Amigos, que bom ler vocês novamente. Na boa. Bom pra caralho. Tão bom que vou deixar minha absurdamente protelada consideração sobre "Martyrs" para depois, só para tentar responder aos seus posts à altura:
Bel: a gente vai acinzentando até que o gris da alma chega ao ponto de se manifestar em ossos olhos e cabelos. Passamos a definir a vida baseado no que fazemos em vez de no que somos, e quanto mais fazemos, menos somos -- acabando por tentar preencher o vazio do nosso ser com mais e mais fazer, que nem sempre acaba no "final feliz" do mais TER. Quanto mais trabalhamos, mas precisamos trabalhar. Uma rotina oompa-loompa de trabalho traz com ela despesas embutidas --alimentação porca e esporádica pela rua, remédios de todo tipo para tratar os males causados pelo stress, surtos consumistas completamente desnecessários causados por profunda descompensação psíquica... acabamos trabalhando para sustentar o próprio estilo de vida insalubre causado pelo trabalho. Trabalho de Sísifo, literalmente.
Não contentes em sermos escravos, pagamos pela senzala imunda que nos abriga dos elementos e pela ração de cada dia. Financiamos a chibata do feitor em dezessete vezes sem juros nas Casas Bahia e compramos sorridentes nossas cangas com IPI reduzido. Estou na lesma lerda após passar por exatamente a mesma coisa no semestre passado e ter jurado que jamais me deixaria apanhar nas insidiosas teias laborais novamente, mas tudo bem: errar é humano, repetir o erro é burrice, mas como sou a burra mais genial que conheço, dou permissão a mim mesma de errar mais do que o necessário para aprender as lições essenciais da vida. Bate na preta não, nhonhô. Bate na preta não, nhonhô, porque a preta lê livros, a preta se informa, a preta pensa nas coisas quando não está cortando cana -- e um dia a preta queima a Casa Grande com os Sinhozinho tudo dentro.
(Castro Alves passa cheirando rapé)
Bel, colega de cativeiro: estamos presas em armadilhas criadas por nós mesmas. Podemos sair quando quisermos -- o verbo não é poder, é querer. Fomos condicionadas a acreditar que precisamos das coisas pelas quais trocamos horas insubstituíveis de vida, e, psicologicamente falando, abandonar esse mindset é o parto solitário de um bebê cabeçudo às margens do rio Araguaia -- dirigido por Jaime Monjardim. Mas dor é coisa que passa. O que não passa é a sensação de estar pagando de otário quando sabemos exatamente onde e como estamos errando. Criamos a gaiola, mas também a chave: basta ter a coragem de sair portinhola afora quando vierem trocar nossa água.
MAS...
eoalugueleaprestaçãodamáquinadelavareoqueosoutrosvãodizere meunomevaiproSPCeafaturadocartão?
O perigo está nos MAS. Se joga, mona: as coisas boas vêm de correr riscos. Você não precisa trabalhar do jeito que está trabalhando. Você não vai pra debaixo da ponte, pra esquina rodar bolsinha ou pra fila do sopão da igreja. Surta, manda tudo tomar no cu. E se você descobrisse que está com uma doença incurável hoje? Continuaria o que está fazendo agora? Não. Guess what: você tem uma doença incurável, sista -- uma doença chamada intelecto. Live with it, babe. Don't let it drag you down to the grave. Graves are for lemmings -- we are supposed to die in a much more glamourous way: choking in our own vomit, chasing the dragon in an opium den in Bangkok, having a heart attack during an orgy, freezing to death while singing Piaf by the Seine with a Gaulois hanging from our lipstick-stained lips. Do not go gentle into that good night.
MAS... quem caralhos sou eu pra fazer um discurso desses quando não passo de mais um lemming? Xochiquetzal, teu nome é hipocrisia? Hold your horses, folks: eu sou um lemming furioso, um lemming semeando a discórdia, um lemming Molotov que quer ver o circo pegar fogo. Faço parte do sistema mas não pertenço a ele. Pode ser que seja bullshit, mas desde meu último post meu jugo é mais leve: no meu segundo Momento Amy Winehouse 2009, declarei que não trabalho mais antes das duas horas da tarde, e se nhonhô não gostar que arrume uma preta mais prendada, honesta e limpinha do que eu. Também larguei meus alunos particulares de sábado, fonte maior de renda -- renda destinada a sustentar um estilo de vida aberrante. Grandesbosta? Pode ser. Mas não me culpo por colocar o pezinho nas águas do FODASE, ir molhando as perninhas devagarinho, deixando o rebel yell molhar minha cintura antes de mergulhar de cabeça na vagabundagem.
E, Bel, se a minha imponente bunda pode vagar por aí, a sua também pode. Vaguemos bundas pelas areias de Costa Azul, mirando tartarugas, fazendo o mínimo esforço necessário para obter o que realmente precisamos -- coisa possível para moças de nosso métier apenas aqui, onde o sangue negro corre aos borbotões. Saia do armário, deixe Nárnia antes que a Rainha do Gelo (?) se apodere do seu coração, venha bundear conosco. Três pessoas e quatro gatos têm infinitas chances mais de encontrar Wally do que uma mártir entorpecida.
MAS... você que sabe.
I'm sick of giving creeps more of my soul. What about you?
