Your insensitivity is GORGEOUS.Weee. He's back. Or not.
To quote
Sprockets:"Your aggressiveness is beautiful and angular, Atillah. If you were a gas, you would be inert."
Milhares de alusões a
The Big Lebowski e
Sprockets vêm à mente, mas vou ficar por aqui. Basta dizer que é joinha ter você de volta, mesmo por um post, mesmo que cheio de som e fúria, seu fel niilista jorrando na cavidade de minha loucura, numa mistura aquierótica de desespero, o roto fazendo amor com o esfarrapado sobre uma cama de pregos... só não se esqueça que eu gosto de ficar por cima,
baby.
But anyway. Coisas que não existem, ou acham que existem, e deixam putas pessoas que acham que existem, e talvez existam mesmo. Ou não.
Falando em coisas que não existem, o Rio de Janeiro é um estado que existe baseado na fé que as pessoas têm nele. É um estado completamente esquizofrênico -- estado de calamidade pública, estado de graça.
Passei boa parte da minha vida vagando entre a decadência da capital e a serenidade da região Serrana, e agora triangulo meu vagar adicionando a incrível Região dos Lagos ao mapa. No caminho, cidadezinhas-pedras, poeirentas, de cor e contornos indefinidos, pelas quais se passa sem se dar conta, zeros à esquerda. Inúmeros sem-números de homens curtidos pelo sol, suor e cachaça, sentados diante de portinhas de madeira, sem camisa, fitando os carros que passam com olhos vazios, cercados de crianças de pele e roupas manchadas, ventres distendidos correndo atrás de bolas baratas em ruas sem calçamento. Dirigir pelo interior do estado é percorrer um trem-fantasma de pobreza em sépia, acredite-se ou não.
Credo quia absurdum. E sofro por isso.
Don't worry, Nihilist-Man! Your friends are coming to the rescue!Pode-se sempre ignorar a existência desses monstros de papel-machê,
there is no spoon, God is dead, whateva. Eu não consigo fechar os olhos, mas enlouqueço devagarinho, representando meu papel de louca ou não, ao tapar os ouvidos da alma a cada "BUUU!" das criaturas que saltam à minha frente, congeladas na poeira diante de botequins, Igrejinhas Universais e casebres. Prossigo rumo à luz do fim do túnel, mãos lívidas agarrando o console do carro. Passei minha vida dentro desse trem-fantasma, mas a cada ano que passa minha percepção de seu horror
kitsch fica mais consistente, incomoda mais, machuca. Tento reagir com o humor maníaco que herdei de meu pai, expert na detecção da hilaridade inerente ao desespero e meu companheiro constante de passeios por estes bosques da ficção fluminense. A tristeza é pitoresca e torta como as árvores de um filme de Tim Burton:
Um vilarejo de doze casas instalado em uma encruzilhada sem a menor sinalização chama-se "PONTO DE PERGUNTA"; uma igreja evangélica tinha na fachada garrafais "IGREJA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO COM CARA DE LEÃO" (Nossos planos familiares de freqüentar um culto e descobrir de onde surgiu esse menino Jesus à la Simba foram destruídos com a substituição da igreja por um depósito de bebidas --
how convenient.); o campanário de uma igreja na forma anatomicamente exata de uma vulva, com um pontinho onde estaria o clitóris e o sino de metal guardando a entrada do
sanctum sanctotum...
Ve don't believe in flavor, eizer....e em meio a esse pátio de milagres o Rio de Janeiro continua sendo, seus habitantes (Wonderland indeed) a criação doentia de um inconsciente coletivo deturpado. Existe quem pode, acredita quem tem juízo. Ou não.
Em busca da sobrevivência (no sentido darwinista da palavra) os pequenos negócios diversificam-se num desbunde caleidoscópico:
O "Bar do Momô - Música ao Vivo
E Almoço Self-Service
E Pet Shop
E Pastel Frito na Hora
E Moda Íntima" pode ser encontrado na entrada de Itaperuna.
Esse
E esquizofrênico acabou marcando a minha vida. "Xochiquetzal, professora de inglês
E tradutora
E intérprete
E escritora
E fingidora
E pastel frito da hora
E caldo de cana
E sorvete no cascão
E esquadrias de alumínio
E videolocadora".
Diga-me por onde andas e te direi quem és.
It's nice to see you again, buddy. Carry on my wayward son,
--Xochiquetzal.
Meow.
Nenhum comentário:
Postar um comentário