depois de ter lildo esse texto no http://www.theonion.com/content/opinion/im_in_an_open_relationship_with e ter achado MUITO engraçado, vou copiá-lo aqui e vou dormir. Talvez quendo eu acordar eu mude de idéía.

He he he =)

...levei 45 minutos pra escrever esse texto.

Putz.

--X.


I'm In An Open Relationship With The Lord

By Bonnie Nordstrum
Polytheist
September 26, 2007 | Issue 43•39

Open Relationship

With Jesus as my personal Savior, I felt like I had it all. But then we hit a rough patch, and before long, I was beginning to question both my faith in Him and His commitment to me. At one point, it seemed the relationship was doomed. But I did a lot of soul searching, and together we found a solution that fit both of our needs by adopting an alternative theological lifestyle.

Now that I'm in an open relationship with the Lord, I feel a greater spiritual satisfaction than I've ever known.

It all started when I was 16 and first asked Jesus to enter my heart. It was incredible. He filled me up with His love. I'd never been redeemed before, but with Jesus it felt so right, as if the sins of the world had been lifted off my shoulders. For a while there, we were communing via the sacraments several times a week! And every night we spent what seemed like hours in long, mutually satisfying sessions of prayer. I worshipped Him.

Soon the honeymoon period ended, however. Whenever I spoke to Him, He seemed distracted and distant—sometimes I wondered if He was listening at all. Daily devotionals felt like we were just going through the motions of repetitive, meaningless dogma. A few months later, I made a potentially disastrous discovery: I found out I wasn't the only one He was sanctifying.

One day, I overheard my coworker Sally talking on the phone about how much God had helped her through her recent divorce. She said she "saw the light" after just one night with Him. At first I kept thinking, "Is she talking about the same Savior?" The next Sunday, I followed her to an unfamiliar church on the edge of town and just sat in my car for a while in disbelief. I finally walked up to the front door, but before I could open it, I heard the unmistakable sounds of ecstatic praise coming from inside. There was no denying it. I'd caught Sally red-handed, making a joyful noise unto my own special Lord.

I was devastated. How could He do this to me? Here I had let Him into my soul in the most intimate way possible, and He had betrayed our personal bond by accepting the thanks and adulation of Sally, and God knows how many others as well. I was humiliated I ever let Him wash my soul in His blood in the first place.

But I began to realize that He wasn't the only one who needed more. Hadn't I been growing tired of reciting the same old liturgy week after week? So I steeled myself with a stiff drink of communion wine, opened up my Bible, and confronted Him. In His divinely inspired scriptures, I learned that I hadn't driven Him to seek out others. He just needed to redeem as many sinners as He could to fulfill His destiny as Messiah. It was part of who He was.

If He could forgive me all of my trespasses, shouldn't I do the same for Him? He saved my soul, and now it was up to me to save the relationship. I decided then and there to start experimenting outside the boundaries of traditional monotheistic worship.

To be honest, I'd been flirting with polytheism all along by accepting the doctrine of the Trinity and simultaneously worshipping the Father, Son, and Holy Ghost. If I could see all three of them as viable deities, why not others? I took it slow at first. I'd always been a strict Protestant, but I started practicing some Catholicism on the side. Before long, I was meditating on the Buddha. I felt serenity coursing through my body like never before!

The Lord my God is a jealous God, and He didn't like the idea at first. He made it very clear that I should take no God before Him—but he never mentioned anything about taking one after Him! And now that I've opened myself up to exciting new spiritual experiences, our bond is stronger than ever.

I've gone to Native American drum circles, New Age channeling workshops, and Shinto temples. I hung a mezuzah over my door, and last summer I made a pilgrimage to Mecca. I even spent a weekend in a no-holds-barred, worship free-for-all with two dozen Hindu gods!

See, we have an understanding: He can save any sinner He wants, and I can worship any deity I want. But we are still together. Some may think it's strange, but I'm no longer worried about other people's unenlightened moralizing. My spiritual life is better then ever! I love God—heck, I love all of them—and I am one deeply, deeply fulfilled woman.


terça-feira, 25 de setembro de 2007

Michael Stipe Gary Jules & Os Pintinhos Coloridos

Sacanagem.


Awwww.

Você ficou com saudades de mim. Os leitores não-tão-imaginários assim devem ter ficado com saudades de mim também.

Awwww.

Nunca consigo deixar de me surpreender com os efeitos de minha ausência na vida das pessoas -- não por falta de auto-estima, mas sim pela consciência da minha condição de fraude humana e criatura de existência quase que puramente conceitual. Sou no papel, e não no viver; meu status de "café-com-leite" no pique-pega da vida me dá vantagens, como a de resolver parar de jogar quando bem entender, e desvantagens, como a de jamais ser levada a sério. Acostumei-me a estar à margem do rio do mundo, uma sapa maníaca, anfíbia social. Quando minha ausência se faz sentir e eu percebo que não sou tão efêmera assim eu me comovo.

