quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

No Woman No Cry







Eu choro. Muito.

Choro de dor física. Choro de dor espiritual. Choro as minhas dores e as dos outros. Choro quando vejo pessoas das quais gosto chorando -- chorar pra mim é uma coisa reflexa como bocejar. Basta que alguém comece e estou me debulhando em lágrimas sem saber direito por quê.

Mas vai que talvez eu saiba: quando eu era criança e abria o berreiro -- ou melhor, soluçava, porque choro em silêncio -- meu pai repetia o clássico "Pára com essa frescura AGORA antes que eu te dê um motivo pra chorar de verdade!", inelutavelmente acompanhado por um "Engole o choro! ENGOLE O CHORO!" que represou anos de lágrimas mal-choradas no meu peito. Basta uma gotinha de infelicidade, minha ou alheia, pra que meu dique de tristeza transborde, para o assombro de transeuntes -- e vergonha dos que me conhecem.

Chorar de dor é aceitável. Parei de ter vergonha disso faz tempo, mas ando às voltas com outra manifestação das minhas emoções reprimidas na infância que anda atrapalhando a minha vida: o choro convulsivo diante de qualquer estímulo emocional intenso. Ando chorando de raiva, de impaciência, de desespero, de revolta, de irritação. Ando com TPM, TpósM e TM. Ando um saco.

(Pra não dizer que sou a pessoa mais down do mundo, fiquem informados que também choro de amor, de apreciação artística, de gozo e de riso. Menos frequentemente do que pelos motivos citados no último parágrafo, mas pelo menos isso me dá esperança.)

Suspeito que essa confissão lacrimosa tenha sido fruto da magnífica crise de choro cinematográfico de ontem à noite -- deflagrada não por A Cor Púrpura, A Lista de Schindler ou mesmo pela morte da mãe de Littlefoot em Em Busca do Vale Encantado: Chorei convulsivamente após assistir...


...Marley & Eu.

(minuto de silêncio)

Chorando se foi,

--Xochiquetzal, Soluçando Baixinho de Vergonha.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Tatus on horizon

Vejo uma miríade de tatus. Andando. Migrando rumo à Meca.



(acima: tudo tatu andando)

Vejo uma espiral de perguntas descendo descarga abaixo.
*acena*
Tchaaaau, filhas da puta :)

Querida X., definitivamente, nós devemos tomar mais daquele "licorzinho delícia" de Goiás juntas (daquele que eu levei aí pra toca do coelho)... seu post e o meu comprovam isso. Meu estado agora é justamente o estado de assistir stand-up comedy complicada contigo e com todos os outros gatos que habitam aí.

Too drunk to post,
Bel

Every Album Ever (Except for the Good Ones)




Just a random LOL.



Tá, tá: estou cansada de saber que lidero o Movimento de Vanguarda Primitiva, me empolgando pra CARALEO com coisas que todo mundo já está cansado de conhecer. Mas eu não desisto, amigos: sempre, SEMPRE haverá pessoas mais desatualizadas que eu, e uma de minhas missões da Terra é trazer essas criaturas mais infelizes que eu para a luz.

Ontem mesmo fiquei embasbacada com a pertinência (palavra do ano, essa) de um artigo do Cracked sobre as 5 coisas que deveriam nos fazer felizes mas não o fazem. Foi simplesmente um dos melhores textos que eu já li na VIDA -- e claro que eu fui divulgá-lo no meu círculo de leitores, para receber uma série de "pfff já li".

(Se você lê inglês e não sabe de que texto estou falando, faça-se um favor e clique AQUI.)

Mas então. Botando quase três meses de leitura do Cracked.com em dia, me deparei com isso. Meus ossos musicais chacoalharam de rir:




Depois me perguntam o porquê do meu anacronismo musical. Humpf.

Curtindo Rihanna e Beyoncé do colega ao lado,

--Xochiquetzal

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ensaio Sobre a Cegueira





(escrito sob a influência do tatu, baseado em tantos textos legais escritos sob as mesmas condições idiossincráticas de temperatura e pressão produzidos pela Bel)

Dia desses tava usando o laptop e uma colega veio espiar por sobre o meu ombro. Assombrada com o tamanho das fontes que eu uso, deu uma de Chapeuzinho: "Mas Xochiquetzal, por que essas fontes tão grandes?"

"É para melhor enxergar, PORRA!", uivei loba má, sem saco pra responder perguntas óbvias.

