quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Thelema

Quinze postagens só em agosto, mais que o dobro de julho e cinco vezes mais que junho. Bom saber que minha presença aqui deu um burst of energy no blog e no ânimo literário de vocês dois. Óóóun, eu sou auto-suficiente em massagem no ego.

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Acho que sempre tive problema com unicórnios, dentro da minha medida realista-pessimista possível. Se não eram unicórnios, era uma minhoca de um metro e meio que tricotava e era o ser mais boca-dura que já conheci. Fomos uma dupla inseparável até meus 8 ou 9 anos, quando fiquei velha demais para conversar com amigos imaginários. Fazer o que? O húmus da minha mente fértil era tanto que minhocas começaram a surgir por geração espontânea. Alucinação ou não, distingüir ilusão de realidade nunca foi um hobby meu, o que me torna uma esquizofrênica em potencial pessoa mais divertida. Podem até me qualificar de iludida, mas não vejo isso como um defeito absurdo. Antes iludida que... sei lá, corcunda, frígida, canibal, ignorante ou desbundada.

Cá entre nós, a vida real é muito chata. Por mais que os niilistas rejeitem ilusões e atenham-se à questões práticas e reais, a realidade continua chata.
Ainda assim, só temos 4 anos (rodeados por andróides que são meros computadores, mas se acham mais humanos só porque foram programados para isso =( ). Então, proponho um outro -ismo a vocês:



É a tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável.

Sounds familiar, right?
Não é questão de ser, ter, saber, receber, pensar ou refletir. É questão de sentir.

Conseguir que todos os homens se ponham a caminho, despertem da sua letargia, recusem os convencionalismos, pensem e se determinem por si mesmos, é uma tarefa importante que produz frutos generosos em termos de satisfação e gozo, a um custo económico exíguo, para não insistir num custo zero.
(Esperanza Guisán)

E isso não é uma desculpa prá defender a putaria total.
Putaria também, claro, se é assim que você vai obter prazer. Mas se ser virgem até os 40 anos vai te satisfazer, go for it. Ajudar crianças carentes? Go for it! O importante é ter aquela sensação boa que, sendo sensação, é efêmera. Afinal, depois que passar -veja bem como aquela discussão sobre nossas infâncias se encaixam aqui, X.- tudo que nos resta serão as lembranças, boas ou ruins. Nos resta, no agora que temos, decidir que sensação vamos nos lembrar amanhã de ter tido.



E culpa prá que? Que coisa mais condicionada, essa tal de culpa.
Se todas as partes se divertem e ninguém saiu ferido, não existem motivos para culpa, e eu sei que vocês possivelmente concordam comigo quanto a isso.
Se restringir só por que todo mundo diz que é errado? Bah. Isso é nóia do superego.
Acho que nós aqui não temos esse tipo de problema (exceções, olá!), mas consigo pensar numa lista infinita de pessoas que já me disseram "não acredito que você fez isso" durante uma conversa inocente. E olha que nunca fiz nada de absurdo.



Serve de consolo pensar que, por mais estranho que seja lá o que você quer fazer, com certeza algum romano já fez isso antes, em algum bacanal ritual religioso de adoração ao deus Baco, muitos e muitos anos antes de seu bisavô estar no saco do seu tataravô. E é claro que eu estou falando de prazer aplicado de uma forma geral em nossas vidas, mas é praticamente impossível desassociar, num nível mais profundo, prazer de sexo, que é uma das coisas-top-prazerosas, junto com comer, dormir, trepar, beber, rir e fumar. Logo, se eu fosse viver de hedonismo, seria uma lontra obesa promíscua e com enfisema pulmonar, fato que me lembra a existência da temperança acima do prazer. É o contraste das partes chatas da vida real que torna as partes boas melhores ainda. A dor é necessária prá que se valorize ainda mais o prazer. Dialogismos impertinentes, esses.

Considerando-se meu discurso meio Aleister Crowley, a constatação final sobre o importante contraste das partes chatas com as partes prazerosas da vida e o fato de que meu dia foi uma merda imensa, em verdade vos digo que



Na próxima encarnação, eu quero ser um gato =(

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Electric Sheep


Ei.

Vocês já assistiram Blade Runner?



Bom, na verdade isso não interessa. Sabem o que interessa? ANDRÓIDES. Em Blade Runner existe um grupo deles que basicamente são o pináculo da simulação humana. Tão perfeitos que, por cagaço, seus fabricantes acharam melhor programar os andróides para "morrer" em 4 anos. More human than human, como diria a música do White Zombie:

Yeah, I am the ripper man,
A locomotion mind,
Love american style -yeah
I am the nexus one,
I want more life,
Fucker I aint done - yeah


(CARALHO, acabei de descobrir que a música é baseada no filme.)

E quando os andróides descobrem que seu pequeno tempo de vida está chegando ao fim, eles têm uma reação muito humana mesmo: ficar puto pra caralho. Eu ficaria puto pra caralho.

Eu fico puto pra caralho.

Porque, sabe como é, nenhum de nós aqui sabe de verdade quanto tempo tem e tals. Aliás, quem me garante que eu não sou um andróide? Já ouvi de várias pessoas que me faltam muitas emoções humanas e que, basicamente, eu sou um filhadaputamotherfuckerinsensivel. Vai ver eu sou um andróide. Em Blade Runner, os andróides eram identificados pela resposta emocional diminuída. Caralho, eu sou um andróide que funciona a 23 graus centígrados. Se foder. Eu sou um andróide:

"I Want more life, fucker"

É isso que o andróide do filme diz quando encontra seu criador, que lhe deu uma vida tão curta por simples CAGAÇO. Cara, como eu queria que o unicórnio de vocês duas existisse, só pra apertar uma mão no pescoço dele e dizer ME DÁ MAIS TEMPO, SEU FILHO DA PUTA. Porra, eu tenho tanta coisa pra fazer aqui. Seu cagão, por que me fez assim? Você tem medo que eu me divirta tanto, que eu aprenda tanta coisa, que eu veja mais do que devo, que eu entenda o seu plano incompreensível, que eu acabe melhor e maior do que você?

Mas é claro, unicórnios não existem. Desculpa aí. Fico até triste por vocês, que gostam de acreditar em unicórnios e tals. Por mim tanto faz. Além de andróide eu sou niilista, vocês sabem.

E daí né, que o andróide-mor vai morrer no filme. E ele tá quase matando o Harrison Ford, que é o caçador de andróides. Só que o Harrison Ford quase vai pra fita, caindo do alto do prédio, e o andróide segura o Ford, puxa ele pra cima, solta ele no chão, senta e fala:

I've seen things you people wouldn't believe.
Attack ships on fire off the shoulder of Orion.
I watched C-beams glitter in the darkness at Tannhäuser Gate.
All those moments will be lost in time like tears in rain.
Time to die.