Awwww.

Mas ó, terça-parte de minh'alma e não-tão-imaginários-assim leitores: eu prometo que dessa vez eu voltei por um bom tempo. Melhor ainda (já que a minha palavra vale menos do que areia no deserto): uma série de comprimidinhos rosa-claros promete que dessa vez eu ancorei minha fragata, acompanhada por um grupo de comprimidinhos brancos que brada ao povo que fico. Se algum dia vocês despertarem sem o calor de meu corpo calipígio ao seu lado, com um pedaço de papel de pão com um smiley, um beijo de batom borrado e um "FUI!" no ímã da geladeira, culpem a Pfizer, a Libbs e a Roche. E não se desesperem, que como qualquer gata no cio eu
sempre volto. Coberta de parasitas mentais e prenhe de idéias insólitas, mas volto.

*esfrega-se nas pernas dos leitores*

*ronrona obscenamente ao ser afagada pelo companheiro de blog*

*vira a barriguinha pra cima*

Depois desse mea culpa felino, resta-me descrever algumas paisagens noturnas e cenários oníricos que observei durante meu desterro. Algumas o Atillah já conhece via MSN, outras não; espero que os leitores apreciem esse mosaico de impressões distorcidas que descortinarei diante deles.

EXHIBIT ONE: MICHAEL STIPE GARY JULES & THE RAINBOW CHICKS
Meio-dia de quarta-feira, sol escaldante, quatro quilos de livros na bolsa, saio do trabalho a caminho do restaurante vegetariano. A rua é das mais movimentadas da cidade, carros, fumaça, berros, ambulantes se apinhando nas calçadas exíguas onde duas pessoas não conseguem andar ombro a ombro. Confusão de ônibus, caminhões, monóxido de carbono, poeira de uma cidade assolada pela seca. Bailo pela calçada abrindo caminho entre idosos a 10m/h, grupos de crianças arrastando mochilas de rodinha e adolescentes bloqueando a passagem conversando em grupinhos. Suo. Uma mochila de rodinha do Homem-Aranha bate contra a minha canela e seguro o impulso de mandar o moleque que a impulsiona para a puta que o pariu (o que não seria muito longe, que que a senhora em questão saltitava sorridente ao lado do pimpolho, impedindo minha ultrapassagem). Fome.

A pressão baixa, paro em um pé-sujo chamado BAR SPARTA para tomar uma água e manter a calma. Todos os bebuns do bar olham pra mim. Um velho de olhos baços e cabelos bege colados ao crânio pelo sebo de dias sem banho senta-se no banquinho ao meu lado, confere minha bunda e me pede um cigarro. Quando digo que não fumo, me olha com ódio e diz:

"Você vai morrer amanhã, você vai ver."

Finjo que não escuto, pago pela água, coloco meu mp3 player num volume quase ultra-sônico para abafar o ruído do trânsito ao meu redor e Michael Stipe Gary Jules começa a cantar sua versão de "Mad World" do Tears for Fears, cortesia da trilha sonora de Donnie Darko:

All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Rising early for their daily races
Going nowhere, going nowhere
Their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad World
Mad world

Children waiting for the day they feel good
Happy Birthday, Happy Birthday
And I feel the way that every child should
Sit and listen, sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, no one knew me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me, look right through me
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad World
Mad World
Enlarging your world


BANG! A mola mestra da minha sanidade vai pra casa do caralho. A música narra o leprosário que me cerca, a voz beatífica de Stipe Jules toca cada corda das minhas emoções represadas. Sigo em frente chorando atrás dos óculos escuros, até ver a alguns metros de distância um grande grupo de crianças reunido ao redor de alguma coisa, bloqueando a calçada estreita como um coágulo entupindo uma artéria. Tiro os fones de ouvido e ouço piados desesperados, dezenas, incontáveis piados entre os risos esganiçados das crianças que se aglomeram com uma curiosidade macabra, os olhos gulosos mirando o chão. Chego perto e vejo quatro caixas baixas de papelão na calçada, e dentro delas um caleidoscópio de pintinhos tingidos de vermelho, roxo, verde, azul, laranja. Os pintinhos desesperados sobem uns por cima dos outros, na tentativa de se refugiarem em algum canto da caixa, fora do alcance das garras das crianças e das mãos horrendas do vendedor, que os segura com a delicadeza de um boxeur.

Congelo. Desvio o olhar para a rua em frente na tentativa de ignorar o fervilhar colorido dos bichinhos atormentados pela sede, pelo calor e pelas crianças medonhas -- só para me deparar com duas ou três manchas coloridas prensadas no asfalto, memorial da fuga heróica -- por malfadada -- de pintinhos desesperados.