Eu não enxergo bem desde a quinta série, apesar de desconfiar que minha miopia venha de muito mais cedo. Após a grosseria lupina fiquei pensando no fato de eu não conseguir enxergar as coisas PONTOFINAL, de ser física e espiritualmente míope. Até nisso eu consigo ser ambivalente. Salva de uma palma pra mim.

*CLAP*

Ser míope é um absurdo. Ter o sentido fundamental para a conceituação do mundo tão bisonhamente deficiente me revolta. Claro que poderia ser pior -- SEMPRE pode-se ser pior -- mas não me conformo. Mundo injusto, injusto! Depender de óculos (ou, no meu caso, lentes de contato) já é uma BOSTA aqui no plano físico, mas quando se depende de óculos metafísicos para apreender um pouco do que chamamos vida a coisa fica pior ainda (viu? Eu avisei): eu sou uma toupeira filosófica, uma Senhora Magoo da auto-percepção. Incapaz de ver o óbvio ululante das coisas.

Vai que daí nasceu minha incomensurável habilidade para viver num mundo só meu: a impossibilidade de distinguir os contornos do real me empurrou para os traços definidos da minha imaginação, onde posso caminhar sem medo de me estabacar a cada buraco do terreno ou pegar o bonde errado por incapacidade de ler o letreiro. Na minha cabeça as coisas não estão borradas, tremidas ou embaçadas; confusas, com certeza, mas nitidamente confusas.

Já me disseram que eu ando pelas ruas com uma expressão entre compenetrada e dolorosa no rosto. Já me disseram que pareço um personagem de anime com esses olhos enormes que a terra há de comer. Mal sabem eles que esse misto de esquisitice e charme não passa da manifestação de uma deficiência física, e que mesmo do disfarce das minhas lentes de contato miro o mundo com um olhar eternamente apertado, concentrado, desconfiado. Nunca sei se o que estou vendo é mesmo o que estou vendo, em todos os sentidos. Querendo ou não, estou sempre me esforçando para enxergar o que está acontecendo, franzindo o cenho para o céu, sobrancelhas unidas numa expressão tristemente séria. Tristemente míope.

Tatu andou e eu fui atrás dele, deixando minha psicologia torta de lado para enveredar pela história convoluta: como deveria ser míope antes do advento das lentes, óculos e muletas visuais afins? Como se viravam os ceguetas harcore nas nossas priscas eras de caçadores-coletores? A pergunta que não quer calar: como é que um gene desabonador como o da miopia não foi exterminado antes da sedentarização da espécie?

QUE PROPÓSITO SERVIMOS, SENHOR????????

Desejei ardentemente ter o Google para me iluminar no momento, mas estou sozinha em casa num domingo airoso de semisol, ao som de Old Crow Medicine Show e The Wallflowers. Na verdade, acabo de me dar conta que poderia estar escrevendo isso diretamente no laptop que está aberto na minha frente, em vez de num bloquinho ridículo de anotações. Putaquepariu. !Arriba, armadillos, arriba!

Vou passar as seis folhas de bloquinho a limpo no computador e volto logo.

*5 minutos depois*

Esqueçam. Digitar, no momento, é mais complexo que tocar harpa com os dedos do pé. Aham.

(Como diabos a Bel consegue escrever seus textos completamente ébria permanece um mistério pra mim.)

Looking at the world from the bottom of a well,


--Xochiquetzal.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Is This Real Life?




No, David... this is nitrous oxide!



LOLling on the internetz,

--Xochiquetzal, Wishing She Could Go to the Dentist in the USA.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Na Natureza Selvagem






Não sei em que percalços da minha adolescência estava quando li "Na Natureza Selvagem" de John Krakauer, livro-reportagem que conta a história belamente trágica de Christopher McCandless, rapaz americano que, após se formar cum laude em uma universidade de prestígio deixa tudo pra trás e desaparece -- para reaparecer meses depois, morto de fome, num ônibus abandonado no meio de uma floresta do Alasca. Christopher partiu em uma malfadada busca pela "vida de verdade", percorrendo os Estados Unidos de dedão em riste, na iluminação dos bosques de Henry David Thoreau e Jack London.