Um andróide que em quatro anos de vida viu mais coisas, experimentou mais, sentiu tudo mais intensamente, VIVEU mais que todos os ZUMBIS que ficaram na Terra, com suas vidas de 80, 90, 100 anos. Não é a metáfora perfeita da condição humana? Caralho, eu sou um andróide. E se eu tenho mesmo algum arrependimento, se alguma lágrima sobra pra rolar, ela vai se perder na chuva, e ninguém vai perceber. E minha única preocupação é viver um pouco mais do que quatro anos, pra que eu possa contar, e compartilhar, e viver novamente tudo que eu vi com outras pessoas que levarão esses momentos adiante. E eu carrego parte delas comigo também. E é isso que dá pra fazer de melhor em quatro anos. A única maneira de se tornar imortal é permanecer na lembraça dos outros, e fazer parte da vida delas até que os quatro anos delas terminem também. Nós TODOS só temos quatro anos. Talvez um pouco mais do que isso, mas no fim das contas, sempre vai ser pouco. Porque não é pra sempre.

Muitos de nós nem mesmo são humanos, que dirá andróides. A maioria é só um bando de ovelhas que se mistura no rebanho. Ovelhas funcionando à base de estímulos elétricos, sua televisão permanentemente ligada na tomada, o celular com a bateria que nunca termina, o rádio do carro ligado no engarrafamento. Impulsos elétricos que empurram a ovelha adiante. Ovelha elétrica:

Time to die.

Game over, pequena ovelha. Tem certeza de que os quatro anos foram bem-aproveitados?

Sometimes, i dream of electric sheep.

love grace tolerance

Atillah

Awesome



Orra, serião: vocês duas são foda pra caralho.

Deixa eu me recompor depois desses últimos posts pra escrever alguma coisa coerente. E, Bel, sem essa de "mimimi não consigo acompanhar a discussão de vocês", ok? Diga não à viadagem intelectual. A gente gosta de ouvir você.

love grace tolerance

Atillah

sábado, 23 de agosto de 2008

Bodas de Marfim (What if...)





A intimidade é uma merda.

No entanto, após quinze anos de love/hate com o Atillah, quando a maioria dos relacionamentos já se transformou em calcinhas beges, chinelo Rider e cerveja quente na laje aos domingos, continuo me surpreendendo com a quantidade de episódios de nossa vida que come full circle, iniciando mais uma espiral ascendente me nossa interação cósmica, up up and away rumo a esferas cada vez mais interessantes e insólitas. Descubro-me tentando distinguir onde termino e ele começa mais uma vez, e outra, e outra. Temos nossas inside jokes, nossas pequenas – e grandes – crueldades e temas recorrentes que nos acompanham nessas bodas de marfim. Um deles é o do niilismo, que zoei com catiguria algumas vezes, e voltou pra me dizer "I told you so" quando fomos apresentados em tempo real ao The Nihilist Manifesto. Tive que rever meus conceitos de modo quase trágico. A língua é o chicote da bunda:

Xochiquetzal diz: MUITO bom o texto
Xochiquetzal diz: o Manifesto
Xochiquetzal diz: reli umas três vezes. Muito pertinente. Painfully so. Não vou ao extremo de me rotular niilista (ou qualquer outro -ista além dos que já me foram imputados), mas ó: first quality food for thought
Xochiquetzal diz: deu até domestic dispute
Atillah - Nihilist Clown diz: é
Xochiquetzal diz: o patrão ficou puto comigo
Atillah - Nihilist Clown diz: foi foda
Atillah - Nihilist Clown diz: até as partes que ensaiam uma certa incoerência não são facilmente atacáveis
Atillah - Nihilist Clown diz: até porque, os supostos defeitos do texto, como arrogância, pretensão, etc, também são defeitos meus
Atillah - Nihilist Clown diz: ler aquilo ali foi como olhar no espelho, foi bizarro
Xochiquetzal diz: sim, até a agressão referente a negros, morons e tal, que doem de primeira, caem ao chão depois de uma análise mais distanciada
Xochiquetzal diz: sim, o texto é absurdamente arrogante
Xochiquetzal diz: me vi ali também, o que me incomodou muito, mas daí pensei "que se foda, porque é que eu não tenho o direito de ser arrogante quando todo mundo esfrega seu direito de ser estúpido na minha cara on a daily basis"?
Xochiquetzal diz: cansei de ser forçada a me sentir mal/culpada por ser do jeito que sou
Xochiquetzal diz: arrogante, pedante, preconceituosa... que se foda
Atillah - Nihilist Clown diz: isso foi genial, por favor cita no blog em algum momento

“We can live in our own mental worlds, perhaps, but the world outside of us keeps going, and our interaction with it is the only determination of success or failure; the rest is entirely cognitive dissonance.”

Meu unicórnio bateu asas e voou, e sua ausência me mostrou o quanto da inquietação na qual eu andava imersa há anos era pura angústia da separação: parte de mim pressentia a falência total de meus alicerces dissonantes de pensamento, mas recusava-se a largar o osso; era mais confortável, era mais exótico, era parte do meu mito de mim mesma. Eu, que me julgava esclarecida, recusava a admitir que nada sabia e sofria por saber que vivia uma farsa. Reconhecia que o unicórnio incomodava, mas insistia a arrastá-lo pelo cabresto; não podia deixá-lo ir. Sofria por saber que ele TINHA que ir. E ele foi.

E eu me senti... em paz.



“ (…) the intermediate problem is that living in such societies is, at the lowest and highest levels of our perception, disturbing. Not only is there illusion taken as reality, but it is an illusion created out of what ideas are popular and therefore (because most people are not wise) contra-wisdom and contra-realistic. In later civilization, we all serve the whims of popularity and the illusions of the crowd, awaiting that future day when the shit finally hits the fan and we are forced to acknowledge our reliance on illusion.”

Permaneço relutante em subscrever a qualquer –ismo, mas não me lembro da última vez em que um texto clarificou tanta coisa que já zanzava pela minha cabeça -- como meu desconforto em ter que adaptar minhas ações/reações ao mínimo denominador comum das pessoas ao meu redor. Não posso falar como penso, o que penso, quando penso, porque receio ofender os outros, já que me foi imposto que ser inteligente é ser marginal, é ser desagradável, dissonante, incômodo. Minha interação com o mundo é de um tatibitate ultrajante. Diminuo-me ao pensar duas vezes antes de usar palavras como “amálgama” em meu ambiente de trabalho para “não soar pretensiosa”; nego minha natureza e toda a busca no conhecimento que me é cara diariamente. No entanto, as pessoas não pensam duas vezes antes de puxar conversa comigo sobre o novo quadro do Zorra Total. Ninguém se envergonha de dizer “seje” ou repetir o último bordão da novela das oito. Ninguém leva a pecha de ignorante.

A errada sou eu.

Sinto um pouco de vergonha (ela, de novo) por ter levado tanto tempo para ligar o foda-se em níveis mais profundos de minha consciência (e ainda faltam muitos a explorar), por ter precisado do empurrão de meu Nihilist Bear para chegar a pensamento tão óbvio. Pode ser que no futuro eu venha a mudar de idéia, but there is but one moment, and it is now, and it is eternity. Besides, I'm pretty good at taking things back.


“To analyze reality is to see that it operates like thought; to analyze thought is to see that the world operates much as thoughts do, and therefore, that putting thoughts into flesh is the supreme form of thinking.”



Thinking,

--Xochiquetzal.










Wish You Were Here






My heart goes out to you, Bel. Quando eu vejo as pessoas que amo sofrendo por conta dessa ausência que já se transformou em minha segunda natureza, o heart-shaped hole da minha vida torna-se horrivelmente nítido. I overreact.