"Why did the chicken cross the road?", penso e sorrio do horror de penas e carne no asfalto. Quero sair dali. Desesperadamente. Quero apertar o PAUSE do mundo e não consigo. Ao me desviar do coágulo de crianças vejo um cachorro de rua de um cinza sujo, sarnento porém gordo,deitado de lado contra o muro. Cachorros me acalmam. Li uma vez sobre a beleza do céu refletido nas pupilas de um cão, e desde então sempre busco a paz desse céu nos olhos dos cães que saúdo pela rua. Agacho-me para afagar o cão, que balança o rabo sem muito entusiasmo e sem se levantar. Então eu vejo.

Entre as pernas traseiras do cão, fazendo as vezes de seus testículos, jaz um saco de pele distendida do tamnaho de uma manga tommy. Um tumor enorme, cheio de veias. O bicho não consegue se levantar.

END TRANSMISSION.

E assim termina meu primeiro relato das paisagens imperfeitas de minha mente. Dependendo da reação do público, conto as que se seguiram, prevenindo-os que o fator estranheza só tende a aumentar.

Gostei da sua expressão "descaralhados de surpresa". "Descaralhado' é uma palavra muito expressiva, e expressou bem o nível de surpresa que quase me aniquila diariamente com as novidades incessantes da internet, juntamente com a apatia e indiferença da grande maioria dos beneficiados, who take it all for granted.

Como pode? A pergunta permanece.

Como podem as pessoas permanecerem grudadas em frente a TV aberta, discutindo quem matou quem e assistindo novela? Como pode? Como pode essa aceitação passiva das notícias regurgitadas pelos canais de TV, o estado de sítio cultural em que esse povo alienado está?

Há uma comunidade do Orkut que se chama "O Pior Cego é o qe Vê TV". Não tenho uma TV em casa há uns dez anos. Recuso-me a assistir a qualquer coisa em canal aberto, e ultimamente até as poucoas oportunidades que tenho de assistir a TV por assinatura me irritam. Nesse fim de semana fui obrigada a assistir DUAS HORAS de programação de domingo enquanto fazia hora para pegar meu ônibus de volta pra casa -- duas horas de Tom Cavalcante, Faustão, Gugu, R.R. Soares e Fernando Vanucci. Quase que os comprimidinhos não deram conta da ebulição interna que me acometeu. Após anos afastada da linguagem televisiva, considero imoral, ofensivo, degradante o modo como apresentadores, artistas e comerciais dirigem-se ao público. Não sabia se me revoltava contra a mídia ou contra o povo que permitia esse tipo de achaque.

Ainda não me recuperei da exposição à radiação televisiva. Eu meio que tinha esquecido de como as coisas são imbecis por default, ao abdicar de TV, rádio e jornal. My fragile eggshell of mind não estava preparada para tanta merda em escala tão absurda -- e isso em tempos da maior revolução cultural de que temos registro.

Partilho de sua esperança de que essa nova geração internet tenha algum poder. Mas de que geração estamos falando? Da que usa os recursos da rede para ampliar seus horizontes, ou da que cria fotolog, manda scraps pelo orkut do tipo "Clique no peixinho para descobrir as maravilhas do universo!" e usa o youtube pra assistir os compactos dos episódios anteriores de Malhação?

Be afraid, be very afraid.

Pelo menos vamos garantir um lugar seguro de onde admirar o circo pegando fogo. Vai ser realmente lindo ver um bando de morons com a faca e o queijo na mão morrendo de fome.

Panis et circensis!

--Xochiquetzal.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O novo Iluminismo asinino.


Mais informação = mais inutilidade

Fico feliz pelo seu retorno, sã e salva, da Terra do seu Cérebro Desmilinguido. Você e sua sanidade vão navegar por esses territórios não-cartografados, e depois você fica reclamando que foi foda. Eu falei que aqui tava melhor. Viu?

Cada vez que você vai, eu me sinto como mulher de bandido; você sai pra comprar um cigarro e nunca sei se você volta. Vão se foder você e a sua disposição para ficar me emasculando na frente de todo mundo. Só faltou eu fazer um post: “Volta pra mim, por favor”. Mas ainda não decaí a esse ponto.

Você nos deve. Você deve a mim e aos leitores que as estatísticas do Google Analytics dizem que já não são tão imaginários assim. O mínimo que você pode fazer em prova de boa-vontade e arrependimento, é nos entreter contando as histórias do que aconteceu lá. Você já viu aqueles filmes da época elizabetana, quando eram organizadas festas de arromba só para que os viajantes contassem para toda a corte como foi sua viagem? O que viu, o que os outros povos fazem, que tipos de animais existiam na terra longíqua? Então. Tá todo mundo reunido aqui. Espero que a história seja boa para justificar sua ausência.

