terça-feira, 17 de julho de 2007

Mas bom mesmo é ser inútil / Goodbye old red bike


A bicicleta vermelha  não é importante

O feliz e humorístico post contendo o excerto de “How High”, de fato me traz lembranças felizes à mente, e muito propositadamente levanta a questão: o que é importante na vida?

Eu decidi que importante na vida são as relações. O resto é besteira.

Não significa que o indivíduo, idiotamente, abra mão de ter uma bicicleta vermelha; ao contrário do que dizem taoístas e budistas, TER coisas é importante na vida. Ter papel (macio) pra limpar a bunda, ter um vídeo-game, ter dinheiro pra viajar, ter uma televisão grande e sistema de som decente pra assistir novela das oito. Besteira é achar que se vai conseguir abrir mão de todos os prazeres terrenos e viver apenas da luz do sol. O desejo é constituinte desde o nascimento. Abandoná-lo é também abandonar a parte mais humana que temos,

Porém, é idiota também ficar correndo atrás da sua bicicleta vermelha. Ela é só uma coisa pra te levar de um lado pro outro. Você que a transformou em um fetiche, em um objeto de desejo, em uma materialização bizarra e enfeitada de todas as outras coisas que você não tem na vida e acha que precisa.

Porque quando você investe um objeto de tanto amor e então você perde esse objeto, você fica desesperado. Coisas são só coisas. Deixa essa porra pra lá. Depois você compra outra.

Mas o que você não compra são relações. Relações significativas, quero dizer. Ter alguéns com quem conversar, comer, beber e olhar a vida passar. Relações em primeiro lugar. Ter coisas só é importante se for pra melhorar ou aumentar o número de relações.

Se você está deixando de ter relações pra trabalhar demais e comprar coisas, você está fazendo algo errado. Se você tem muitas coisas e poucas relações significativas, você está fazendo algo errado. Pare, respire, repense.

Eu não quero ser uma ostra angustiada e produtora de pérolas. Eu quero ser uma ostra inútil, consumidora dos recursos do mar e feliz. Enfia a pérola no rabo.

Atillah

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