Seu post causou um curto-circuito no meu (superdesenvolvido e super-mal-direcionado) instinto maternal. Entrei em Mama Bear mode imediatamente; tive resistir aos impulsos de comprar a primeira passagem pra Goiás e passar dias com você no colo, fazendo mingau de Cremogema e brincando de Meu Querido Pônei para que o Lobo Mau não chegue jamais.

"Be good and you will be lonesome", disse Mark "The Man" Twain.

Mas então. Deixa eu parar de desejar que você estivesse aqui antes que eu entre em lactação.

Fiquei sem palavras ao ler a descrição da sua infância. Você conseguiu expressar vinte anos de perda em vinte linhas de estética Amélie Poulain, arrematadas com a amargura Allenesca da cachorrinha que morreu após o divórcio. A literata em mim foi arrebatada pela força da narrativa; a amiga foi esmagada pela mesma.

Nossas perdas foram muito diferentes. Você foi feliz e essa felicidade a transformou em alguém melhor; eu fui o oposto e ainda tenho medo de descobrir no que isso me transformou. The battles were different but the battlescars are the same.



We're sisters in arms.



We're Free of the Past

But The Future Wants to Eat Us



Swimming in a fish bowl,


--Xochiquetzal, Year After Year.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Best of you

has someone taken your faith?
it's real, the pain you feel
you trust, you must
confess
is someone getting the best, the best, the best, the best of you?


Por algum motivo ainda obscuro prá mim, possivelmente TPM eu coloquei essa música prá tocar e nesse verso me deu vontade de chorar. Após a partida de minha irmã para a Grande Metrópole, me restou apenas UM amigo verdadeiro e companheiro, cuja afeição e amor que dedico a ele equiparam-se com o que dedico à minha irmã (e olha que eu praticamente SANTIFICO minha irmã). Mas aí acharam que arrancar minha irmã de minha companhia não era o suficiente, e forçaram meu único cúmplice restante a se mudar prá outra cidade de Goiás, mês passado. Uma cidade LONGE, só prá constar.
Desde então, tenho me sentido muito sozinha.

Por mais emo que isso possa parecer, em minha defesa tenho a dizer que essas foram duas coisas que me entristeceram bastante. Eu tinha dois passarinhos na mão e agora os dois estão voando. Sei que a vida é assim, as pessoas têm que se mudar, minha irmã ia acabar se casando mesmo etc e tal, mas saber que isso ia acontecer não torna a solidão menor.

Depois desse prólogo melancólico, vamos aos finalmentes.

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Nossas trajetórias até a neo-pobreza foram bem diferentes. Talvez por isso mesmo que nossas conclusões sejam opostas.
Não nasci rica, tornamo-nos ricos depois de uns 9 anos juntando um dinheiro. Lembro que nos primórdios da minha vida eu morava numa rua sem asfalto, até comprarmos A CASA em outra cidade, que até hoje representa momentos de verdadeira felicidade prá mim, tal qual a vida no internato. A CASA era velha, torta e estranha, mas entrou meu pai com o dinheiro e minha mãe com o bom gosto. Reformamos do teto ao piso. Não era um palácio, mas era invejável. Lá, minha amiga, eu fui feliz... Era o verdadeiro sonho americano: jardim na frente, cheio de borboletas que eu brincava de caçar com minha irmã (prendíamos as mais coloridas num vidro de palmito, ficávamos decidindo quem tinha a mais bonita e depois soltávamos), dois pinheiros envergados fazendo um arco sobre a escada da entrada, que ficavam cobertos de luzes piscando no Natal, janelas e portas verdes, uma churrasqueira e um pomar no fundo e, dentro da casa, uma família sólida, beirando à perfeição e muito feliz. Pai trabalhador, mãe amorosa, duas meninas inteligentes, faceiras e que desde a infância se amam alucinadamente, e uma cachorrinha dachshund teckel que, ironicamente, morreu após o divórcio.



Adiós Nonino... que largo sin vos, será el camino.
Dolor, tristeza, la mesa y el pan
Y mi adiós, ay!, mi adiós, a tu amor, tu tabaco, tu vino.
¿Quién? Sin piedad, me robó la mitad, al llevarte, Nonino...

(peço licença poética ao Piazzolla, para que "Nonino" possa significar outra coisa para mim)

Até o divórcio, nunca tinha visto meus pais brigaram. Na verdade, as brigas nunca foram freqüentes até o dinheiro começar a faltar. Quando tínhamos dinheiro, meu pai mandou minha mãe calar a boca na frente "das meninas" e isso foi motivo prá ele mandar rosas prá minha mãe durante uma semana, como um pedido de desculpas. Quando não tínhamos verdinhas, mamãe ameaçou papai com uma faca e depois botou fogo no álbum de casamento deles (nessa época nefasta já havíamos colocado A CASA para alugar). Não é de se espantar que eu associe dinheiro à estabilidade, felicidade e amor... eu tenho um passado todo me dizendo que enquanto eu tinha dinheiro, eu tinha bases sólidas e era feliz.

Sua fase rica, querida X., aparentou ser uma maçã cheia de fungos dentro de uma redoma de cristal: lindo e perfeito por fora, podre por dentro. Bem coisa de filme roliúdiano mesmo, merecendo até um look closer do American Beauty.
(que fique bem claro que concluí isso única e exclusivamente pelo que você escreveu no seu post, não pretendendo julgar sua história ou algo do gênero)
Enquanto nós tivemos dinheiro, nós fomos felizes; se bem me lembro, a falência precedeu o divórcio. Posso até arriscar a dizer que a falência também causou o divórcio.
Eu admito crer que sou um ser humano exemplar (vai se foder, modéstia, sou mesmo!) porque tive uma base maravilhosa enquanto fui criança. Mas depois que os reveses foderam minha temperança e chuparam de canudinho the best of me, fiquei escorregadia, arisca, sarcástica, azeda.
O resultado? O resultado é essa colcha de retalhos da minha psique, sempre esperando o pior. Sou instável, fruto do meu meio.
Agora, se a instabilidade que tirou a minha pureza é emocional, e não financeira, eu já não sei.

No meu passado, dinheiro e felicidade andaram juntinhos de mãos dadas; tal qual a instabilidade financeira fez patota com os choros, com a mania estúpida de me cortar, com as brigas, o ódio, o alcool, a vontade de bater a cabeça na parede até sair sangue, prá ver se aquelas discussões assombrosas se faziam calar.
Como me disse o Atillah esses dias, somos escravos do passado. Isso não é uma coisa dantesca? Quero dizer, a gente sempre diz "quem vive de passado é museu". MEU OVO que é o museu. Nós vivemos do passado; melhor dizendo, somos fruto dele, um amontoado de casquinhas de experiências ruins e boas, que foi o que sobrou de tudo aquilo que nós já fomos e vimos.

Tudo passa, até uva passa.
Não, não passa. A dor, o sofrimento e a inconformidade passam, tal qual a alegria e a euforia. O passado não passa, ele fica criando musgo e bolor dentro de nós, se acumulando e se inchando cada vez mais. Podemos até tentar fugir do passado, num Kate-de-Lost lifestyle. Mas e o passado que a gente carrega nas cicatrizes em forma de traumas e aprendizagens e nostalgias?

Tem como apertar o reset?

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É lógico, eu tenho que terminar o post upando aqui o tango supracitado.

