25 de Dezembro de 2008, Chez Xochiquetzal:
Meia garrafa de Orloff pra dentro, boa parte da ceia improvisada pra fora, uma temporada de Futurama depois e dois companheiros desmaiados deixados para trás, tive asas alucinadas para arrumar a cozinha pós-experimentos etílicos de culinária apocalíptica, organizar meu armário, escovar os gatos, separar a roupa branca da colorida e fritar mosquitos com aquela raquetinha elétrica que é uma das grandes alegrias de quem mora na praia -- tudo isso ao som retumbante de uma playlist composta de umas 50 músicas de Bob Dylan que detonariam a sanidade dos presentes, caso estivessem conscientes.
Um brinde de cafeína ao meu primeiro Natal fora do castelo ancestral do clã.
(Procura desesperadamente algo para fazer. Pensa em pintar as unhas de vermelho-vadia mas muda de idéia ao farejar rastros de Raul nas emanações do removedor de esmalte. Decide limpar o interior da geladeira. Desiste após encontrar uma panela de arroz cujo conteúdo havia desenvolvido sistemas políticos rudimentares. Deita no chão da cozinha, bloco de escrever e caneta Bic em punho.)
Red Bull é rola, eu quero a minha mãe!E os meus presentes e meus irmãos com meus presentes, meus tios que de vez em quando me dão presentes, meus 23.3456.32332 (and counting!) primos que nunca me dão nada mesmo e a minha vó, que mesmo me dando o mesmo conjunto de calçolas de algodão bege todo ano é uma véia batuta.
Noite seguinte, resto da Orloff e alguns Red Bulls depois, unhas vermelho-vadia:
fiquei deitada no chão da cozinha, escrevendo poemas dada e pensando na solidão do meu eu-lírico até meu pai me ligar no meio da noite, desejando um Feliz Natal e avisando que estava indo pra night pra pegar muié -- coisa que ele anda fazendo com freqüência desde que se separou da minha madrasta e voltou ao mercado. Meu pai é um sádico que se diverte com a intensidade do meu complexo de Elektra: às vezes ele me liga de um restaurante de Conceição do Mato Dentro (ou algo do tipo), onde está jantando romanticamente com a eleita da semana, e me põe pra falar com ela no celular, cara. Tipo "falaê com a sua nova madrasta malvada, filha!"
O pior é que eu falo. Até os créditos dele acabarem ou meu pai tomar o celular das mãos da madrasta da semana, por receio do que eu possa estar revelando.
Família Ê, família Á, FAMÍLIA.
Acordei no dia 26 e fui à praia, pondo um ponto final (e futuramente crescente, de tonalidades diversas, bordas e textura irregulares) à minha fase Branca de Neve. Me disseram que fiquei com cor de peido, mas acho que é inveja. Anyway, cor de peido é um preço razoável pelo delicioso sol na moleira, pelas brincadeiras com os cachorros de praia, porções de peixe frito, doses de cachaça, debates literários à beira-mar e argutas observações antropológicas de meus companheiros de vadiagem -- sob os auspícios de um quiosque que alternava "Enter Sandman" com "Cara-Caramba-Cara-Caraô".
Foi muito bom pra caralho, como diria o patrão.
Voltei pra casa e me vi sozinha no meu apartamento no meio do brejo, sapos grilos mosquitos pererecas cigarras e o vento gemendo nos coqueiros, só tudo isso.
Sem internet, sem distrações, sem o ruído branco do mundo na cabeça, deixo o tempo livre para correr com meus gatos, atrás dos livros, através de amigos, entrelinhas que amo.
Ho ho ho, estou feliz.
De uma lan house na região dos lagos,
--Xochiquetzal, personagem de Jorge Amado.
Um brinde de cafeína ao meu primeiro Natal fora do castelo ancestral do clã.
(Procura desesperadamente algo para fazer. Pensa em pintar as unhas de vermelho-vadia mas muda de idéia ao farejar rastros de Raul nas emanações do removedor de esmalte. Decide limpar o interior da geladeira. Desiste após encontrar uma panela de arroz cujo conteúdo havia desenvolvido sistemas políticos rudimentares. Deita no chão da cozinha, bloco de escrever e caneta Bic em punho.)
Red Bull é rola, eu quero a minha mãe!
Noite seguinte, resto da Orloff e alguns Red Bulls depois, unhas vermelho-vadia:
fiquei deitada no chão da cozinha, escrevendo poemas dada e pensando na solidão do meu eu-lírico até meu pai me ligar no meio da noite, desejando um Feliz Natal e avisando que estava indo pra night pra pegar muié -- coisa que ele anda fazendo com freqüência desde que se separou da minha madrasta e voltou ao mercado. Meu pai é um sádico que se diverte com a intensidade do meu complexo de Elektra: às vezes ele me liga de um restaurante de Conceição do Mato Dentro (ou algo do tipo), onde está jantando romanticamente com a eleita da semana, e me põe pra falar com ela no celular, cara. Tipo "falaê com a sua nova madrasta malvada, filha!"
O pior é que eu falo. Até os créditos dele acabarem ou meu pai tomar o celular das mãos da madrasta da semana, por receio do que eu possa estar revelando.
Família Ê, família Á, FAMÍLIA.
Acordei no dia 26 e fui à praia, pondo um ponto final (e futuramente crescente, de tonalidades diversas, bordas e textura irregulares) à minha fase Branca de Neve. Me disseram que fiquei com cor de peido, mas acho que é inveja. Anyway, cor de peido é um preço razoável pelo delicioso sol na moleira, pelas brincadeiras com os cachorros de praia, porções de peixe frito, doses de cachaça, debates literários à beira-mar e argutas observações antropológicas de meus companheiros de vadiagem -- sob os auspícios de um quiosque que alternava "Enter Sandman" com "Cara-Caramba-Cara-Caraô".
Foi muito bom pra caralho, como diria o patrão.
Voltei pra casa e me vi sozinha no meu apartamento no meio do brejo, sapos grilos mosquitos pererecas cigarras e o vento gemendo nos coqueiros, só tudo isso.
Sem internet, sem distrações, sem o ruído branco do mundo na cabeça, deixo o tempo livre para correr com meus gatos, atrás dos livros, através de amigos, entrelinhas que amo.
Ho ho ho, estou feliz.
De uma lan house na região dos lagos,
--Xochiquetzal, personagem de Jorge Amado.
2 comentários:
compartilho de sua paz de espírito.
embebedando-se também,
bel
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