Quando ouvi Jeff Buckley pela primeira vez, há uns dois anos atrás, não gostei de primeira. Achei meio fresco demais, muito cru -- com exceção da extática versão da "Hallelujah" de Leonard Cohen, que na voz de Buckley é a canção mais bonita do mundo. Dois anos de histeria musical passaram e "Hallelujah" permanece na minha pole position. Infelizmente não encontrei uma versão melhor no youtube, portanto virem-se e baixem a versão original, que é simplesmente... "Hallelujah":
Por acaso decidi revisitar a obra de Buckley na semana passada, para ver se minha primeira impressão seria mesmo a que ficaria -- se ao menos alguém houvesse me prevenido a respeito da porrada lírica que tomei... Estou tonta até hoje, e nem comecei a abarcar a enormidade da obra do rapaz (composta basicamente dos álbuns Grace e Sketches for My Sweetheart the Drunk, mais um monte de coisas encontráveis online). Todas as canções de Buckley são memoráveis em seu je ne sais quoi de diáfano, de troubadour urbano, de experimentos melódicos, letras angustiadas e vocais transfigurados. A que anda grudada na minha cabeça é a belíssima "Satisfied Mind" (infelizmente não encontrei o vídeo da versão de estúdio, damn you Sony Music!!):
Fica aqui o poema "New Years' Prayer" (pode-se ver Buckley declamando o mesmo em http://www.youtube.com/watch?v=Ue_S1lkSNBQ&feature=PlayList&p=4E9A16010C998299&index=5 -- não quero o Atillah me acusando de mania ao postar mil vídeos aqui):
"New Year's Prayer" - Jeff Buckley
You, my love, are allowed to forget about the Christmas you just spent stressed out in your parents' house. You, my love, are allowed to shed the weight of all the years before, like bad disco clothes. Save them for a night of dancing stoned with your lover. You, my love, are allowed to let yourself drown every night in bottomless wild and naked symbolic dreams. You, my love, in sleep, can unlock your youth and your most terrifying magic, and dreaming is for the courageous.
You, my love, are allowed to grab my guitar and sing me idiot love songs if you've lost your ability to speak (keep it down to 2 minutes). You, my love, are allowed to rot, and to die, and to live again, more alive and incandescent than before.
You, my love, are allowed to beat the shit out of your television, choke its thoughts and corrupt its mind, kill kill kill, kill the motherfucker before the song of zombified pain and panic and malaise and its narrow right-wing vision and its cheap commercial gang-rape becomes the white noise of the world; turnabout is fair play. You, my love, are allowed to forgive and love your television. You, my love, are allowed to speak in kisses to those around you and those up in heaven.
You, my love, are allowed to show your babies how to dance, full-bodied, starry-eyed,audacious, supernatural and glorified. You, my love, are allowed to suck in every single endeavor. You, my love, are allowed to be soaked like a lover's blanket in the New York summertime with the wonder of your own special gift.
You, my love are allowed to receive praise. You, my love, are allowed to have time. You, my love, are allowed to understand. You, my love, are allowed to love. Women, disobey. Little men, believe. You, my love, are a rebellion.
A gratuidade da beleza nesse mundo jamais deixará de me espantar, assim como a banalidade de certas mortes e tanto sofrimento em vão.
Aos poetas mortos!
--Xochiquetzal.
Por acaso decidi revisitar a obra de Buckley na semana passada, para ver se minha primeira impressão seria mesmo a que ficaria -- se ao menos alguém houvesse me prevenido a respeito da porrada lírica que tomei... Estou tonta até hoje, e nem comecei a abarcar a enormidade da obra do rapaz (composta basicamente dos álbuns Grace e Sketches for My Sweetheart the Drunk, mais um monte de coisas encontráveis online). Todas as canções de Buckley são memoráveis em seu je ne sais quoi de diáfano, de troubadour urbano, de experimentos melódicos, letras angustiadas e vocais transfigurados. A que anda grudada na minha cabeça é a belíssima "Satisfied Mind" (infelizmente não encontrei o vídeo da versão de estúdio, damn you Sony Music!!):
Fica aqui o poema "New Years' Prayer" (pode-se ver Buckley declamando o mesmo em http://www.youtube.com/watch?v=Ue_S1lkSNBQ&feature=PlayList&p=4E9A16010C998299&index=5 -- não quero o Atillah me acusando de mania ao postar mil vídeos aqui):
"New Year's Prayer" - Jeff Buckley
You, my love, are allowed to forget about the Christmas you just spent stressed out in your parents' house. You, my love, are allowed to shed the weight of all the years before, like bad disco clothes. Save them for a night of dancing stoned with your lover. You, my love, are allowed to let yourself drown every night in bottomless wild and naked symbolic dreams. You, my love, in sleep, can unlock your youth and your most terrifying magic, and dreaming is for the courageous.
You, my love, are allowed to grab my guitar and sing me idiot love songs if you've lost your ability to speak (keep it down to 2 minutes). You, my love, are allowed to rot, and to die, and to live again, more alive and incandescent than before.
You, my love, are allowed to beat the shit out of your television, choke its thoughts and corrupt its mind, kill kill kill, kill the motherfucker before the song of zombified pain and panic and malaise and its narrow right-wing vision and its cheap commercial gang-rape becomes the white noise of the world; turnabout is fair play. You, my love, are allowed to forgive and love your television. You, my love, are allowed to speak in kisses to those around you and those up in heaven.
You, my love, are allowed to show your babies how to dance, full-bodied, starry-eyed,audacious, supernatural and glorified. You, my love, are allowed to suck in every single endeavor. You, my love, are allowed to be soaked like a lover's blanket in the New York summertime with the wonder of your own special gift.
You, my love are allowed to receive praise. You, my love, are allowed to have time. You, my love, are allowed to understand. You, my love, are allowed to love. Women, disobey. Little men, believe. You, my love, are a rebellion.
A gratuidade da beleza nesse mundo jamais deixará de me espantar, assim como a banalidade de certas mortes e tanto sofrimento em vão.
Aos poetas mortos!
--Xochiquetzal.
2 comentários:
Impossível comentar a obra de Jeff Buckley... A explosão de sentimentos que ela provoca em mim é inexplicável e me engasga, de modo que não consigo me expressar de com palavras. Isso me faz bem, mas ao mesmo tempo me faz chorar e me angustia dias seguidos por saber que ele já se foi e por me fazer perceber que pessoas como ele não nascerão mais (ou apenas poucas nascerão)..
Minha primeira impressão de Jeff foi a mesma, até que comecei a sentir a paixão com a qual ele toca e canta, e também a paixão com que ele fez suas músicas!
E além de tudo me parecia ser uma agradável companhia!
Uma das maiores perdas já ocorridas...
Pois é... desde que postei sobre Buckley ando imersa em sua obra, cada vez mais abismada com seu lirismo, com a profundidade e crueza de sua voz e letras. Foi uma descoberta tardia, mas necessária. Não acredito que vivi tanto tempo sem ouvir "Hallellujah" (que continua sendo a mais bela canção do mundo), "Dream Brother", "Je Ne Connais Pas Le Fin"...
A morte de Buckley, como a de outras paixões minhas (Stevie Ray Vaughan vem à mente) foi realmente tosca. Inacreditável. Acho que só mesmo Mama Cass e John Bonham ganham no quesito causa mortis absurda...
Mais uma vez, aos poetas mortos. Que permaneçam sempre sussurando seus versos no escuro de nossas almas!
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