Só lembro de ter chorado muito -- chorado por McCandless, chorado pela sociedade que ele repudiou e, acima de tudo, chorado por mim mesma, que sentia exatamente a mesma coisa, nos mesmos, exatos termos. O mesmo ódio, o mesmo desespero de animal enjaulado, a mesma ânsia de deixar tudo pra trás e viver enquanto há tempo. Eu não devia ter mais de 16 anos, mas lembro-me claramente das páginas e páginas de diário que escrevi sobre "Na Natureza Selvagem" -- páginas de flagelação por não possuir a coragem ingênua de McCandless e consentir ao jugo esquizofrênico da sociedade. Eu sempre quis fugir. Quando era pequena e os ciganos passavam pela cidadezinha onde meus avós moravam, eu perambulava perto de seu acampamento na esperança de ser roubada por eles.

Os ciganos não me quiseram. Por um tempo alimentei sonhos de entrar prum circo -- frustrados pela minha total inépcia física. Finalmente consegui uma fuga fajuta para Minas Gerais, longe das pessoas e das ruas que conhecia. Senti o prazer de viver incógnita por algum tempo, o prazer de criar um alter-ego, Xochiquetzal Supertramp -- mas a sociedade é a sociedade, não importa onde você se esconda. No matter where you go -- there you are. And there I was, ainda andando de um lado pra outro na jaula, quando "Na Natureza Selvagem" entrou na minha vida via InefávelMail. Devorei o livro. Quis fugir de novo. Mas a essa altura dos acontecimentos eu já estava com o pescoço na canga familiar-financeiro-acadêmica.

Faltou-me a coragem.

Devolvi o livro ao Inefável e fui empurrar a roda como todos os outros bois -- com a cabeça um pouco mais erguida, os chifres um pouco mais vistosos, mas um boi na canga como qualquer outro. Cigana, sim; equilibrista existencial, sim; fugitiva, NÃO.

E o fantasma macilento de Christopher McCandless continuou a assombrar meus sonhos.

Fiquei chocada quando soube que Sean Penn havia comprado os direitos cinematográficos do livro e o estava transformando em filme -- e infinitamente mais chocada quando, tempos depois, aluguei o DVD e tomei o mesmo soco na alma. O filme, irmãos de blog, é uma obra prima.




Chorei de novo, um choro mais velho e por isso mesmo mais amargo. A trilha sonora primorosa de Eddie Vedder embalou meus sonhos, enquanto McCandless sorria pra mim de sua última foto tirada em frente ao ônibus impossível.








Thoughts bleeding,

--Xochiquetzal Supertramp.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ain't Talkin' -- Just Walkin'






Good news, everyone: A VIDA DÓI. SEMPRE.

Geralmente dói um pouquinho, como uma noite dormida em posição esquisita ou uma lente de contato vencida.

Às vezes dói bastante, tipo um dente cariado após a Páscoa ou uma infecção de ouvido.

Muitas vezes dói PACARALEO: o parto de um bebê excepcionalmente cabeçudo, a expulsão natural de uma pedra no rim do tamanho de um grão-de-bico, uma amputação de perna de filme de faroeste.

Vocês sabem que eu sou simpática aos seus queixumes, irmãos de blog. Dor é comigo mesma, mas se tem uma coisa que eu estou aprendendo com as minhas dores é:

TOMA UM TRAGO DE WHISKEY, MORDE UM PEDAÇO DE PAU E AGUENTA -- VAI PASSAR.

Claro que não preciso dizer que uma dor passa para ceder o assento a outra, geralmente mais intensa. Se vocês ficarem pirando muito nas dores do existir, vocês acabarão... pirando. Lendo o último post da Bel e após conversar brevemente com o Atillah no MSN fiquei feliz em constatar que vocês se encontram no suave intervalo entre uma dor e outra que chamamos de contentamento -- contento-me junto com vocês. Eu estou dolorida aqui, trabalhando PACARALEO no meu novo emprego que promete, além de remuneração ok, um laptop de lambuja e acesso supersônico à net (no horário de trabalho). FINALMENTE voltarei a lecionar de verdade, mas a quantidade de tarefas que vêm associadas a isso me assusta um pouco, após um ano de pura vagabundagem digital. Estou enferrujada, acostumada à depressão do não fazer porra nenhuma...

... mas isso não passa de dor, e dor a gente tira de letra. Ninguém morre de dor, morre? Nada que um pouco de whiskey, quatro homens fortes me imobilizando (heh), palavrões urrados e um pedaço de madeira entre os dentes não dê conta.

