sexta-feira, 20 de novembro de 2009

about: FFFFFFFFFUUUUUUU

Olá, companheiros.

Que saudade de abrir meu eu aqui. Mais uma vez, vou usar isso aqui como um... como é que o Atillah chama mesmo? "Waste basket emocional"? Bom, pro inferno as nomeclaturas e utilidades; o que seria a internet sem diarinhos e que graça teria esse diarinho virtual em especial, compartilhado, se não fosse eu e a X. enxaquecando alternativamente e o Atillah fingindo estar apenas observando nossa jornada psicodélica endo-nosostras e que acabamos regurgitando por aqui?

Enfim, divago. O desejo latente de escrever me tornou prolixa, tenham paciência comigo.

O fato é: eu me fodi. Me fodi gostoso. Deturpando as mais obscuras fantasias de um amigo meu que adora cus, alguém pegou o meu singelo briosco, tacou sal, um pouco limão, e arrombou com uma pica de 25 cm por 9 de diâmetro.
- Mas por que, Bel? - perguntam-se nossos leitores imaginários.

Sabe o Wally, aquele menininho sapeca que soltou minha mão e se perdeu no meio do mundo enquanto eu estava ocupada olhando as vitrines da Avenida Capitalismo-Filho-da-Puta? Descobri, como o realmente ótimo Zeitgeist me ensinou, que o mundo é mesmo uma ilusão criada por mim. Tudo que é importante, valores que elevo, características que prego, tudo é fruto da minha own personal Matrix. Bom, e aí que Wally se foi. E foi aí que eu descobri que por trás da ilusão, estou cercada do mais imenso e vasto e profundo mar no qual já mergulhei (esse, infelizmente, sem tartarugas pra eu caçar com o olhar). Tarde demais, no entanto, descobri que o Wally era a bóia que me mantinha sã, era onde eu me agarrava pra conseguir respirar.
Sem Wally, um par de mãos gélidas insistem em empurrar minha cabeça pra dentro d'água, me afogando. Passei da resignação ao desespero em duas inspirações de pura água salgada.
Trocando em miúdos, meus queridos amigos, eu me fodi.

O Atillah é um engraçadinho, debochando de nossas (supostas) tentativas de "ficar limpas", mas o fato é que foi exatamente andar com os tatus que me fez quebrar de vez. Minha maior fonte de prazer, aquele cheiro que sempre fazia brotar um sorriso no rosto, a base das minhas mais enebriantes e eufóricas e agradáveis memórias; a dona Juana resolveu que não gostava mais de mim. Fui assaltada por bad trips assombrosas, parei, achei que tinha melhorado, voltei, e aí tive uma crise que me congelou até os ossos.
Por que? Porque ela veio enquanto eu estava absolutely sober.

Ter crise de pânico já tava sendo de praxe enquanto eu dançava o hula com os tatus, mas quando tive isso sóbria, fiquei assustada. Normalmente, essa sensação de afogamento vem e vai com facilidade, mas sóbria parece que não tem cura. Sóbria realmente dá a impressão de que vou morrer, já que, porra, não tem COMO ser "só uma bad trip" se eu tô fuckin' sóbria.

Hospital, médicos, pronto-socorro, medo de sair de casa e nove calmantes por dia: c'est moi!
Logo eu, que sempre fui uma pessoa tranqüila e equilibrada, zen e temperada, fácil de lidar e resiliente, sofrendo às custas de um mal tão psicológico que virou mais lógico do que psico.

Eis me aqui, agora. Despesa gigante com médicos, um medo monstruoso de ter outra crise de medo, medo de viajar, de ficar sozinha em casa e VAI SE FODER se você ousar falar que "é tudo coisa da sua cabeça", Atillah. Quisera eu saber a cura pra isso. Quisera eu saber ao menos a causa disso tudo. Quisera eu voltar a ser normal, a ser eu mesma. Desbravadora, aventureira, bradando meus punhos perante o mundo que me desafia, praticamente uma Xena blogueira.

Mas eu não me reprimo. Não, não. Aí eu me refugio em vocês.


De jeito nenhum. Só sobre o meu cadáver.