Esmere-se no seu próximo post. Você nos DEVE.

Mas no seu último post você tocou em algo que também me intriga: como é possível que nós todos não estejamos estupefatos e descaralhados de surpresa o TEMPO TODO, ao ver a revolução de informação que acontece à nossa volta? Eu entro na internet e fico horas todo dia; e não me canso de ficar maravilhado com a quantidade de informação que tenho em mãos, com os recursos para manter relacionamentos com pessoas de quem eu não sei nem o nome e nem o rosto, com o acesso a livros, filmes e músicas que eu nunca poderia nem sonhar em conhecer, caso precisasse pagar por isso.

É absolutamente impressionante a facilidade de se aprender coisas com os recursos da rede, e mesmo assim, estamos cada vez mais estúpidos. Como pode?

Tem aquela desculpa, de que existe muita merda na internet, e que é difícil achar algo interessante no meio de tanta imbecilidade. Mas infelizmente esse desculpa não cola mais pra mim; cheguei em um ponto em que eu já sei como procurar as coisas que quero, driblando e evitando o material inútil. Já sei como descobrir bandas novas BOAS. Já sei como achar os lançamentos literários. Já sei como pegar filmes europeus e onde achar legendas em inglês. Já sei com quem falar e começar novas amizades. Já sei quem ignorar e como xingá-lo da forma mais engraçada e eficiente possível.

E, logicamente, não sou especial. Muitas pessoas também sabem fazer isso. É bastante provável que daqui a algumas décadas essa geração internet coloque-se de fato no poder. Eu espero que com todo esse cabedal de informações acumuladas, vindo de fontes mais cosmopolitas que quaisquer outras fontes que já tenham existido, eu espero que pelo menos essa geração seja mais tolerante com as diferenças. E que entenda que a informação deve ser livre, que cada um tem o direito de se expressar como achar melhor.

Quem sabe, com um pouco de esperança, possamos pensar em um novo Iluminismo. Dessa vez em nível mundial e com comunicação imediata entre os interessados, e não dependendo de uma Europa feudal, colonizadora e com laços de comunicação esfarrapados para fora de seus domínios.

Também acredito que esse Iluminismo será feito com base em um monte de pessoas estúpidas, paradoxalmente. Vai ser espetacular ver um monte de imbecis com tanta informação na mão. Como você falou: eu quero ver o circo pegar fogo.

Viva las internets!!

Atillah

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Do NOT feed the thoughts!


Ouch.


Após algumas semanas de licença-realidade, totalmente ausente do conforto desse blog, fica difícil começar um post. Escrever sobre o quê? Os detalhes da minha última visita ao Bedlam de minha mente? Comover os leitores com a dor da instabilidade mental, ou fazê-los rir com a hilaridade da mesma? A dúvida é tão atroz quanto o cursor piscando impaciente na tela em branco.

Acho que o que importa é que eu me safei de mais uma, mais sábia, menos espontânea, e com alguma sorte com alguns macetes na memória para a próxima vez que eu decidir jogar WAR contra mim mesma sigo própria. Objetivo: eliminar toda atividade social, alienar entes queridos, elaborar uma realidade paralela e mais dois territórios à sua escolha.

Relendo meus últimos posts -- e seu último post -- dá pra ver direitinho como a mania estava a se esgueirar pelo meu córtex com a graça de uma gata insana. Agradeço sua delicadeza ao lidar com meus ups and downs. Much obliged.

Mas então tá. Durante meu resguardo do existir, li outro livro do Ken Carey, "Return of the Bird Tribes", que elabora muitas idéias do Starseed Transmissions. Idéias antigas em nova roupagem, idéias novas disfarçadas de velhas, mas ainda assim idéias revolucionárias, propagando-se com uma velocidade cada vez maior, sendo notadas por uma quantidade crescente de pessoas num crescendo que, acredito eu, culminará no Nosso Ano Do Senhor de 2012 -- no qual, segundo o calendário maia da minha parede, algumas seitas messiânicas, conhecimento xamânico espalhado pelo globo, as vozes na minha cabeça e astrônomos underground, o mundo terá seu fim.

I'm the goddess of train-of-thought punctuation!!!!!! Devo estar lendo Saramago demais.

Chuva de sangue, meteoros gigantes em rota de colisão com a Terra, o despertar de Cthulhu, o armageddon atômico, a vinda do Messias, o Juízo Final (ou a falta do mesmo)? Não creio. Aguardo ansiosamente a chegada do ano de 2012 por dois motivos, a saber:

a) quero ver o circo pegar fogo;

b) Nas palavras de Michael Stipe, será "the end of the world AS WE KNOW IT -- and I feel fine".