(Isso me lembra o "Autopsicografia" do Pessoa, que apesar de enjoado de tão popular não deixa de ser altamente pertinente para momentos hiperálgicos)


AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Ai ai. Complicado escrever sobre dor no intervalo do café, complicado fingir que é dor a dor que deveras sinto, complicado, tá tudo complicado [/funk]. Complicamos a vida sem a menor necessidade -- efeito colateral de se pensar demais, acho.

Enquanto continuo nessa vida dolorosa de poeta, volto ao trabalho e deixo com vocês um parágrafo copiado ipsis litteris de um caderno que eu tinha à mão, registrando os pensamentos que me ocorriam durante minha última descida ao Averno do Grande Tatu:

"The people who shine in this world are the people who are doing what they are here for, or at least trying. People who have found their way in this world -- a way that is a VERB, not a NOUN. Actions, not words; these people are walking the right road for them, following their path to the best of their ability. The closer you come to your road and the less you diverge from it, the more you shine -- the closer you are coming to perfection. You are going to feel pain until you follow your path perfectly, not swaying to the right or to the left. There is no GOAL -- there is only the job of walking down your road, mostly alone and, if you're lucky, with a couple friends by your side."

No momento isso me pareceu de uma profundidade ímpar. Passando minhas garatujas a limpo aqui no blog tá me parecendo um trecho do Augusto Cury. Que se foda: I keep walking.




And, for the first time in 2009, let Dylan do the talkin' (or not):



As I walked out tonight in the mystic garden
The wounded flowers were dangling from the vine
I was passing by yon cool crystal fountain
Someone hit me from behind

Ain't talkin', just walkin'
Through this weary world of woe
Heart burnin', still yearnin'
No one on earth would ever know

They say prayer has the power to heal
So pray for me, mother
In the human heart an evil spirit can dwell
I am a-tryin' to love my neighbor and do good unto others
But oh, mother, things ain't going well

Ain't talkin', just walkin'
I'll burn that bridge before you can cross
Heart burnin', still yearnin'
There'll be no mercy for you once you've lost

Now I'm all worn down by weeping
My eyes are filled with tears, my lips are dry
If I catch my opponents ever sleeping
I'll just slaughter 'em where they lie

Ain't talkin', just walkin'
Through the world mysterious and vague
Heart burnin', still yearnin'
Walkin' through the cities of the plague.

Well, the whole world is filled with speculation
The whole wide world which people say is round
They will tear your mind away from contemplation
They will jump on your misfortune when you're down

Ain't talkin', just walkin'
Eatin' hog eyed grease in a hog eyed town.
Heart burnin', still yearnin'
Some day you'll be glad to have me around.

They will crush you with wealth and power
Every waking moment you could crack
I'll make the most of one last extra hour
I'll revenge my father's death then I'll step back

Ain't talkin', just walkin'
Hand me down my walkin' cane.
Heart burnin', still yearnin'
Got to get you out of my miserable brain.

All my loyal and my much-loved companions
They approve of me and share my code
I practice a faith that's been long abandoned
Ain't no altars on this long and lonesome road

Ain't talkin', just walkin'
My mule is sick, my horse is blind.
Heart burnin', still yearnin'
Thinkin' 'bout that gal I left behind.

Well, it's bright in the heavens and the wheels are flyin'
Fame and honor never seem to fade
The fire gone out but the light is never dyin'
Who says I can't get heavenly aid?

Ain't talkin', just walkin'
Carryin' a dead man's shield
Heart burnin', still yearnin'
Walkin' with a toothache in my heel

The sufferin' is unending
Every nook and cranny has its tears
I'm not playing, I'm not pretending
I'm not nursin' any superfluous fears

Ain't talkin', just walkin'
Walkin' ever since the other night.
Heart burnin', still yearnin'
Walkin' 'til I'm clean out of sight.

As I walked out in the mystic garden
On a hot summer day, a hot summer lawn
Excuse me, ma'am, I beg your pardon
There's no one here, the gardener is gone

Ain't talkin', just walkin'
Up the road, around the bend.
Heart burnin', still yearnin'
In the last outback at the world's end.


Walking with a toothache in her heel,


--Xochiquetzal, Back in Black.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Heeeeere's Johnny!





Arrumei um laptop, amigos!

Ainda não tenho acesso à net em casa, mas poderei responder e-mails, usar orkut, comiserar-me com o Atillah...

Assim que eu parar de celebrar histericamente eu volto.

AGUARDEM, MUTHAS!!!!!!!

