"Canto Esponjoso". Título forte.
Uma das minhas taras, além do conhecido fetiche por livros e do calunioso tesão por cadáveres, é por títulos atraentes, expressivos, descritivos, brutais e líricos:
Something Wicked This Way ComesSound and FuryCat's CradleNight Falls FastTender is the NightInvisible Cities...
... e a lista se estende
ad infinitum. Já comprei livros, belos e bestas, pelo título. Já deixei de ver filmes pelo mesmo motivo, julguei pessoas pelo nome. Num raro momento de ausência de pensamento crítico, há uns 13 anos atrás, cheguei a responder a um anúncio colocado em uma revista de RPG (estavam achando que eu não tinha motivos para esconder minha verdadeira identidade, leitores fantasmas?) procurando "correspondência com minas que curtam RPG" -- as palavras exatas as comeram as traças há tempos. O autor, um cara --menino -- com um nome anacrônico, o sobrenome chique niponizado por um erro de impressão.
O título desse rapaz era atraente como "O Doce Veneno do Escorpião", brutal como um livro de receitas, lírico como um manual de estatística. Mas, num
momentary lapse of reason, adquiri o mancebo para meu acervo.
O moço virou meu livro de cabeceira. ProTeteu, metamorfoseou-se em tantos títulos significativos, em mais de uma década de leituras em comum... de Entrevista Com o Vampiro a Grande Símio Negando a Morte, passeando por todas as correntes literárias e de pensamento -- algumas imaginárias, outras imaginadas. Bukowski maldito, Bíblia Sagrada.
Eu, Juíza Final de Pessoas pelo Título e Livros pela Capa, carrego esse homem de bolso aonde quer que eu vá, querendo ou não, desde então.
He, who once said "I really need a girl like an open book / to read between the lines", got more than he had asked for.
E seguimos, relendo um ao outro na distância disfarçada dos livros, cartas, mensagens. Criticando, reescrevendo, amassandojogandofora, enviando e recebendo palavras. Palavras, desde o início, foram nossa pedra de Bolonha.
Títulos podem ser enganosos. Ou não.
Vou parar por aqui antes que me transforme em Lord Byron ou -- Éris me livre -- Goethe. Para arrematar esse arroubo blogger, mais uma de Drummond:
"Chego à conclusão de que escritor é aquele que não sabe escrever, pois quem não sabe escreve sem esforço..."
E para meu estudioso da alma humana e profundo conhecedor do sarcoma que corrói a minha, fica a frase de Musset:
"Toda a doença do século presente provém de duas causas que provocam no povo duas feridas: tudo que era deixou de ser, tudo o que será não é ainda"
Meus Fetiches, Taras & Perversões Afins estão longe de serem infundados.
Cadáveres não.
Às pedras no meio de nossos caminhos!
-- Madame X.
2 comentários:
Agradeço pela menção. Comovente. Tipo, de verdade. Um beijo na sua alma.
Obrigada pela comoção. Eu nunca sei se você está falando a sério or being facetious -- faz parte do seu charme e do que me irrita em você.
I'm going to take it as a compliment.
Beijos no cerebelo.
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