A velocidade da Information Society na qual vivemos já é impossível de ser acompanhada. Somos bombardeados minuto a minuto com coisas dignas do realismo fantástico de Gabriel García Márquez, e ainda assim permanecemos passivos, aceitando a maravilha da revolução que se descortina diante de nossos olhos como quem aceita uma tigela de mingau de aveia Quaker. Indiferentes. Inconscientes da enormidade do que está acontecendo por soterrados sob escombros informacionais. Zumbis digitais. Vivemos na mais interessante época da qual temos registro, e ainda assim nos damos ao luxo de nos entediarmos. VAI TODO MUNDO PRA PUTA QUE PARIU! Abram os olhos! As mensagens são óbvias, gritantes, onipresentes -- e ainda assim bradamos aos céus que nos mandem "um sinal". Os sinais estão em toda parte, queridos vegetais: em letras de música, no cheiro da chuva, nos livros sagrados e profanos. Nem é preciso saber ler nas entrelinhas para saber para onde o vento está soprando. Basta PERCEBER.

Percepção. Consciência total do aqui e agora, da inexistência do passado e do futuro. BE HERE NOW. A quarta dimensão é a percepção, the awareness that precedes consciousness. Consciência de nós mesmos e de nossa conexão com tudo que existe de um modo jamais experienciado. Uma revolução mental.

O sertão vai virar mar, e o mar vai virar sertão -- dentro de nós mesmos.

Hmm. O espírito de Antônio Conselheiro foi meu encosto no último parágrafo --vou parar por aqui antes que comece a falar sobre a vinda d'El Rey Dom Sebastião e do Rei Arthur. Fiquei tanto tempo sem escrever que estou me empolgando ainda mais facilmente do que antes...

Mas 2012 está aí. Onde você vai estar quando 2012 chegar? 20 + 1 + 2 = The Number 23. Os mais céticos podem dizer que não vai acontecer porra nenhuma (e provavelmente a coisa acontecerá num nível tão sutil que terá toda a aparência de "porra nenhuma" aos céticos) e que eu vou ficar com cara de leoa que perdeu a gazela em janeiro de 2013... pode até ser. Mas pelo menos tive o prazer da chase.

Mas, voltando à realidade e respondendo a sua pergunta, não sei para onde nossas asas de cera nos levarão, meu Ícaro, meu Belerofonte. O que nos importa o destino? A jornada é o que conta, e andarilho que se preza não leva bagagem. Apegue-se aos seus pés, a olhos de ver e ouvidos de ouvir -- and hit the road, Jack.

Segura na minha mão, diz Xochiquetzal. Vai você, diz Atillah. Fique no seu quentinho, enquanto exploro the wild blue yonder.

Land Ho!

--Xochiquetzal.


terça-feira, 28 de agosto de 2007

Ícaro? Ih, caiu.


Caralho! Morri.

Ah, pequena necrófila impaciente. Aprenda a lidar com sua ansiedade e apreciar o silêncio de nosso pequeno blog, nos intervalos entre posts. Silence is golden. E se você apurar os ouvidos, como nossos adorados gatos, vai poder ouvir as pequenas e enferrujadas engrenagens de nossos célebros rangendo na distância que nos une. Vai escutar o estômago apertando com a idéia ácida, a bomba vermelha bombeando pequenos jorros de idéia tingidas de vermelho, nascidas do fervor intelectual dos grandes antes de nós.

Pequena postadora inveterada, plis, dê uma maneirada no tamanho de suas citações; você quebrou todos os limites de tamanho ideal de texto e de insanidade em uma citação. Eu me excito mas fico com medo, muito mais medo, em pensar de que canto obscuro e sórdido você vai extrair seu próximo butim e me apresentar orgulhosa: “olha o que eu achei e trouxe pra você”, como o gato que traz o passarinho morto na boca, em sinal de afeto.

Pequeno repositório de saber, objeto de meu gostar incontido, eu te perdôo. Porque mesmo em sua doença você consegue ser genial e apresentar coisas e idéias absolutamente interessantes.

Você chutou o balde com Starseed Transmissions. Preferia quando você citava a bíblia. Mas enfim, a mensagem extraterrestre é um belo apanhado das coisas óbvias que estamos nos dando ao trabalho de discutir ultimamente. Óbvias, começo a descobrir, porque estamos vendo elas se repetirem por todos os cantos agora. Até na boca de um lenhador. Até nos confins da galáxia. Será que era só uma questão de ajustar nossa freqüência? E se essas coisas são tão óbvias e essenciais, por que nos damos ao trabalho de ficar redescobrindo-as eternamente? Por que precisamos de forças externas iluminadas e em outra freqüência de onda, superiores, angelicais, emulando deuses, pra nos dizer essas mesmas coisas forever and ever?

