quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Thelema

Quinze postagens só em agosto, mais que o dobro de julho e cinco vezes mais que junho. Bom saber que minha presença aqui deu um burst of energy no blog e no ânimo literário de vocês dois. Óóóun, eu sou auto-suficiente em massagem no ego.

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Acho que sempre tive problema com unicórnios, dentro da minha medida realista-pessimista possível. Se não eram unicórnios, era uma minhoca de um metro e meio que tricotava e era o ser mais boca-dura que já conheci. Fomos uma dupla inseparável até meus 8 ou 9 anos, quando fiquei velha demais para conversar com amigos imaginários. Fazer o que? O húmus da minha mente fértil era tanto que minhocas começaram a surgir por geração espontânea. Alucinação ou não, distingüir ilusão de realidade nunca foi um hobby meu, o que me torna uma esquizofrênica em potencial pessoa mais divertida. Podem até me qualificar de iludida, mas não vejo isso como um defeito absurdo. Antes iludida que... sei lá, corcunda, frígida, canibal, ignorante ou desbundada.

Cá entre nós, a vida real é muito chata. Por mais que os niilistas rejeitem ilusões e atenham-se à questões práticas e reais, a realidade continua chata.
Ainda assim, só temos 4 anos (rodeados por andróides que são meros computadores, mas se acham mais humanos só porque foram programados para isso =( ). Então, proponho um outro -ismo a vocês:



É a tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável.

Sounds familiar, right?
Não é questão de ser, ter, saber, receber, pensar ou refletir. É questão de sentir.

Conseguir que todos os homens se ponham a caminho, despertem da sua letargia, recusem os convencionalismos, pensem e se determinem por si mesmos, é uma tarefa importante que produz frutos generosos em termos de satisfação e gozo, a um custo económico exíguo, para não insistir num custo zero.
(Esperanza Guisán)

E isso não é uma desculpa prá defender a putaria total.
Putaria também, claro, se é assim que você vai obter prazer. Mas se ser virgem até os 40 anos vai te satisfazer, go for it. Ajudar crianças carentes? Go for it! O importante é ter aquela sensação boa que, sendo sensação, é efêmera. Afinal, depois que passar -veja bem como aquela discussão sobre nossas infâncias se encaixam aqui, X.- tudo que nos resta serão as lembranças, boas ou ruins. Nos resta, no agora que temos, decidir que sensação vamos nos lembrar amanhã de ter tido.



E culpa prá que? Que coisa mais condicionada, essa tal de culpa.
Se todas as partes se divertem e ninguém saiu ferido, não existem motivos para culpa, e eu sei que vocês possivelmente concordam comigo quanto a isso.
Se restringir só por que todo mundo diz que é errado? Bah. Isso é nóia do superego.
Acho que nós aqui não temos esse tipo de problema (exceções, olá!), mas consigo pensar numa lista infinita de pessoas que já me disseram "não acredito que você fez isso" durante uma conversa inocente. E olha que nunca fiz nada de absurdo.



Serve de consolo pensar que, por mais estranho que seja lá o que você quer fazer, com certeza algum romano já fez isso antes, em algum bacanal ritual religioso de adoração ao deus Baco, muitos e muitos anos antes de seu bisavô estar no saco do seu tataravô. E é claro que eu estou falando de prazer aplicado de uma forma geral em nossas vidas, mas é praticamente impossível desassociar, num nível mais profundo, prazer de sexo, que é uma das coisas-top-prazerosas, junto com comer, dormir, trepar, beber, rir e fumar. Logo, se eu fosse viver de hedonismo, seria uma lontra obesa promíscua e com enfisema pulmonar, fato que me lembra a existência da temperança acima do prazer. É o contraste das partes chatas da vida real que torna as partes boas melhores ainda. A dor é necessária prá que se valorize ainda mais o prazer. Dialogismos impertinentes, esses.

Considerando-se meu discurso meio Aleister Crowley, a constatação final sobre o importante contraste das partes chatas com as partes prazerosas da vida e o fato de que meu dia foi uma merda imensa, em verdade vos digo que



Na próxima encarnação, eu quero ser um gato =(

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