Like a kid on Christmas Day,

--Xochiquezal, Back from the Dead.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Vinte e três graus centígrados


Vocês não sabem o que é dor.

Muita gente diz “eu já passei fome, você não sabe o que é fome”.

Vocês não sabem o que é dor.

Dói lembrar de dois meses de vida jogados fora, por praticamente nada. Dói seguir o rebanho e depois olhar pra trás e ver que você nunca deveria ter saído de onde estava. Dói descobrir que o pastor não tem a menor idéia do caminho, e que no fim das contas você sabia mais sobre a estrada do que ele. Dói ver todas as suas relações corroídas pela falta de tempo, ânimo e disposição, relegadas a segundo ou terceiro plano em nome de uma duvidosa estabilidade financeira que só serviu pra desequilibrar todos os seus alicerces emocionais, pra fragilizar e derrubar todos as suas bases afetivas e deixar claro novamente o desespero que é a vida sem objetivos e motivos decentes pra continuar acordando todo dia, 8am/6pm, 5/7, 666, 1+1=0.

“Que frescura, é só trabalho.”

Dói.

Vocês não conhecem a dor de cada agulhada que são as palavras trocadas entre vocês, o corte ácido de cada lembrança repartida, a estocada de um afeto compartilhado, a contusão e hematoma dos sentimentos voando de um lado pro outro, desgovernados, os ossos que me partem a cada toque imaginado, o ensurdecedor murmúrio das piadas internas, a cegueira e tormento mental causado pelas fotos. Tudo isso dói, e dói mais porque é auto-inflingido. E porque ninguém pode ser culpado a não ser eu pela dor. E dói mais saber que eu poderia estar lá, e que tudo ainda estaria tão vivo dentro de mim assim como JF ainda está. Dói mais porque era pra ser. Dói porque não foi. Dói por que não fui. Dói porque passou. O tempo passou.

E tempo não volta.

Doeu, e que bom que doeu. Que bom que doeu pra caralho. No pain no gain. Aprendizado pela dor. Agora eu aprendi, obrigado. Eu precisava disso. Obrigado. Obrigado por me foder.

Obrigado. De nada.

Enfim, trabalho: foda-se. Obrigado.

X: Despite all the noise, você sabe o quanto fico feliz com tudo isso, com o nosso plano de um dia juntar todas as pessoas legais do mundo. Um dia a gente chega lá. Um dia quem sabe a gente consegue juntar mais de duas ou três ao mesmo tempo, se o inefável deixar de ser pau-no-cu, se o Unicórnio quiser, se eu for um bom menino nesse ano e se Papai Noel continuar existindo. Until then, hang on to your I.Q. e lembre-se de que sentimos sua falta nas internets. Inclusão digital já, motherfucker.

Every morning, my eyes will open wide

I gotta get high, before I go outside.

Roll another, for breakfast

burning clouds around, and in my solar plexus.

Hang on, hang on

to your IQ, to your ID

 

Bel: Crises – we all haz dem. Dói. Dá medo. Medo de perder tudo que é importante. Medo de estar errado e continuar errando. Mas ó: dói mais achar que você está sozinha. We’re partners in crime, we’re brothers in arms.

Through these fields of destruction/Baptisms of fire

Ive watched all your suffering/As the battles raged higher

And though they did hurt me so bad/In the fear and alarm

You did not desert me/My brothers in arms

love grace tolerance

Atillah

Cartas à Bhéo - I

Uma Cidade Litorânea, 03 de Fevereiro de 2009

Querida Bhéo,

espero que essas mal-digitadas linhas encontrem seu tatu andando com ímpeto e determinação, em nome de Jesus.




Por aqui os Tolypentes tricinctus continuam treinando para o Cirque du Soleil, firmes e fortes em seus triplos carpados centrípetos e moonwalks destemidos. Bruno e Pandora andam meio putos com o calor, vegetando pela casa enquanto o sol frita a lama da minha requintadamente urbanizada rua. Amber permanece em seu cio sem fim, fazendo amor desesperado com os móveis, calçados e hóspedes, enquanto o patrão segue firme em seu processo de beatificação em vida -- Beato Cristóvão, protetor das mulheres neuróticas e padroeiro das pessoas implausíveis.