Em que momento de nossa ínfima existência decidimos cobrir os olhos e passar o resto do tempo vendados, ignorando os valores essenciais? Love tolerance grace. Não somos anjos caídos, somos anjos que se jogaram.

E estas asas de cera que estamos fazendo pra nós dois agora? Até onde elas nos levarão? Por quanto tempo esses conceitos e idéias vão durar e nos dar sustento, até que comecem a derreter, pingar pelas pontas das idéias e palavras, primeiro uma pena, depois uma letra, frases se desmantelando, asas depenadas e todas minhas verdades caindo, escorrendo, mais pesadas que o ar. “Tudo que é Sólido desmancha no Ar” (não lembro de quem é o livro, mas o conceito é de Marx), o que não desmancha então? EU QUERO ME APEGAR, PORRA!!.

“Segure minha mão”, você vai dizer. Ah tá valeu. Primeiro arranje asas de verdade e depois conversamos ok?

E voar, voar pra onde? Voar pra quê? Se o lenhador encontrou deus na sua floresta, pra que sair daqui onde estou? Tá bom aqui. Tá quentinho. Eu dei uma espiada lá fora e, cara, tá foda.

Hoje vai você. Amanhã vou eu. Beleza?

Atillah

domingo, 26 de agosto de 2007

The Purpose of Life/Kurt Vonnegut

"Cosmic Christ"by Alex Grey

Do livro "Breakfast of Champions" de Kurt Vonnegut (gênio, profeta, iconoclasta):

"(...) There was a message written in pencil on the tiles by the roller towel. This was it:

WHAT IS THE PURPOSE OF LIFE?

Trout plundered his pockets for a pen or pencil. He had an answer to the question. But he had nothing to write with, not even a burnt match. So he left the question unanswered, but here is what he would have written, if he had found anything to write with:

To be
the eyes
and ears
and conscience
of the Creator of the Universe,
you fool.
(...)"

Sem mais para o momento, despeço-me na espera de um novo post,

--Xochiquetzal.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Ode ao Gato

ODE AO GATO

Pablo Neruda
tradução: Eliane Zagury


Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça vôo.
O gato,
só o gato apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.

O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.

Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa
só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para jogar as moedas da noite .

Oh pequeno imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.

Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
certamente não há
enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso
talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gato, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.

Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

O Palimpsesto de Terêncio


Ah, o sempre subestimado poder da palavra, conceito-criatura que sempre encontra um jeito de nos encontrar, cedo ou tarde, quer queiramos ou não, façamos o que fizermos para evitá-la. Palavras são como múmias de filmes de terror B. Por mais que corramos delas, um dia elas nos pegam de jeito, quando menos esperamos. Daí só nos resta gritar.

Toda a informação da qual precisamos está ao nosso dispor. Toda. Se não conseguimos encontrá-la agora, é porque nosso timing não está certo ou, mais frequentemente, porque simplesmente somos estúpidos demais para enxergarmos o que está diante de nossos narizes. O Inefável fala conosco o tempo todo; nós é que temos cera demais em nossos ouvidos espirituais para ouvi-lo. Um filme recomendado por um amigo, um livro que nos atrai como um ímã em um sebo ou livraria, uma frase dentro de um Biscoito da Sorte do China in Box, um maldito poster motivacional de curso de idiomas... et voilà! Inesperada como uma múmia num filme pornô e tão óbvia quanto, lá está a informação envolta em suas bandagens empoeiradas de signos, tropeçando inexoravelmente em nossa direção.

But I digress. Terence Trent D'Arby. Dele, só conhecia "Sign Your Name", "Holding On to You" e, claro, "Wishing Well", com seu vídeo emblemático da tenebrosa década de oitenta. Fiquei muito surpresa com a qualidade do texto do encarte de Vibrator, mas nem tanto com o conteúdo. Nosso amigo Terêncio repetiu para elaborar conceitos que já passeavam pela intelligentsia européia no século XIX. Além das óbvias obras de Allan Kardec (que, espírita ou não, todo mundo devia ler nem que fosse pra descobrir um modo de discordar coerentemente), há as de Teilhard de Chardin (http://en.wikipedia.org/wiki/Teilhard_de_chardin), que com seu "The Phenomenon of Man" desagradou fabulosamente a Igreja -- e elaborou o interessantíssimo conceito de "noosfera", uma esfera de existência composta pela rede de pensamentos para a qual estamos caminhando, já que nossa cognição afeta a biosfera que nos rodeia. Percepção é realidade, e Chardin previu o novo estágio da consciência humana -- uma consciência trans-humana fruto da interação entre todas as mentes, que culminará no Ponto Ômega -- o objetivo final da História. Interessante, e familiar.

