quinta-feira, 7 de agosto de 2008

" -- Quem não lê se fode!"




Minhas intenções antes do seu post.

BEL!

Que prazer ler o seu post, under the influence ou não. Yay. Vou parar por aqui antes que minha empolgação erotize demais este blog.


Minhas intenções depois do seu post.

Então... welcome back! Não sabia que Idiocracy passava no Telecine. É um daqueles bons filmes que passam batido. Não é nenhuma pérola cinemática, mas a idéia do carinha "médio" que vai parar num futuro no qual a idiotice impera,o show mais popular da TV chama-se Ouch! My Balls! e o presidente é um mix de American Gladiator e American Idol (sabor redneck) é assustadoramente realista. Não é a toa que Idiocracy foi pouco notado. O filme foi praticamente direto pro DVD -- nós americanos não gostamos quando ousam nos dizer que o rei está nu. Nossa realeza tem que vestir roupas cintilantes, dançar feito James Brown drogado em um Holiday on Ice e aparecer em meio a muitas, MUITAS explosões. AMERICA: FUCK YEAH!

Qual livro do Orwell você está lendo? Ando revisitando "Brave New World" e "Island" de Aldous Huxley (além de "Heaven and Hell / The Doors of Perception", bíblias de minha cabecinha lisérgica), e me desvencilhando pouco a pouco da vergonha que sinto de minha sede satânica por conhecimento. Muito feliz a observação de que o conhecimento não é poder -- ele almeja o poder, até mesmo porque, segundo um carinha aí, tudo o que sabemos é que nada sabemos. Num post passado eu e o Atillah confabulamos sobre a natureza inatingível da busca pelo conhecimento, que só gera sofrimento e uma vaga noção do tamanho de nossa ignorância. Cruel. Todo poder é cruel.

Eu ainda consigo enfeitar meu trabalho de Sísifo, glamourizando-o e envolvendo a todos com minha aura de intelectual misteriosa. A busca pelo dinheiro já me é mais difícil de maquiar. Dinheiro todo mundo quer; pensar é passatempo exótico, ainda por cima quando se é mulher. Chique é ser inteligente, amiga!

Mas faz você muito bem em começar seus planos de dominação mundial pelo lado financeiro. Meus poucos meses administrando uma empresa e sendo chefe (do infeliz tipo que faz, e não apenas manda fazer) me mostraram que provavelmente terei um fim noir, vagando-pelos-boulevards-de-Paris-de-esmalte-vermelho-descascado-bebendo-vinho-barato-ouvindo-Edith-Piaf-morrendo-de-overdose-às-margens-do-Sena. Não nasci pra ser mais um parafuso insignificante na máquina do Estado (valeu Guimarães Rosa!), acumular capital e bens. Nada contra ter pilhas de dinheiro -- minha loucura não atingiu esse ponto -- mas não estou a fim de dedicar meus melhores anos acumulando capital para um futuro no qual eu não desfrutarei dele. Thoreau disse que o custo real de alguma coisa é a quantidade de VIDA que se está disposto a trocar pela mesma; pensando desse modo, a maioria das coisas é cara. Cara pra caralho.

O último parágrafo pode ter sido um minúsculo elogio ao ócio, but... take it with a grain of salt. A culpa por não ter feito algo de "significativo" com a minha vida ainda me corrói, e a fundo. Por mais livre-pensadora que eu queira ser, não consigo mandar 27 anos de condicionamento social para a casa do caralho tão facilmente como gostaria. Eu não tenho casa própria, não tenho carro, não tenho filho, não tenho roupa da moda, não tenho corpo escultural, não tenho férias, não tenho grana pra gastar comigo...

...pode ser que as uvas estejam verdes.

(They look pretty sour to me, at least from down here.)



Eat, drink and be merry, for tomorrow we die -- as intellectual pin-ups, darling.

Infelizmente nunca vi esse programa do João Gordo (não vejo TV, exceto em momentos de total boredom, quando coloco um bom-bril na antena para sintonizar o SBT no horário de "Pantanal", e assisto Juma Marruá no MUTE com um CD aleatório tocando ao fundo. Da última vez foi o fantástico "Tranquilo!" de Marcelinho da Lua. Nunca o Velho do Rio, a Muda e a fauna pantaneira fizeram tanto sentido.).Queria MUITO poder tê-lo visto berrando "QUEM NÃO LÊ SE FODE!"! Deve ter sido orgástico! Também espero que o potencial de podreira do Gordo tenha sido suficiente para tatuar esse berro em alto-relevo no cérebro liso dos que assistem a MTV. Salvem as crianças. Meu receio enquanto professora à beira de um ataque de nervos é de que os moleques que presenciaram o brado de João tenham saído da frente da TV e corrido pra trás de uma Capricho, uma CARAS, um "Segredo" da vida. Somos um país que, quando lê, tende a ler muito -- muito mal. Quem não lê se fode, ok. Mas.. e quem lê mal?

(Eu tenho um moletom de Hogwarts. E uma jersey de Quidditch.)

Comentários sobre reservas adiposas no próximo capítulo.

Sempre calipígia,

--Xochiquetzal. =)

Nenhum comentário: