segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Contagem regressiva

Em algum dia de 2009, em algum lugar entre Suíça e França:

Cientista diz: Vamos botar esse LHC prá funcionar. Eu quero ver partículas colidindo, galera! Ok, time... potência total em 5... 4... 3... 2... 1.
Cientistas dizem: HOORAY! Funcionou, funcionou! É lindo, olha ali o bóson de Higgs e... ei, o que é aquilo se formand...?



Na melhor das hipóteses teremos gatos vomitando bolas de pêlo com a sorte do dia dentro e mangas voadoras e homens com pênis não fálicos, mas em espiral. Na pior das hipóteses... a soberania humana na galáxia no sistema solar está com os dias contados.
O foda é saber que a minha tão valiosa e preciosa vida (assim como a de todos os outros 6 bilhões) pode ir pro saco em minutos, e o resto do universo não vai nem piscar mais forte porque nos auto-destruímos. A curiosidade matou não só o gato, como o resto da humanidade também. Pela preguiça progredimos e pela curiosidade nos destruímos; seria um final concebível para os bípedes mamíferos sem pêlos no corpo.
Os 4 anos se passaram rápido demais. I want more life, motherfucker!

Claro, estou sendo dramaticamente pessimista.
Os cientistas dizem que as chances de um buraco negro é tão mínima e remota que chega a ser ridícula, MAS EU NÃO CONFIO. Something wicked this way comes, cara. Vai que eu tô aí, tocando minha vida normalmente, desperdiçando meus preciosos últimos dias na Terra trabalhando das 8 às 22 e estudando prá prova de mestrado, e no meio de uma aula eu sinto um frio na barriga e penso "uau, que sensação estranha" pouquíssimos segundos antes de ser sugada e me transformar em singularidade.



É uma possibilidade.
Assim como é uma possibilidade eu dar um tapa na cara do chefe, mandá-lo tomar no olho do cu, largar a idéia do mestrado e sair num mochilão mundo afora, comendo e bebendo do bom e do melhor, torrando minhas economias, vivendo freneticamente enquanto o mundo não acaba pelas porcas e parafusos mãos do LHC e... o mundo não acabar. E continuar tudo aí, intacto... menos eu, com cara de tacho, sem dinheiro, sem emprego e sem perspectivas num mundo que eu jurava que ia acabar, mas que escapou de mais uma.

Esse tal do acaso é uma coisa.
A colisão de partículas e suas conseqüências, podemos ver, é meramente obra do acaso. E digo partículas no sentido mais humanos e atômico da coisa. E é exatamente esse acaso que te persegue, X.
Tatue você "COMO PODE?" em sua nuca que eu tatuo "ACASO" na minha. É sério, o acaso é algo que deixou de me surpreender faz um tempo... minto eu, o acaso nunca deixa de surpreender. Você sabe que, mais cedo ou mais tarde, ele se manifesta mas ainda assim; quando você menos espera, ele morde seu calcanhar só prá te ver perplexa. Sem importância divina mesmo, só a título de diversão.
Hoje, por exemplo, fechei o Gtalk contigo e fui abrir uma revista prá ler. A primeira página que abri tinha um fundo vermelho, escrito DYLAN bem grande. Era só o anúncio um CD novo na revista, acho.
Ainda assim, foi bem acaso. Coincidência pertinente.

LHC tá aí prá destruir o mundo, é o Cão em forma de máquina. E eu aqui, gastando minhas rugas de preocupação em contas e meu tempo em trabalho (ok, trabalho talvez não enobreça tanto assim a alma) e tanta coisa prá ser feita antes que o buraco negro venha nos sugar durante a noite. Hedonism: i feel it deep in my heart.

Não deve ter tanto assim a se temer, certo? Prótons colidem o tempo todo, partículas geram mini big-bangs a torto e a direito...
Morro de medo de acabar o mundo e eu estar fazendo algo chato, e ter que desfalecer pensando "putz, e foi ASSIM que desperdicei meus últimos minutos na Terra? Escrevendo relatório de estágio?".

Temos, portanto, um dilema. Se levarmos nossas vidas normalmente e o LHC foder o sistema solar inteiro, minha frustração (póstuma) será equivalente ao tamanho da destruição. Mas se sairmos por aí, curtindo a vida adoidados, e o mundo não acabar? VSF, esse trem de apocalipse tá ficando muito complicado.
Pelo menos, se sairmos a curtir a vida adoidados e o mundo não acabar, com cara de tacho ficaremos mas muito nos divertiremos. Mereceu até rima pobre. Ou seja: o mundo não acaba, mas teremos momentos GENIAIS e que valem ouro gravados na mente.

Carpe diem, companheiros. A gente já nunca soube se este presente dia poderia ser o último, agora com o LHC aí...
Sem paranóias, sem estresses e sem problematizar demais a vida: let's just enjoy ourselves for now.



Nos vemos no Juízo Final.

xoxox

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