Adiós, Nonino


Uma das pérolas mais bonitas produzida por uma ostra triste. Rejubilai-vos, ó nações do mundo, pois apesar de tantos fardos ainda existem coisas belas para serem apreciadas. Um bom tango torna qualquer vida mais formosa.

xoxox

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P.S- Atillah, acabei de ver um rascunho seu zanzando pelo Blogger. Dá prá terminar essa coisa logo e postar?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Previously, on LOST:




Ladies and Gentlemen, Children of all ages! Come one, come all!

“No próximo post chocarei a todos com revelações de minha infância como filha-de-ricaço-que-perdeu-tudo-e-teve-que-catar-xepa-na-feira e as conclusões a respeito do lado mais confortável da cerca...”

Foi muito interessante saber que a Bel também é nouveau-pauvre e que, apesar da origem comum, chegamos a conclusões díspares.

Eu fui rica até os 12 anos, mais ou menos. Rica não, podre de rica. Meu pai era a definição do yuppie: três carros importados (em época pré-Gurgel)em garagens chiques pelo país, um plantel de cavalos mangalarga marchador distribuído por fazendas e haras desenhados para causar apoplexia em sem-terra, criação de Rottweilers, caixas de uísque, caixas de eletrônicos, caixas de dinheiro. Meus brinquedos eram quatro pôneis de verdade; meu cachorrinho de estimação era o campeão sul-americano da raça. Tudo bem que quando eu via meu pai ele estava invariavelmente bêbado e cercado de mulheres (ganhando o apelido – incompreensível pra mim na época – de Heleninha Roitman) – ele era rico. Tudo bem que a minha mãe era um destroço emocional cercado de Valium e NOVA por todos os lados – ela era rica. Tudo bem que eu tenha sido criada pela Teresa, minha mãe preta, enquanto meus irmãos se transformavam em pequenos hooligans de calça de Bali e sapato Nauru – éramos ricos. Ricos pra caralho. Todos queriam ser nossos amigos, até meu pai perder tudo, sermos despejados de nosso apartamento de frente pro mar, “convidados a nos retirar” do colégio católico onde estudamos a vida inteira e os credores ameaçarem matar a mim e aos meus irmãos

Anyway. Não me incomodei com a perda de status (mas confesso sentir falta dos meus pôneis), ou em sair de um colégio hipócrita, ou em ver o relacionamento doentio dos meus pais chegar ao fim. Foi uma libertação. A merda que eu pressentia desde que consegui balbuciar “dineilo” finalmente havia batido no ventilador, e eu tinha minha capa de chuva feita de cinismo 100% adolescente. Sobrevivi a mudanças para apartamentos de tamanho gradativamente menor, sobrevivi à falta de estudo (meu diploma de segundo grau, que tirei apenas para poder entrar na faculdade, é um glorioso Telecurso 2000), a falta de família. O resultado é essa colcha de retalhos da minha psique, sempre esperando o pior, incapaz de aproveitar as coisas boas da vida, eternamente em guarda contra a desgraça que espreita a cada esquina... sou instável, fruto do meu meio. Mas a instabilidade que tirou a minha pureza é emocional, e não financeira.

Ler a conversa da Bel com o pai da Bel foi instigante: achei legal, até mesmo porque jamais tive a oportunidade de conversar com o pai da Xochiquetzal sobre coisas desse tipo. Achei digna de nota a seguinte passagem:

Pai da Bel: Na verdade eu torço é para que vc faça as melhores escolhas e encontre a verdadeira felicidade....
Bel: eu preciso de ESTABILIDADE atualmente
Bel: felicidade depois


O que é a verdadeira felicidade? Ela existe? Não sei, só sei que ela está aí. É um conceito absolutamente subjetivo, tão fortemente condicionado pelo meio que mal nos damos conta do que verdadeiramente ansiamos. Recomendo aos questionadores de plantão o livro Felicidade: Uma História, que apesar do adesivinho cretino “Um dos autores do quadro ‘Novos Pensadores’ do Fantástico” na capa, é MUITO interessante e está me dando pano pra manga até hoje.

Para finalizar este capítulo de Lost, concluo meu flashback afirmando que o dinheiro, pelo menos para mim, nunca foi fonte de alegria ou estabilidade. Uma vida decente, in medias res, sim: dinheiro para comer, para ver os amigos, para viajar, para fazer o que se gosta, para não se entupir de Rivotril à noite pensando em como pagar o plano de saúde, sim. Dinheiro para luxo? Nada contra, mas no fim coisas são algemas. No auge da acumulação de bens você pode se descobrir um Houdini acorrentado embaixo d’água, lutando contra o tiquetaquear de seu coração, para perceber tarde demais que um filho da puta trocou os cadeados enquanto você não estava olhando.

Tic. Tac.

E no final, não há platéia.


Perdeu, preibói.

--Xochiquetzal.

P.S. - Filme: "The Prestige" ("O Grande Truque") de Christopher Nolan. Com Christian Bale (YAY!), Hugh Jackman, Michael Caine e Scarlett Johanssen. Pertinente em diversos níveis.

P.P.S. - Não posso esquecer de DAVID BOWIE no papel de NIKOLA TESLA. Mais badass, só com um batmóvel.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A "verdadeira felicidade"

Conseguimos uma "grande" vitória -- casa, carro, emprego -- e logo ansiamos pela próxima. Ter, ter ter -- corre, ratinho, que a vida é curta.

O engraçado é que eu sempre vi meu pai batalhando centavo por centavo, para nos dar uma boa vida (até quando ele ainda realmente me tratava como filha, claro) e, creio eu, para engrandecer um pouco sua vaidade. Eu me lembro de vê-lo contando todo pomposo para o irmão que tinha colocado as duas filhas num colégio interno do Paraná, cujo valor da mensalidade per capita daria prá sustentar facilmente uma família de 3 ou 4 pessoas.
Daí ontem, jogando conversa fora no MSN com o velho...

Marcos: É Bel, tem que ver direito se vc ainda quer mesmo fazer jornalismo..então vai ter conciliar: Trabalho, local que tenha faculdade e trabalho...e que seja do teu agrado.
bel: não, acho que jornalismo não é mais meu foco. cansei de correr atrás de sonho, agora quero dinheiro
bel: money moves the world, right?
Marcos: Bebelllllllll dinheiro não é tudo, hem???
bel: eu sei, mas atualmente é
Marcos: NÃOOOOOOOO BEBELLLLL, me preocupei tanto em ganhar dinheiro um tempo...ter o melhor carro que pudesse ter a casa mais bonita, camisa com jacarezinho.... (referência às camisas Lacoste, que era o que ele exclusivamente usava nos tempos de fartura) e outras coisitas....será que valeu a pena??? Não estou te dizendo que não é importante, mas não pode ser o MAIOR objetivo, entendeu?
bel: atualmente, é questão de conforto puro. e como nada cai do céu, vou ter que chutar algumas bundas prá recuperar o nível que a gente tinha
bel: o sonho fica prá depois
Marcos: Bebel!!!
Marcos: Tenho tanto pra te falar sobre estas coisas, mas não vai ser por aqui....e claro vc teria que ter disposição para ouvir, senão seria eu te encher a paciência de novo, mais uma vez, novamente...etc e tal. não quero falar parecendo que é sermão, se for possível, claro!! Na verdade eu torço é para que vc faça as melhores escolhas e encontre a verdadeira felicidade....
bel: eu preciso de ESTABILIDADE atualmente
bel: felicidade depois
Marcos: Então tá....
bel: vc sabe disso, oras. e vc tbm sabe que se eu falasse "pai, vou correr atrás do meu sonho", você ia falar "tem que se preocupar com o dinheiro"
Marcos: Claro Bebel...eu te disse que é importante, mas em tudo tem que haver equílibrio, se tiver que chutar alguém pra ter dinheiro, ou dinheiro a qualquer preço, ou se eu não tiver o carro X não serei feliz....é sobre este ponto que é necessário haver ponderação e avaliar o que é que realmente vale a pena.