(Orai por nós que recorremos a Vós)

Quanto a mim, sei lá: estou meio perdida em meio a todos os amores inéditos de janeiro, sem saber pra quem sorrir ou quando começar a processar os efeitos salutares do Best. Summer. EVERRR. Houve momentos januários em que me senti verdadeiramente absurda dentro da minha bolha de alegria; acho que se não fosse o desconforto criado pela constante presença da sua ausência eu teria virado purpurina lá pelo dia 15.

Mas não. Fevereiro chegou com suas temperaturas ínferas e seu inevitável reality check, trazendo com a TPM (crises horrendas: we haz dem) a constatação de que, CARALEO, você esteve aqui.

Você. Esteve. Aqui. Ainda não realizei isso direito -- em parte pela dificuldade em estar online, que me impediu de tecer considerações sobre nosso encontro (elas são muitas) e conversar, conversar, conversar como antes; em parte pela quantidade de poeira cósmica levantada pela colisão de nossos mundos, que turva a visão das mudanças causadas em meu relevo já tão acidentado. Falaí, Michael Hutchence:



Amiga, ficar longe de você dói demais. cada espiada clandestina no Orkut era um suplício: recados, fotos, recortes seus que eu simplesmente NÃO TINHA como responder, a sensação de desastre iminente trazida pela frustração de não poder dar continuidade a um dos momentos mais relevantes da minha vida EVAH.

Foi tudo intenso demais, até para os meus padrões distorcidos de intensidade: nosso click instantâneo, conexão profunda, intimidade meteórica e mais um monte de adjetivos que não dão conta de exprimir a importância de seu aparecimento no meu lado do espelho. Você despencou de Nárnia Goiás até aqui, cara. Two worlds collided.

Pára tudo.

Você apareceu na rodoviária de MacaHell como se eu tivesse te baixado de uma bit-torrent: pixels transformados em carne, anunciação digital, milagres de multiplicação de tartarugas, água transformada em vodka, suicidas redivivos caminhando sobre as águas, legiões porcinas de risadas de lycra exorcizadas penhasco abaixo... Aleluia, hosana (como uma deusaaaaaa...) nas alturas, sangue de tatu tem poder!


Oi?

E aí... você volta pra Neverland, deixando minha Wonderland muito Wasteland pro meu gosto, sem que eu pudesse dizer o quanto foi bom pra mim (bom pra você eu sei que foi - heh), sem que eu tivesse um depositório de lágrimas digitais ou mesmo te mandasse torpedinhos babões, viscosos de dramaticidade.

Ah, peraê: acho que acabo de dramatizar o suficiente nos parágrafos acima. MAS AINDA ASSIM HÁ DRAMA EM MEU CORAÇÃO, MULHER!

Pois então, Bel: temos que resolver isso, temos que tirar esse atraso! A impossibilidade de comunicação digital deixou tudo em animação suspensa, mas o que eu sinto por você continua 100% Wando, princesa (heh). Quando a saudade aperta eu digivolvo para Daniel, mas tomo tento antes de ir chorar minhas pitangas no colo macilento da Hebe.

Mas as coisas estão se arrumando: em breve terei um laptop e poderei ao menos atualizar o espancando decentemente (isso é uma promessa, leitores manifestos). Fora isso, algo me diz que não vai demorar muito para que você volte a se manifestar por essas praias, pequena aprendiz de Iemanjá. Nesse meio-tempo, escrevo minhas cartas públicas por aqui, na esperança de manter a repuação do espancando de "mais underground dos blogs underground". Espanquem, amigos, espanquem!

Então tá então. Eu amo a Bel, PRONTOFALEI.

PRONTOFALANDO,

--Xochiquetzal, a Missivista Digital.


P.S. - Ficar sem computador É UMA ARMADILHA DE SATANÁS!!!!






Rá!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

R.I.P, sua fdp




Sabe o que a gente faz com uma crise moribunda?
Afoga ela na cerveja, ao som de Sepultura.

E depois faz um sexo casual, só pra garantir a mortandade da maldita.
Minha vida é uma montanha-russa engraçada.

Pelo menos já estou 100% curada, aleluia irmãos.

.
Estou sentindo a falta de vocês aqui no blog. Se me deixarem aqui sozinha, isso vai virar uma versão 2.0 do (falecido) Acetoso.
Vocês sabem... eu até gosto de brincar sozinha, mas acompanhada é muito mais gostoso (heh).

A X. eu compreendo que esteja impossibilitada, mas o Atillah bem que podia vir me fazer companhia, agora que a temperatura já voltou aos 23°.


Indo buscar o dildo na gaveta,
Bel