quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Espírito de Porco






A Terra completou seu vigésimo-oitavo ciclo em torno do Sol, dando início à lenta contagem regressiva até a temida mudança de casa decimal.

Além das calcinhas beges e trocados de praxe, ganhei um post de aniversário da Bel, um "parabéns aê" atrasado do Atillah (estamos progredindo -- ano que vem ele acerta a data) e um cofre de porquinho lindo, daqueles bem oldskool, dos quais a Fortuna só pode ser removida com o espatifar de suas entranhas. Estou me sentindo uma adivinha romana, ainda mais quando li o cartão que acompanhava o mimo: "Mamãe já botou cem reais aqui pra você, viu?". Tive ganas de imolar o inocente suíno na hora.

Encontro-me dividida entre os impulsos de realizar uma intervenção cirúrgica nele, tomar vergonha na cara e aproveitar a deixa pra finalmente começar a economizar ou espatifá-lo no chão -- coisa que eu já teria feito há tempos se não fosse o receio de encontrar apenas um bilhete escrito "Rá rá rá ficou sem porco -- espero ter cumprido meu papel de progenitora e te dado uma lição, beijos, mamãe."


It keeps calling me...

Família Ê, família Á, FAMÍLIA.

Aniversários me deprimem (O RLY?) pois me forçam a encarar os Greatest Hits da minha vida do último ano pra cá, geralmente resultando numa compilação existencial da qualidade de um CD Caldeirão do Huck. No entanto, conforme os anos se acumulam em minhas costas, descubro-me aceitando esse presente de grego do tempo com um sorriso genuíno e colocando-o pra tocar pois, grandesbosta ou não, meu Greatest Hits Halloween Passado - Halloween Presente FAZ parte de quem eu sou. Vou envelhecendo e aprendendo a aceitar o que há de podre em mim, amadurecendo de trás pra frente até esverdear de novo e começar tudo outra vez.

Toca NxZero aêêê \o/!!!!!!!

Mas a vida é uma espiral ascendente, amigos. Não entramos no mesmo rio duas vezes: começamos cada novo ciclo com o que aprendemos no anterior [/paulocoelho]. Aprendi um pouco sobre a natureza múltipla do amor com vocês, por exemplo. Aprendi a absorver em vez de repelir com o Atillah, ao permitir que seu lodo niilista conspurcasse a imaculada face do meu unicórnio da minha fé e que suas companhias inusitadas passassem a constelar o meu universo. O Atillah me deu a Bel de presente, e a Bel vale uma infinidade de parabéns esquecidos. Way to go, Juno!

Encerro as reflexões natalícias de 2008 com um pertinente trecho da revista mexicana Letras Libres, colhido esta manhã durante meu percurso para MacaHell:

"[Oscar Wilde] Desacreditó el ideal romántico de sinceridad para sustituirlo por el más oscuro ideal de autenticidad. Al ser sincera con uno solo entre los muchos seres que la componen una persona es falsa ante todos los demás. Uma vida auténtica debe reconocer lo que se opone."


Autenticada em três vias,

--Xochiquetzal, a Velha.

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