MIEDO...

Medo sinistro das coisas que aparecem nesse blog, cara!

É muita confluência, muito inefável, muita intensidade. É muito amor junto e muita coisa a partilhar, é muita arte, tenho medo de não dar conta, medo do que vai dar.

Mas aí Bob Dylan Lenine entra na minha vida via Large Hadron Collider (CLARO): sábado passado decidi chapar os cocos com o patrão e com a Leandra, uma colega de Letras cuja simples existência aqui em Groundhog Day é um desafio às leis da lógica (a mulher é foda). Estávamos preparando o Triple S (Secret Sacred Syrup), xarope essencial a um Mojito de verdade (eat your heart out, Atillah), quando Leandra me aplicou dois poetas que deram um revertério em minha vida: Lenine (que eu esnobava, só conhecendo as músicas que eram tema de amor de novela das oito) e Manoel de Barros, que eu ignorava completamente.

Minha cultura tem uns gaps simplesmente abissais, provavelmente devido ao meu hyperfocus em UM artista por tantos meses. Saio de minhas obsessões artísticas expert em pouca coisa, mas ignorando várias. Sabendo tudo sobre o nada.

Me detenho por tanto tempo em uum só, e me envolvo tão completamente com o que me detenho, que não consigo conceber nada melhor, nada que me arrebate com mais força. Estou sempre na crista de uma onda serotoninérgica no oceano da arte e das coisas, sempre extasiada, e quando me deparo com outra onda tomo um caixote, afogo. Y tengo miedo, miedo del miedo que da:

D'O Livro das Ignorãnças, de Seu Manoel:

As coisas que não existem são mais bonitas.

Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:

a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca

b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer

c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos

d) Se um homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação

e) Que um rio que flui entre dois jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre dois lagartos

f) Como pegar na voz de um peixe

g) Qual o lado da noite que umedece primeiro

etc
etc
etc

Desaprender oito horas por dia ensina os princípios.

Daí eu fico aqui, tentando não ser mais um animal trêmulo ante a majestade do mundo e a beleza dos que me envolvem, tentando criar coragem para mergulhar de vez no coração selvagem das coisas e deixar de ser besta, aceitar a inefabilidade de vocês and go with the flow, desesperar-me menos diante da finitude das coisas, porque as coisas são muitas, demais.

Ars longa, vita brevis. I WANT MORE LIFE, FUCKER.

Atônita,

--Xochiquetzal.