É uma pena que não houve tempo para que ele me explicasse no que consiste a verdadeira felicidade. Termo forte, esse. Me fez pensar se, de fato, existe uma verdadeira felicidade. Existe?
Todas essas questões que você e o Atillah apontaram não deixam de ser tão abstratas quanto um Miró de cabeça prá baixo, mas o que não é? e isso me deixa PUTA DA CARA. Céus, existem umas coisas tão complicadas!

Abderramão III reinou 50 anos sobre a Península Ibérica e, segundo fontes confiáveis (wikipedia), ele "é considerado o maior e mais bem sucedido dos príncipes da dinastia omíada na Península Ibérica". Ainda assim, eis aqui a primeira citação que encontrei referente ao mocinho:

I have now reigned about 50 years in victory or peace, beloved by my subjects, dreaded by my enemies, and respected by my allies. Riches and honors, power and pleasure, have waited on my call, nor does any earthly blessing appear to have been wanting to my felicity. In this situation, I have diligently numbered the days of pure and genuine happiness which have fallen to my lot. They amount to fourteen.

Se prá ele é difícil assim, imagina para os meros mortais...
Enfim, eu não vou delongar essa discussão porque, apesar de ser um assunto que muito me interessa, é um tema que vocês dois já matutaram bastante sobre nos arquivos do blog. E como não tenho nada a acrescentar além de perguntas que possivelmente não possuem resposta, posso dizer que a felicidade HOJE consiste em chegar na faculdade, ver que não tem aula (YAAAY!), voltar prá casa e postar em um blog tomando ChocoLeco, enquanto esquento meus pés na minha bichon havanês peludinha e pensando que hoje será um bom dia. Não sei da verdadeira felicidade, mas essas coisas pequenas me deixam feliz.

E quanto ao valor construtivo e prazeroso que as pessoas e relações têm sobre nós, concordo plenamente com vocês dois. Só não sou tão boa assim com metáforas envolvendo empresas e ostras e bicicletas vermelhas.
Serve eu comparar pessoas a árvores carregadas de frutos? Que você pode se... nããão. Vou deixar as metáforas prá vocês dois, eu me sentiria bastante constrangida perto da engenhosidade de vocês.

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X., aguardo ansiosamente a sua epopéia de gata borralheira às avessas sem fada madrinha nem bibbidi-bobbidi-boo nem carruagem nem baile do príncipe nem irmãs malvadas com pés maiores que os seus. Puta merda... vida real, VOCÊ FEDE.

xoxox

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Pequenas Empresas, Grandes Negócios




BWAVO, GUYS! BWAVO!


Deus inventou a novela para que as mulheres não dominassem o mundo.

No dia em as calcinhas de derem conta da enormidade do poder que exercem sobre a imaginação masculina, o mundo será nosso. Chega das matérias do tipo "3457648 Maneiras de Enlouquecê-lo na Cama!" em cada edição de NOVA. Testemunhem o poder de duas meninas serelepes trocando travesseiradas de pijama de vaquinha em um blog obscuro, and be afraid, machos da espécie.

Be very afraid.

Atillah: fico feliz em ver que nosso modelo de negócios prospera apesar dos embargos econômicos ao nosso livre-comércio. Em uma economia de amores líquidos qualquer afirmação sentimental que dure por mais de uma volta ao redor do Sol merece realce. O jogo pode ser perigoso para os que assistem de fora, mas o risco pára aí -- para participantes cientes das regras, não há o que perder. Não acredito que investir em relacionamentos arrisque situações financeiras ou materiais -- como? A instabilidade não está no âmago de qualquer situação financeira? A noção de que podemos perder tudo não é o queijo pendurado diante de nossos focinhos para que corramos mais, com mais ímpeto e pressa, matendo a roda do status quo em movimento, enquanto somos cada vez menos? Conseguimos uma "grande" vitória -- casa, carro, emprego -- e logo ansiamos pela próxima. Ter, ter ter -- corre, ratinho, que a vida é curta.

O resultado pode ser vana espuma, mas o que não é? Quando ousamos parar e analisar a natureza de nossos empreendimentos percebemos -- quando sagazes o suficiente para isso -- que a busca por relacionamentos é o mais garantido de todos, from the cradle to the grave.O lucro é completamente subjetivo, claro...

...mas o que não é?

Quanto mais eu invisto nas pessoas, mais pessoas constelam a minha vida. É como criar coelhos, cara. Basta conseguir um bom par, alimentá-los atenciosamente e promover um ambiente adequado à natureza leporídea: eles se multiplicam em velocidade assustadora. É o milagre da vida.


With a little help from my friends

A Bel é o meu case in point. Good things come for those who wait, even when you aren't waiting for anything else.

Bel, concordo com você no tocante a ser uma completa idiota aos olhos dos porcos -- o que não é melhor ou pior do que nada, apenas diferente. O meu problema é que amo minha idiossincrasia e a dos que me orbitam. O dia em que eu deixar de desagradar será o dia em que entrarei em minha derradeira crise existencial. A linha entre inteligência e pretensão é verdadeiramente tênue e deliciosamente subjetiva. Vive la difference.

"Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros."
-- George Orwell, A Revolução dos Bichos

Be afraid, be very afraid.

Enjoying this immensely,

--Xochiquetzal.


P.S. -- No próximo post chocarei a todos com revelações de minha infância como filha-de-ricaço-que-perdeu-tudo-e-teve-que-catar-xepa-na-feira e as conclusões a respeito do lado mais confortável da cerca. Kudos to coicidence, Bel!


God is a bunneh.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Primeiro post (sóbria)!



Bom demais prá ficar de fora, né?

Eu sabia que mais cedo ou mais tarde nosso querido Atillah daria o ar de sua graça nessa nova fase do blog, e é com muita felicidade que seu post foi recebido do lado de cá (muito bom o post da bicicleta vermelha, concordo contigo em cada vírgula). Não, você não atrapalha. Eu e X. estamos nos entendendo muitíssimo bem, mas deixar você brincar de guerrinha de travesseiros com a gente não é nem de longe algo ruim desde que você também use um babydoll, é claro.
Obrigada pelas boas vindas e pela contribuição intelectual na nossa discussão. Suas colocações são sempre valiosas, desde que eu ainda era apenas leitora por aqui.

Aliás, vocês dois não fazem idéia do quão bom é estar aqui, espremida no meio de vocês. É praticamente uma orgia em que nossos cérebros fazem as vezes de órgãos genitais, e eu estou entregue: usem, abusem, lambam e mordam. Intelectualmente falando, é claaaro.


(é a última piadinha envolvendo threesome, i swear)

Bem, minha cara, acho que não chegamos em conclusão nenhuma sobre quem tem mais satisfação, os porcos ou os sócrates. Mas pelo menos cheguei a algumas conclusões muito boas. Por exemplo, concluí que somos bem diferentes dos porcos, o que não necessariamente é melhor ou pior. Eu tenho plena noção que, se os porcos tivessem olhar crítico e capacidade de argumentar, nos achariam duas idiotas. Quero dizer, o que essas duas vêem de tão excitante em trocar meras palavras via computador? Por que essas duas se acham tão especiais e inteligentes, tendo em vista que não fazem porra nenhuma pelo mundo? Por que elas se acham bonitas, for god's sake? Elas não chegam nem aos pés da Juliana Paes! O que elas têm contra as novelas da Globo, falando nisso? São sim histórias de amor, super criativas e originais, que não enobrecem mas dão papo prá puxar no ponto de ônibus. Vocês mesmo aí não disseram que o que importa é manter relações? Aí, ó.

Como eu disse, eles pensariam isso se tivessem olhar crítico. No more playing devil's advocate, porque nenhum deles pensa nada disso, e falo isso como também habitante do alto da mesma montanha você (montanha esta que se chama inteligência ou pretensão, depende muito de quem observa). Mas até onde isso nos traz felicidade, hein?

Atillah, you've touched a nerve. Aqui, já notei, muito se fala sobre o que é importante na vida, e grande é meu júblio ao ver que temos pontos de vista diferentes, porém similares. Já sabemos o que NÃO é importante, e isso é um grande passo. Sabemos que possuir e acumular bens NÃO é o mais importante, mas ainda assim almejamos -digo, EU almejo- um mustang com motorista, vodka absolut no café da manhã e grana prá torrar nas viagens à Europa. Não que prá mim esse seja o supra-sumo da vida, não. Dinheiro é papel, mas é um papel que mucho me gusta. Traumas da vida, sabe como é. A família era rica até o divórcio do papai e da mamãe, que acabaram se falindo mutuamente e agora tenho que sustentar a casa com um salariozinho de merda. A vida me deve isso; esse conforto e esse luxo, e se não paga por bem, vai pagar por mal. Eu já estive dos dois lados da cerca, e é bem óbvio em qual lado é mais gostoso de se estar.
... O que não exclui o fato de que, visando a satisfação e crescimento pessoal, o ponto de vista apresentado também é de extrema importância, mas jamais vai nortear a minha bússola.

Ainda assim, existem momentos gravados em minha mente que valem bem mais que meu peso em ouro. Ainda assim, existem coisas que eu não faria por dinheiro nenhum.
Ainda assim, me perguntem o que me daria mais prazer: receber de chofre uma bolada ou sentar uma madruga inteira tomando breja e queimando um com pessoas como vocês?
Morro de orgulho de ser um paradoxo com pernas, braços e seios.

Concluindo a conclusão que concluí sobre mim mesma, eu vou continuar chutando bundas pela minha fortuna, mas jamais vou sacrificar minha diversão em nome disso. No dia que eu fizer isso, favor imprimir esse post e esfregá-lo na minha cara. Pode até me chamar de "putinha capitalista" enquanto faz isso.




I choose life.

xxx,
Bel

CENTÉSIMO POST!





The internet is full of wonders.

domingo, 10 de agosto de 2008

No I in Threesome

Duas meninas sapecas como vocês pode ser demais pra mim. Mas é delicioso ficar observando as duas de baby-doll em cima da cama batendo com o travesseiro uma na outra; so, please:



Anyway, como um dos temas levantados recentemente me é bastante caro, senti-me impelido a voltar a digitar mal-traçadas linhas por aqui. Prometo que procurarei não interromper mais esse lance de vocês duas. Eu só ia atrapalhar, sabe como é.

Ladies, vocês novamente passaram pelo tema do que é importante na vida, e ao ler suas belas travesseiradas trocadas fui levado a reler aquele meu post onde eu ingenuamente indicava que a única coisa importante na minha vida era construir relações sólidas com pessoas que me parecem interessantes:

"Se você está deixando de ter relações pra trabalhar demais e comprar coisas, você está fazendo algo errado. Se você tem muitas coisas e poucas relações significativas, você está fazendo algo errado. Pare, respire, repense." (Julho de 2007)

E passou um ano desde estas ingênuas palavras digitadas. O tempo passa, as coisas mudam, e percebo agora, relendo o excerto, que estou mais ingênuo ainda do que há um ano atrás. Eu definitivamente ando vivendo com minha bússola apontada para encontrar novas pessoas e manter os laços estreitos com aquelas que já são importantes. Foda-se o resto. Meu norte magnético se fixou de forma definitiva num pequeno grupo de pessoas para as quais sou atraído de forma irresistível.

Percebo, inclusive, que tenho feito o movimento de modo perigoso: arriscando bens materiais, saúde financeira e minha própria fonte de renda, ao jogar obrigações profissionais para o alto para aproveitar todo o tempo possível com quem me é importante. Creio que o caminho não tem mais volta: o jogo é compensador demais e estou viciado em relacionamentos. It is a game, but not for the faint of heart.

O que se ganha nesse jogo é absolutamente impalpável, incontável, intocável; Uma vana espuma, talvez para constrastar com a natureza material daqueles bens que estão ficando em segundo plano. O que se ganha varia de pessoa pra pessoa, mas invariavelmente eu saio como uma pessoa melhor de cada um desses encontros. Um ganho totalmente imaterial mas que, paradoxalmente, parece que consigo acumular mais e mais.

Há uma semana atrás, por um erro de programação no playlist do ipod, fui agraciado com um sono de 4 horas ouvindo os seguintes versos em repeat:

Cause it's a bitter sweet symphony this life...
Trying to make ends meet, you're a slave to the money then you die.
I'll take you down the only road I've ever been down...
You know the one that takes you to the places where all the veins meet, yeah.

Richard Ashcroft é o cara. Ocasionalmente.

É inegável que a vida é cheia de merdas, mas eu quero acreditar que aindo sou EU quem decide o quanto minha vida vai ser bitter ou sweet. You are a slave to the money then you die: foi fácil declarar há um ano atrás - hora da metáfora - que o foco da empresa agora seria apenas nos relacionamentos, com metas de curtíssimo prazo e demissão sumária de qualquer um que não contribuísse para o crescimento do empreendimento. Arriscado fazer isso em um mundo capitalista que risca do mercado qualquer empresa que não esteja voltada para o lucro. Mas em verdade vos digo: depois de um ano avaliando resultados eu não vejo outra maneira possível de levar o negócio adiante.

Era só isso mesmo, garotas. Eu só queria dizer em qual estrada estou, e que vocês continuam sendo extremamente bem-vindas para fazer uma visita à empresa. Querida Xochiquetzal, obrigado por mais um ano compartilhando o modelo de negócios, trocando experiências e transformando essa nossa joint-venture em um case de sucesso para as outras empresas em declínio por aí.

Querida Bel, bem-vinda ao nosso delírio compartilhado. Que o threesome seja prazeroso para você também. There's no I in threesome, but there IS a ME.

Love grace tolerance

Atillah

sábado, 9 de agosto de 2008

Cansei de ser Samsa


Xochiquetzal, símbolo da luta contra a balança.