Há também o mais recente -- e absurdamente sagaz --"The Starseed Transmissions" de Ken Carey, um lenhador inculto norte-americano que recebeu "transmissões neuro-biológicas de entidades espaciais" e teve a coragem de colocar no papel as mensagens recebidas. Sua (?) visão da existência, da realidade e do futuro da humanidade é no mínimo intrigante e no máximo lunática -- ergo, prato cheio para piratas bulímicos como nós. É imperdível. Como eu sou uma menina legal, já me adiantei e achei o e-book pra você:

http://www.scribd.com/doc/53133/Carey-The-Starseed-Transmissions

Leia. Leia. Leia. Como com "The Whitest Kids U Know" ( e o malfadado projeto "Little Miss Sunshine"), vou ser seu encosto cultural até que você adicione esse livro ao seu repertório existencial -- especialmente você, meu Huno querido, tão sensível às questões do Ser e do Relacionar. Um pequeno grande tira-gosto:

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Chapter 1 - SINGULARITY OF CONSCIOUSNESS

I come from the Presence where there is no time but the eternal now. I retain, even in the midst of this relationship, an awareness of this realm and of the Universal Being that inhabits it. I come with a message that will prove vital to you in these final days of your history. My individual identity comes into being only as I enter the context of my relationship with you. When I am no longer needed in this capacity, I will merge back into the Being behind all being. There I remain in unity and fulfillment until the next impulse comes to send me on another mission. In the interim, there is no distinction between me and the Source. I and others of my kind desire at this time to bring humans to this same level of awareness. I am a focus of collective human consciousness, but at this time you have little conception of what that means. You do not yet suspect what the singularity of collective human consciousness might be. You still draw identity from the present form of your expression. You feel defined and limited by flesh and bones. You are only beginning to comprehend your oneness with other forms of life. For me to tell you, with these limiting definitions you have of yourself, that I represent an element or a focus of your collective consciousness, would actually be less accurate than to say that I am extraterrestrial I meet the criteria of the latter term in that I do come from outside your planetary field of influence. I bring instructions to your race from the directive organ of Galactic Being. When you remember your true nature, and begin to draw identity from the totality of your being, then it could be stated with all validity that I am an element of your own consciousness. However, at that point, you will no longer perceive me as you do now. When you have awakened to the reality of your true being, you will perceive me and all my species as being inside yourself. Until then, you perceive me as being outside yourself. There is but the filmiest of screens between your present condition and your true nature. It is our mission to assist you in bridging this gap, to awaken you from sleep, to bring you to the fulfillment of your destiny.

The state of consciousness that I represent does not normally verbalize. It. is difficult for me to relate what I wish to convey only through the words and concepts with which you are familiar. Your language was designed to facilitate commerce. What we put together with its components can only approximate my meaning. There is another, more ancient language, more conductive to discourse on this level, but you have forgotten it. Its transfer of information is accomplished through the actual projection of living informational units. These units are at once more specific and more inclusive than your words. They have been designed to convey organic information of concise, yet, comprehensive, informational content. Simultaneously with this conceptual communication, you are subliminally receiving this same information through the living language of light, though your preoccupation with words leaves you with no awareness of it at this time. My work will be complete when I have put you in touch once again with this ancient language. When you have learned to allow the silencing of your thoughts and have begun to focus attention on inner vibrational frequencies, you will become aware of a far more comprehensive picture of all that I am now telling you. Until such time as the life-giving information that comes to you from the source of your being is more readily accessible, I will work within the limitations of your linguistic structure and translate as accurately as I am able. Human beings have a tendency to become imprisoned in their concepts. You must remember that words and concepts can be both fallible and misleading. They are not absolutes. Do not contuse them with the realities they represent. No statement that I will make can be taken as an absolute statement. this does not mean that I am coming from a vague place. On the contrary, it means that your words are not precise enough to express the levels of vibratory awareness that I am attempting to communicate through them. If we are able to get the totality of our message through to even a few individual cells of your collective body, these few should be able to translate this information into forms of cultural expression that will bring about your awakening far more effectively than our overt manipulations of the historical process. The message that is revealed in these pages is the key that will unlock your own latent informational input systems. We are here to put you in direct contact with the source of all information. Our mission is to bring a pre-Fall state of awareness to all human beings who are able to respond, however different they may be, whatever background their may have come from, using whatever conceptual structures seem appropriate. These individuals will then be instructed to translate this awareness into forms of informational exchange appropriate to their respective cultural situations. As this new awareness increasingly filters into everyday levels of human function, and as more and more individual human cells become aware of what is taking place, the change will accelerate exponentially. Eventually, the psychic pressure exerted by a critical mass of humanity will reach levels that are sufficient to tip the scales. At that moment, the rest of humanity will experience an instantaneous transformation of a proportion you cannot now conceive. At that time, the spell which was cast on your race thousands of years ago, when you plunged into the worlds of good and evil, will be shattered forever. Even now, with the healing influx of new information, the spell is beginning to lift. Even as I speak these words, the materializing force fields of bondage and limitation are beginning to lose their influence on consciousness. During this period of vibrational transformation each of you will have a variety of roles to play. Each of you will translate the Life-impulse into patterns appropriate to your environment, and express this impulse in your daily living. I am now blending my consciousness with the cells of your body in order to provide you with some or the more specific information net that I do occasionally relate, but I do this as little as possible. My primary function is to show you how to tap these systems or data retention for yourself. With guidance, you will learn to release your definitions of who you think you are, open your self up to the experience of a much greater reality than you presently believe possible, and return to a level of consciousness where you will be able to communicate with us, not through cumbersome words and concepts, but directly, through communion with all that is.

