Voa passarinho angustiado.
Eu queria dizer, em meu nome, e em nome de todas as estatísticas que freqüentam esse blog, que apreciamos o seu relato sobre o que existe do outro lado. Sério. Precisamos fazer isso mais vezes. Tipo, no seu próximo post.
Continuando nossa historinha de contrastes entre eu e você, queria dizer que as coisas que você descreve são realmente mind-bending, porém eu simplesmente passaria por elas com um “putaquipariu, preciso tomar uma cerva antes do dia terminar”. Normalmente resolve. Mas compreendo que para você seja um pouco mais complicado. Seu cérebro de “pessoa especial” deve funcionar como um amplificador dos detalhes esdrúxulos, tornando tudo mais vivo, colorido e insuportável. Já o meu, parece que bóia em uma câmara de privação de sentidos. Eu passo pela vida como se estivesse vendo televisão. Mesmo o que acontece à minha frente me parece muito distante, se assim eu o quiser.
É uma capacidade interessante essa, de considerar que o mundo em volta é apenas uma paródia ou versão mal-feita de um mundo real. É como se eu estivesse permanentemente preso no museu da Madame Tussaud. Faz-me pensar que realmente o mundo só existe na minha cabeça, e que se eu parar de acreditar nele tudo vai ruir. Pintinhos cor-de-rosa ameaçando minha sanidade? Bah, é só meu cérebro tentando deixar minha vida mais bizarra. Não existe nada de impressionante nisso; há muito tempo percebi que a humanidade pode ser divina e podre ao mesmo tempo. Nada que é humano me surpreende (mentira). Tudo que é humano me interessa (mentira também). Deixa isso pra lá e vai assistir a um filme que dá na mesma.
É lógico que às vezes eu te invejo, por você experimentar o mundo com toda essa vivacidade que me é opaca. Mas daí, já sabe né, eu olho pra fora, e aqui tá quentinho... Vai lá e me conta depois. Seja meu arauto, seja minha enviada e correspondente especial do mundo retalhado. Flane por essas planícies de sal, por essas ruínas de construções com ângulos impossíveis (Lovecraft :) ), por essas montanhas de resíduos humanos. Abra os olhos, veja bem, anote no caderninho, e depois volte para sua festa de boas-vindas.
Aliás, pensar nisso tudo me lembrou a filosofia barata de “Matrix”; considerando as nossas imensas diferenças de percepção do mundo, acho bastante provável que nós estejamos habitando/criando mundos literalmente separados e diferentes. Não sei exatamente onde fica a ponte de um para o outro, e acho admirável que eles tenham se chocado em algum momento.
Também é impressionante e improvável que tenhamos nos agarrado um ao outro, como forma de atravessar mais facilmente esse vale de lágrimas. Não que eu ache isso ruim ou queira desistir de nosso empreendimento e parceria, veja bem, só acho surpreendente.
No fim das contas, volto à imagem bicha e idílica de que somos anjos caídos. Anjos que se jogaram, melhor dizendo. E anjos de uma asa só, que precisam se agarrar uns aos outros pra tentar voar novamente pra algum lugar.
Atillah.
Continuando nossa historinha de contrastes entre eu e você, queria dizer que as coisas que você descreve são realmente mind-bending, porém eu simplesmente passaria por elas com um “putaquipariu, preciso tomar uma cerva antes do dia terminar”. Normalmente resolve. Mas compreendo que para você seja um pouco mais complicado. Seu cérebro de “pessoa especial” deve funcionar como um amplificador dos detalhes esdrúxulos, tornando tudo mais vivo, colorido e insuportável. Já o meu, parece que bóia em uma câmara de privação de sentidos. Eu passo pela vida como se estivesse vendo televisão. Mesmo o que acontece à minha frente me parece muito distante, se assim eu o quiser.
É uma capacidade interessante essa, de considerar que o mundo em volta é apenas uma paródia ou versão mal-feita de um mundo real. É como se eu estivesse permanentemente preso no museu da Madame Tussaud. Faz-me pensar que realmente o mundo só existe na minha cabeça, e que se eu parar de acreditar nele tudo vai ruir. Pintinhos cor-de-rosa ameaçando minha sanidade? Bah, é só meu cérebro tentando deixar minha vida mais bizarra. Não existe nada de impressionante nisso; há muito tempo percebi que a humanidade pode ser divina e podre ao mesmo tempo. Nada que é humano me surpreende (mentira). Tudo que é humano me interessa (mentira também). Deixa isso pra lá e vai assistir a um filme que dá na mesma.
É lógico que às vezes eu te invejo, por você experimentar o mundo com toda essa vivacidade que me é opaca. Mas daí, já sabe né, eu olho pra fora, e aqui tá quentinho... Vai lá e me conta depois. Seja meu arauto, seja minha enviada e correspondente especial do mundo retalhado. Flane por essas planícies de sal, por essas ruínas de construções com ângulos impossíveis (Lovecraft :) ), por essas montanhas de resíduos humanos. Abra os olhos, veja bem, anote no caderninho, e depois volte para sua festa de boas-vindas.
Aliás, pensar nisso tudo me lembrou a filosofia barata de “Matrix”; considerando as nossas imensas diferenças de percepção do mundo, acho bastante provável que nós estejamos habitando/criando mundos literalmente separados e diferentes. Não sei exatamente onde fica a ponte de um para o outro, e acho admirável que eles tenham se chocado em algum momento.
Também é impressionante e improvável que tenhamos nos agarrado um ao outro, como forma de atravessar mais facilmente esse vale de lágrimas. Não que eu ache isso ruim ou queira desistir de nosso empreendimento e parceria, veja bem, só acho surpreendente.
No fim das contas, volto à imagem bicha e idílica de que somos anjos caídos. Anjos que se jogaram, melhor dizendo. E anjos de uma asa só, que precisam se agarrar uns aos outros pra tentar voar novamente pra algum lugar.
Atillah.
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