There and back again! Obrigada pelo "Eu te acho FODA PRÁ CARALHO". A recíproca é verdadeira, Bel. Quanto à (inexorável) erotização desse blog, não sei como conter meu entusiasmo por ter uma camarada de cromossomos XXX XX como contraponto literário pela primeira vez. É extremamente excitante -- em todas as acepções do termo -- após anos de auto-exílio na montanha dos gorilas, cercada de KY XY por todos os lados. Minha efusividade natural acaba falando mais alto. Sempre fui uma menina muito dada.

Não que eu negue a existência de vida inteligente do Lado Rosa da Força: simplesmente dei o azar de ter sido criada em um meio hostil à reflexão feminina, que diminuiu drasticamente minhas expectativas de comunhão intelectual com o mesmo sexo -- encouraçando-me ao mesmo tempo com camadas superpostas de quitina sabor cinismo. Mas cansei de ser Samsa. Cansei de brincar de GI Joe. Simbora brincar de casinha.

Continue à vontade para escrever under the influence, Bel. Só cuidado, pois a inevitável comicidade resultante pode vir de mãos dadas com um retumbante "OH SHIT!" no dia seguinte. Apesar de fiel seguidora do "se eu não lembro, eu não fiz" way of life, confesso que meus arroubos alterados renderam quantidade suficiente de OhShits para me fazer reconsiderar meu uso desenfreado de imagination enhancers inúmeras vezes, prometer sair dessa vida, planejar cuidadosamente uma nova existência como bastião da moral e dos bons costumes para no dia seguinte fazer tudo de novooh, shit.

Mas então. "Reality is a crutch for people who can't cope with drugs". Essa vontade louca de estar fora da realidade sempre norteou minha busca pelo auto-conhecimento. O fato de que eu não tenha chegado a conhecimento algum até o momento pode depor contra mim, but hey -- at least I've had one hell of a good time going nowhere. Para mim a busca de estados alterados de consciência está no cerne da minha verdade, a de que nossa percepção é falha, ilusória, tragicamente deturpada e que uma espiadinha além do véu de Maya não faz mal a ninguém (que não tenha tendências assassinas ou messiânicas, claro).

O segredo está na descoberta da aurea mediocritas no meio de tanto input do crioulo doido...

...que nos traz de volta ao tema tão caro do conhecimento, e da felicidade dos ignorantes que, em teoria, se frustram menos. Um filósofo aí (O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: IMAGINATION ENHANCERS CAUSAM PERDA GRADATIVA E IRREPARÁVEL DE MEMÓRIA) disse que é melhor ser um Sócrates infeliz do que um porco feliz. Concordo.

O problema é que muitos preferem ser porcos.

Uma cicuta on the rocks, por favor.

--Xochiquetzal.

P.S. - Finalmente alguém me explicou como fazer isso Obrigada, Bel.




sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Pleasure and Power

Sua empolgação erotizada nunca será demais, X. Sério, para mim é um prazer. Esqueça os leitores (oi, Atillah!) e finja que só nós duas habitamos aqui.
Com licença, mas vou jogar um pouco de confete:



Eu te acho FODA PRÁ CARALHO.

Então, be careful ao me dar mole (mesmo de brincadeira), viu? Eu tenho duas mãos e uma língua -com piercing, ainda por cima- e não tenho medo de utilizá-las ao mesmo tempo.
Olha aí o que cê faz, viu? Culpa sua.

Novidade: under the influence again. Sério, às vezes essa minha vontadelôca de estar fora da realidade me assusta. A realidade fede, os estados alterados de espírito me deixam muito, mas muito mais satisfeita em viver. Muito melhor que essa vida chata que existe fora da minha redoma de vidro regada a alcool and stuff.

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Engraçado você falar em "nós, americanos". Teoricamente, "americanos" são aqueles que vivem nas Américas, mas pergunte a um estadounidense "who are the real americans?" que ele nos excluirá do pacote master-plus, como se nós, brasileiros, vivessemos na... África, sei lá. Eu sei do seu matrimônio e tal, mas considere os americanos em geral, e não os sui generis. Aliás, eu adoro essas suas expressões em que eu preciso do Deus Google prá captar o sentido (tipo o "brâmane" do post da cachorra ferida), me sinto tão vaso-receptor de novas expressões... Sério, let me bask in you glow (adivinha quem me ensinou isso?)

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Oras, não acho o poder cruel. Eu quero o poder. Não que eu queira dominar o mundo, mas em raras ocasiões em que calho de me sentir the master of puppets (olha só, Metallica sendo citado sem dó em posts de meninas!), isso é bom. Deve ser melhor ainda em escalas mundiai... maiores.
Não é mais um parafuso insignificante? Mas que prentensão, amiga... e é alguém de nós mais que isso? Quero dizer, exploda a nós duas e mais todas as pessoas que já conhecemos um dia e vê se isso afeta lá grandes coisas em escalas cósmicas. SOMOS dois parafusos, infelizmente. Até menos que isso... bem, bem menos.
Descarte essa misantropia, mas aí nós voltamos ao jogo de sabedoria e poder. Se bem que são dois conceitos bem relativos. Enfim, divago.

Essas coisas que você diz que não tem -e que eu também não tenho... na verdade, a maioria não tem - como casa, carro, grana e bolsinha da louis vuitton, o dinheiro e o poder aí de cima podem te propiciar. são futilidades (ou "mimos", como eu chamaria) que nos deixariam muito felizes, mas que não caem do céu. Sacrifica a vida pela lavoura ou vira hippie nômade com boas histórias prá contar?
Tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac...


Eu sempre acabo pensando que feliz são os que pouco sabem, pois deles é o reino de deus porque se frustam menos. Esperteza pode não ser exatamente uma qualidade, já pensou nisso?

Não sei mais do que tô falando.

xxxx,
Bel

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

" -- Quem não lê se fode!"




Minhas intenções antes do seu post.

BEL!

Que prazer ler o seu post, under the influence ou não. Yay. Vou parar por aqui antes que minha empolgação erotize demais este blog.


Minhas intenções depois do seu post.

Então... welcome back! Não sabia que Idiocracy passava no Telecine. É um daqueles bons filmes que passam batido. Não é nenhuma pérola cinemática, mas a idéia do carinha "médio" que vai parar num futuro no qual a idiotice impera,o show mais popular da TV chama-se Ouch! My Balls! e o presidente é um mix de American Gladiator e American Idol (sabor redneck) é assustadoramente realista. Não é a toa que Idiocracy foi pouco notado. O filme foi praticamente direto pro DVD -- nós americanos não gostamos quando ousam nos dizer que o rei está nu. Nossa realeza tem que vestir roupas cintilantes, dançar feito James Brown drogado em um Holiday on Ice e aparecer em meio a muitas, MUITAS explosões. AMERICA: FUCK YEAH!

Qual livro do Orwell você está lendo? Ando revisitando "Brave New World" e "Island" de Aldous Huxley (além de "Heaven and Hell / The Doors of Perception", bíblias de minha cabecinha lisérgica), e me desvencilhando pouco a pouco da vergonha que sinto de minha sede satânica por conhecimento. Muito feliz a observação de que o conhecimento não é poder -- ele almeja o poder, até mesmo porque, segundo um carinha aí, tudo o que sabemos é que nada sabemos. Num post passado eu e o Atillah confabulamos sobre a natureza inatingível da busca pelo conhecimento, que só gera sofrimento e uma vaga noção do tamanho de nossa ignorância. Cruel. Todo poder é cruel.