E em todas as outras coisas boas que me constroem. Todas as experiências horríveis que já tive e que venci (com algumas cicatrizes), todas as gargalhadas que brotam de mim sem esforço, todo o suor que já verti em busca do que acredito.
Eu sou forte. Eu sou guerreira. Eu sou O Cara. Eu não sou um pintinho molhado, procurando piedade ou alguém pra caçar minhocas para mim. É com essa técnica de homem-bomba que venho sobrevivendo: toda vez que mais uma crise de medo se antecipa na esquina, eu grito com ela. Grito "MEDO DE QUE, SUA VAGABUNDA? ENTÃO VEM ME PEGAR, PORRA". O pior é que ela me responde. Gelada. Intensa. Derretendo minhas entranhas.

Você não sabe o que está acontecendo. Eu venho sem te avisar, sem dar tempo de reação. Eu falo, e você me escuta. Já pensou que você pode estar realmente louca? Vai ter que se tratar. Vai viver comigo o resto da vida. Tomar remédio. Vai ter medo de ficar sozinha e do escuro. Você tá ficando louca.
Lllllllllloooooouuuucccccccaaaaaaa.




E assim vou indo, alternando-me entre uma coragem e força pra lutar semelhante à dos vikings e um medo que me reduz a um ser encolhido, tremendo e com falta de ar no sofá, que só encontra sossego nos braços de Morfeu.

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Uma parte engraçada disso são os sonhos. Tenho dois sonhos com um background repetido e constante, e só o desfecho muda. Vou contar aqui, já que essa merda de blog É SIM A PORRA DO MEU DIARINHO.

O sonho 1 é numa estação de trem. A situação é sempre a mesma: eu chego num ônibus, atrasada, correndo e esbaforida; e preciso pegar um trem que vai na direção contrária, ou seja: preciso passar pro outro lado da plataforma. Umas duas vezes eu atravessei todalôca pelos trilhos mesmo, esperando os trens passarem, que nem a gente faz pra atravessar a rua. Da última vez eu fiz a coisa certa, que foi dar a volta pela escada rolante e chegar do outro lado, sã e salva. Os transeuntes do meu sonho já devem me ver por lá e falar "ó lá a doidinha do busão".

O sonho 2 envolve a srta. Bel-Doida-de-Pedra observando um cavalo e um índio de peito nu copulando felizes sendo atacados por um urso preto gigante. Sempre começa assim: eu, toda pimposa, observando o índio cavalgando por um campo. Então, aparece o urso.
Da primeira vez, o urso derrubou o índio do cavalo e devorou o pobrezinho numa bocada só, enquanto o cavalo fugia. Da segunda vez, atacou os dois só de farra, sem comer ninguém. A última vez me fez acordar até com enjoo, já que o urso resolveu devorar o cavalo. Jogou o índio no chão, o cavalo galopava pra tentar fugir enquanto o urso devorava o cavalo VIVO, que ainda corria tentando escapar, sem um pedaço da pata, com um pedaço das costas na carne crua e espalhando um monte de sangue pelo campo.

Tenho quase certeza que deve ser meu inconsciente tentando me falar alguma coisa, ainda mais agora que eu resolvi colocar no papel por escrito, mas essas duas doses de vodka* estão me tornando tão misantropa que tô com vontade de mudar meu nome pra Chinaski, e também porque já aloprei demais nossos leitores imaginários com essa conversa de gente doida.

Vocês ainda vão me amar se eu começar a crer que sou o Napoleão Bonaparte, né?


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Em resumo, só sei que me fodi. Não sei a cura, não sei a causa, não sei pra onde corro, não sei que trem pego nem se chamo alguém pra cuidar dos meus wild but partly-eaten horses nem se caso ou se compro uma bicicleta.

Na vida real, pela primeira vez na minha existência, sou uma cocota popular. A high-society da cidade me descobriu, adoram meu "estilo moderno", nunca viram nem conversaram com um ser mais inteligente que um pedaço de polenta frita (pudera...), e por isso me adoram, me acham engraçadíssima, espirituosa, não me deixam em paz nenhum fim de semana, sempre me chamando pras festas "mais badaladas", minhas companheiras de bar são as meninas mais gostosas da cidade, as mesmas que alguns anos atrás eu chamava de "putinhas de luxo". O mundo dá voltas. Por fora, o novo brinquedinho dos Sebastians e Kathryns da cidade; por dentro, a mesma louca -porém um pouco em frangalhos- de sempre. Spell "ironic" for me, student.



Trocando ideia alegremente com uma bola de vôlei com uma carinha feliz pintada,
Bel, a Louca.


*Ah é! Boas novas: parei com os tatus, mas continuo o mesmo pudim de pinga de sempre.

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