sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Birth of a butterfly



Que bonito ver seu renascimento, dona X. Ver esse vídeo após ler esse post me lembrou você me dizendo, sobre estar se redescobrindo:
"Estou parindo a mim mesma".

O que gerou piadas posteriores sobre dar um tapinha na bunda do neném. Enfim, divago.
Queria te dizer: bem-vinda de novo ao mundo. Apesar de ele ser uma bittersweet symphony (trying to make ends meet, you're a slave to money then you die, né Atillah?), existem alguns momentos que fazem a luta pra sair do casulo valer a pena.
Existem, sim.
Mas já passou, ex-lagartinha. Trate agora de deixar essas asas secarem pra você dar seus loopings novamente.
Dou-lhe meu presente de boas-vindas:

Mais uma metáfora com o reino vegetal.
Metaphors, we live by. Enquanto você encara suas mudanças como um doloroso sair do casulo, eu estou encarando as minhas como um natural desabrochar de uma flor. É, fodam-se essas risadas de "HIHIHI, sua bichinha" que tô ouvindo daí, mas EU SOU UMA FLORZINHA, CHEIROSA E BONITA,TÁ?
O engraçado é que essas metáforas com flores e vegetais me perseguem. Eu já contei pra vocês que meu antigo fotolog se chamava "áspera pétala"? O atual chama-se "lemon drop". Pobrêmas: i haz dem.

Eu desabrocho. Estar aqui, "convivendo" com vocês, só me fez desabrochar mais e mais. Sacudo o orvalho do caule e abro minhas pétalas, encarando o céu. Tenho meus espinhos, e possivelmente terei mais um bom punhado antes de murchar pra sempre, mas tamos aê: o Sol me espera.
Quando estiver pronta pra voar, venha cafungar meu polén (cheiradora clandestina!) e lamber meu néctar. Minhas folhinhas tremem de excitação e anseiam por este momento.

.
Eu adoro sua dramaticidade teatral, sabe. Não vejo nisso um defeito, acho que deve ser a admiração pelo oposto, do mesmo jeito que você admira minha simplicidade de raciocínio. Não que eu não tenha meus momentos de drama queen, você bem conhece meia dúzia deles. Mas "conviver" com você é assistir uma Antígona no mundo moderno, uma junkie Ophelia (que até mesmo já foi rejeitada como oferenda a Iemanjá, by the way) que não enluta-se pela morte do pai, mas pelo errôneo luto de si mesma. Não é porque você mudou que você não existe mais. É a mesma, porém agora com asas e anteninhas.
Oh, what a noble mind is here overthrown.

Vai dar ouvidos pra essa lagarta maconheira? Deve ser chegada daquele gatinho creepy (we're all mad here). É, é... não é só você que tem problemas com o monólogo who-are-you, admito. Se definir é dureza, mas hey... foi uma árdua luta pra sair do casulo, e só porque agora tem asas não significa que deixou de ser lagarta. Quero dizer que uma não anula a outra. É por causa da lagarta que teceu o casulo que você existe, já pensou nisso? Você é a lagarta 2.0, you are who you are, whoever it is e espero profundamente que continue sendo esse "whoever" que a gente tanto gosta.

Os traumas, os apelidos, as lágrimas, as vitórias, as violências contra nós, de todas as espécies, os inúmeros causos que tricotamos via e-mail, tudo isso é o que nos torna nós mesmas. A cada metamorfose sua e a cada noite que me encasulo nas pétalas pra voltar a respirar na manhã seguinte, esse amontoado de nós-mesmas fica maior e maior, feito entulho acumulado no quartinho de bagunças. Posso te dizer, então, que a cada metamorfose nos tornamos mais nós-mesmas. Que bom que você resolveu não ligar mais, mas só queria que você soubesse disso, sabe, de que a lagarta continua firme em você.
Quer um teco da minha folha?

Ride the winds of a brand new day, high where mountains stand
Found my hope and pride again
Rebirth of a man

(Nem gosto de Angra, mas o trecho é pertinente)

Desabrochando,
Bel.

4 comentários:

Anônimo disse...

Awwwwn Bel.

Eu estava passando mó mal ontem após encher o bucho de sushi (nós lagartas não nos destacamos por nossa habilidade de comer socialmente), ajoelhada diante do trono de porcelana e invocando o Raul, quando recebi sua msg...

... só pude conferir o post hoje.

*enxuga lagriminha de rímel*

Eu já te disse que tipo assim te venero?

Abraços longos, lentos, viscosos, lagarteños,

--Xochiquetzal, de olho na sua folha =)

Bel disse...

Eu ia escrever uma mensagem epopéica, mas o número de caracteres do torpedo cortou minha foda. bom saber que sempre te pego em momentos propícios; um dia ainda acerto e te mando uma mensagem enquanto vc estiver dando umazinha *evil laughter*

Deixe o blog na mão de duas meninas que elas o enchem de florzinhas e borboletinhas. Bichas we are.

Bel disse...

*o enchem = enchem-no. sintaxe: i no haz it

Anônimo disse...

This post: I adore it.