Eu ainda consigo enfeitar meu trabalho de Sísifo, glamourizando-o e envolvendo a todos com minha aura de intelectual misteriosa. A busca pelo dinheiro já me é mais difícil de maquiar. Dinheiro todo mundo quer; pensar é passatempo exótico, ainda por cima quando se é mulher. Chique é ser inteligente, amiga!

Mas faz você muito bem em começar seus planos de dominação mundial pelo lado financeiro. Meus poucos meses administrando uma empresa e sendo chefe (do infeliz tipo que faz, e não apenas manda fazer) me mostraram que provavelmente terei um fim noir, vagando-pelos-boulevards-de-Paris-de-esmalte-vermelho-descascado-bebendo-vinho-barato-ouvindo-Edith-Piaf-morrendo-de-overdose-às-margens-do-Sena. Não nasci pra ser mais um parafuso insignificante na máquina do Estado (valeu Guimarães Rosa!), acumular capital e bens. Nada contra ter pilhas de dinheiro -- minha loucura não atingiu esse ponto -- mas não estou a fim de dedicar meus melhores anos acumulando capital para um futuro no qual eu não desfrutarei dele. Thoreau disse que o custo real de alguma coisa é a quantidade de VIDA que se está disposto a trocar pela mesma; pensando desse modo, a maioria das coisas é cara. Cara pra caralho.

O último parágrafo pode ter sido um minúsculo elogio ao ócio, but... take it with a grain of salt. A culpa por não ter feito algo de "significativo" com a minha vida ainda me corrói, e a fundo. Por mais livre-pensadora que eu queira ser, não consigo mandar 27 anos de condicionamento social para a casa do caralho tão facilmente como gostaria. Eu não tenho casa própria, não tenho carro, não tenho filho, não tenho roupa da moda, não tenho corpo escultural, não tenho férias, não tenho grana pra gastar comigo...

...pode ser que as uvas estejam verdes.

(They look pretty sour to me, at least from down here.)



Eat, drink and be merry, for tomorrow we die -- as intellectual pin-ups, darling.

Infelizmente nunca vi esse programa do João Gordo (não vejo TV, exceto em momentos de total boredom, quando coloco um bom-bril na antena para sintonizar o SBT no horário de "Pantanal", e assisto Juma Marruá no MUTE com um CD aleatório tocando ao fundo. Da última vez foi o fantástico "Tranquilo!" de Marcelinho da Lua. Nunca o Velho do Rio, a Muda e a fauna pantaneira fizeram tanto sentido.).Queria MUITO poder tê-lo visto berrando "QUEM NÃO LÊ SE FODE!"! Deve ter sido orgástico! Também espero que o potencial de podreira do Gordo tenha sido suficiente para tatuar esse berro em alto-relevo no cérebro liso dos que assistem a MTV. Salvem as crianças. Meu receio enquanto professora à beira de um ataque de nervos é de que os moleques que presenciaram o brado de João tenham saído da frente da TV e corrido pra trás de uma Capricho, uma CARAS, um "Segredo" da vida. Somos um país que, quando lê, tende a ler muito -- muito mal. Quem não lê se fode, ok. Mas.. e quem lê mal?

(Eu tenho um moletom de Hogwarts. E uma jersey de Quidditch.)

Comentários sobre reservas adiposas no próximo capítulo.

Sempre calipígia,

--Xochiquetzal. =)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Já cheguei em Goiás, e queria te escrever o quanto antes. I'm under the influence, you know, então talvez isso aqui não saia um dos melhores posts da sua vida.

Anyway, eu queria ressaltar algumas coisas do seu post anterior. Primeiramente, lembrei demais de você em São Paulo. uma noite eu chguei em casa e tava passando "Idiocracy" no Telecine Light. Impossível não lembrar de ti, e eu realmente de vez em quando me sinto aquele cara de 2005 que se enfia a 500 anos ahead prá ser preso e depois dominar o mundo.
Não adianta, você tem razão: knowledge IS power, e 'bora nós foder com os desprivilegiados, shall we? Sabe que eu tô lendo um livro muito bom do Orwell em que ele teoriza que, se as massas ("prole") tivessem lazer e segurança, e o poder fosse delegado a apenas uma minoria, em breve a maioria perceberia como é desnecessária haver apenas um grupo com poder. A sabedoria dissolve o poder concentrado, pois a sabedoria não É o poder, ela ALMEJA o poder.
Só que, ainda assim, decidi almejar o dinheiro. Dinheiro também é poder. Bah, não vale a pena discorrer sobre isso agora. São ossos do ofício, sabe quando a gente tem que optar pela diversão ou pela grana?

O que você acha que devo escolher, amiga?

.
Escrevi isso ontem de madrugada, mas tava tão cheia de rum na fuça que esqueci de postar.
De qualquer forma, hoje, sóbria ( :( ), quero continuar a matutar.
Outra coisa que me lembrou você em São Paulo foi assistir a um programa do João Gordo na MTV chamado "Fundão". Já viu? Eu gosto do João Gordo -shame on me, mas acho uma simpatia aquele pudim adiposo tão anarco-punk quanto nossas barbies de cabelo picotado e ruivos de mercurocromo- ele transmite um auto-deboche que me diverte muito. Só a MTV que é um lixo, mas estou fugindo do assunto.
Nesse "Fundão", ele pega aqueles jovens toscos e ignorantes cujo habitat geralmente é o fundo das salas de aula do 1° ou 2° colegial e libera todo seu sadismo em cima deles, esfregando em seus focinhos adolescentes como eles são notoriamente burros. Mais burros ainda por se submeterem a aquelas humilhações todas sabe-se lá porque (desconfio que para aparecer e ser popular no colégio. Ai, adolescentes...).
E eu fiquei fascinada ao ver nesse programa o Gordo puxando um coro que gritava uma frase que encheu meu coração de luz:
- QUEM NÃO LÊ SE FODE!

Espero profundamente que essa frase tenha sido gravada a ferro em brasa naqueles cérebros OCOS, e não apenas repetida como um mantra que não faz muito sentido. Enfim, é meio dolorido saber que não são apenas os adultos que fedem, mas temos uma miríade de jovens se dirigindo a esse mesmo caminho nefasto. Sad but true.
Deixemos as baleias de lado e salvemos as crianças, shall we?

.
E a dieta, tá fazendo mesmo? Sabe, eu já fui gorda prá caralho, e depois de muita luta -mas muita luta MESMO- agora ando felicíssima com meu corpinho curvilíneo pero muy exquisito. É sério, depois de perder algumas arrobas, eu bem compreendo as anoréxicas. É delicioso ver os ossos aparecendo, tanto que eu ando morrendo de tesão nas minhas saboneteiras agora salientes, no ossinho do quadril e nas costelas, que são contáveis só de eu levantar o braço. Estou começando a achar meus ossos uma coisa muito sexy, quase no mesmo patamar de colocar uma blusa decotada e ficar secando meus próprios peitos.
No pain, no gain.

O prazer de ver ossos aparecendo é imensamente maior que o de comer desesperadamente, apesar de que ainda não estou curada desse terrível mal de compulsões e vícios -sempre self-destructive- que me aflige, só os alvos é que mudam.
Como me sinto bem em saber que não sou a única louca do recinto!


Escreva logo, estou com saudades.