Do you want to know more about extraterrestrials? Do you want a definition of angels? We are you, yourself, in the distant past and distant future. We are you as you were, would have been and still are, had you not fallen from your original state of grace. We exist in a parallel universe of non-form, experiencing what you would have experienced had you not become associated with the materializing process. I act in this capacity as a midwife at your birth into form. I am an angel of destiny, a messenger from the stars, but I am also the reflection of your unity before and after matter. I am here to enter your consciousness, here to wake you up. Blending with you now in this communication that is also communion, I can sense a forthcoming period of union. I sense its strange and awesome realities. I feel like an explorer in some vast and uncharted land. Are you aware of the uniqueness of physical reality? I sense both pleasure and pain at my entry into your events. I sense pain at the potential I see wasted and it my own commission to verbalize. But I sense pleasure at what I am experiencing through your senses; for though your sensory channels are, in your exclusive dependence on them, your great limitation, they are also marvelous instruments of perception. They are truly your crowning virtue as well as your tragic flaw. This is the first time that I have had the opportunity to perceive reality in this manner. I have never seen the structure of time and space reduced to such intricate and beautiful patterns. I would look out of your eyes for a while and take in the colors and the room and the trees outside the window, and delight in the curious way you perceive light -- as illumination! I would love to explore your world in a playful and child-like fashion. I can better understand now how you are deceived -- such a deep realm of awesome forces, the material Plane! Yet you will not be able to continue here much longer if we don't get on with the business at hand. Much that I am now seeing will not survive many more years of human ignorance. It is important that we use this time to supply you with the information you need. It is important that we restore you, as the central control mechanism of this planet, to a proper state of function. Perhaps a day will come, after all has been set to right again, when we can spend some time together just enjoying the wonders of Creation. I would delight in an opportunity to travel about with you, seeing what you would show me out of your eyes, hearing what you hear with your ears, feeling the touch of Earth on that wonderful substance that is at once both Sun and stone. But now there is work to be done. We must forge the conceptual tools that will set you free.

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Food for thought. Ressoante. Acho que li o livro umas quatro vezes e nunca consegui evitar a sensação de alguém estar usando meu crânio como coqueteleira enquanto lia. Em um mundo de carbon copies, palimpsestos et nihil nove sub Sole, qualquer obra que consiga essa proeza vale a pena ser navegada, nem que seja pela ressaca do dia seguinte e pelo gosto de cabo de guarda chuva que jamais abandona os que se lançam nela.

Mas originalidade não é tudo. Nosso amigo alado do post anterior pode não ter dito nada de novo, mas seu grande mérito reside na beleza de sua prosa. Muitos artistas se perdem na angústia do "nada novo a dizer" sem lembrar que tudo já foi dito antes -- mas não do jeito DELES, e que este pode ser o único veículo a ressoar para um determinado grupo de pessoas.

Ressoar. Re-soar, soar novamente, repetir elaborando, adicionando, embelezando.

Hoje acordei orgulhosa de não passar de um plágio mal-feito de mim mesma.

Good vibes,

--X.

P.S. - Enquanto escrevia esse post tive que parar diversas vezes ao encontrar referências e pedaços de informação interessantes no caminho -- o que talvez sirva de justificativa para o aspecto Frankenstein do texto. Singrando os mares da World Wide Web acabei revisitando o conceito de Einstein de Spooky Action From a Distance -- que de longe é o título mais genial para uma teoria científica. A Física Quântica aproximando-se da teologia. Coisas que só existem quando observadas -- a ciência provando que a realidade depende de um observador. Percepção = Realidade. M.E.D.O.

Daí me veio a pergunta.... "Who watches the Watchmen?"