Termino esse post-pregação-semi-hipócrita com uma citação que me ocorreu ao ler o I Told You So de nosso querido Huno:
"THE ROAD OF EXCESS LEADS TO THE PALACE OF WISDOM"
--Proverbs of Hell, William Blake
Quando você atingir massa crítica, lembre-se que tem onde abrigar seu coração supernova. Sempre.
--Xochiquetzal.
P.S. - O mesmo vale pro Huno, estrela anã de 23 graus centígrados, buraco negro de nossas angústias: sempre haverá um panelão de sopa cósmica te aguardando aqui.
Bel: a gente vai acinzentando até que o gris da alma chega ao ponto de se manifestar em ossos olhos e cabelos. Passamos a definir a vida baseado no que fazemos em vez de no que somos, e quanto mais fazemos, menos somos -- acabando por tentar preencher o vazio do nosso ser com mais e mais fazer, que nem sempre acaba no "final feliz" do mais TER. Quanto mais trabalhamos, mas precisamos trabalhar. Uma rotina oompa-loompa de trabalho traz com ela despesas embutidas --alimentação porca e esporádica pela rua, remédios de todo tipo para tratar os males causados pelo stress, surtos consumistas completamente desnecessários causados por profunda descompensação psíquica... acabamos trabalhando para sustentar o próprio estilo de vida insalubre causado pelo trabalho. Trabalho de Sísifo, literalmente.
Não contentes em sermos escravos, pagamos pela senzala imunda que nos abriga dos elementos e pela ração de cada dia. Financiamos a chibata do feitor em dezessete vezes sem juros nas Casas Bahia e compramos sorridentes nossas cangas com IPI reduzido. Estou na lesma lerda após passar por exatamente a mesma coisa no semestre passado e ter jurado que jamais me deixaria apanhar nas insidiosas teias laborais novamente, mas tudo bem: errar é humano, repetir o erro é burrice, mas como sou a burra mais genial que conheço, dou permissão a mim mesma de errar mais do que o necessário para aprender as lições essenciais da vida. Bate na preta não, nhonhô. Bate na preta não, nhonhô, porque a preta lê livros, a preta se informa, a preta pensa nas coisas quando não está cortando cana -- e um dia a preta queima a Casa Grande com os Sinhozinho tudo dentro.
(Castro Alves passa cheirando rapé)
Bel, colega de cativeiro: estamos presas em armadilhas criadas por nós mesmas. Podemos sair quando quisermos -- o verbo não é poder, é querer. Fomos condicionadas a acreditar que precisamos das coisas pelas quais trocamos horas insubstituíveis de vida, e, psicologicamente falando, abandonar esse mindset é o parto solitário de um bebê cabeçudo às margens do rio Araguaia -- dirigido por Jaime Monjardim. Mas dor é coisa que passa. O que não passa é a sensação de estar pagando de otário quando sabemos exatamente onde e como estamos errando. Criamos a gaiola, mas também a chave: basta ter a coragem de sair portinhola afora quando vierem trocar nossa água.
MAS...
eoalugueleaprestaçãodamáquinadelavareoqueosoutrosvãodizere meunomevaiproSPCeafaturadocartão?
O perigo está nos MAS. Se joga, mona: as coisas boas vêm de correr riscos. Você não precisa trabalhar do jeito que está trabalhando. Você não vai pra debaixo da ponte, pra esquina rodar bolsinha ou pra fila do sopão da igreja. Surta, manda tudo tomar no cu. E se você descobrisse que está com uma doença incurável hoje? Continuaria o que está fazendo agora? Não. Guess what: você tem uma doença incurável, sista -- uma doença chamada intelecto. Live with it, babe. Don't let it drag you down to the grave. Graves are for lemmings -- we are supposed to die in a much more glamourous way: choking in our own vomit, chasing the dragon in an opium den in Bangkok, having a heart attack during an orgy, freezing to death while singing Piaf by the Seine with a Gaulois hanging from our lipstick-stained lips. Do not go gentle into that good night.
MAS... quem caralhos sou eu pra fazer um discurso desses quando não passo de mais um lemming? Xochiquetzal, teu nome é hipocrisia? Hold your horses, folks: eu sou um lemming furioso, um lemming semeando a discórdia, um lemming Molotov que quer ver o circo pegar fogo. Faço parte do sistema mas não pertenço a ele. Pode ser que seja bullshit, mas desde meu último post meu jugo é mais leve: no meu segundo Momento Amy Winehouse 2009, declarei que não trabalho mais antes das duas horas da tarde, e se nhonhô não gostar que arrume uma preta mais prendada, honesta e limpinha do que eu. Também larguei meus alunos particulares de sábado, fonte maior de renda -- renda destinada a sustentar um estilo de vida aberrante. Grandesbosta? Pode ser. Mas não me culpo por colocar o pezinho nas águas do FODASE, ir molhando as perninhas devagarinho, deixando o rebel yell molhar minha cintura antes de mergulhar de cabeça na vagabundagem.
E, Bel, se a minha imponente bunda pode vagar por aí, a sua também pode. Vaguemos bundas pelas areias de Costa Azul, mirando tartarugas, fazendo o mínimo esforço necessário para obter o que realmente precisamos -- coisa possível para moças de nosso métier apenas aqui, onde o sangue negro corre aos borbotões. Saia do armário, deixe Nárnia antes que a Rainha do Gelo (?) se apodere do seu coração, venha bundear conosco. Três pessoas e quatro gatos têm infinitas chances mais de encontrar Wally do que uma mártir entorpecida.
MAS... você que sabe.
I'm sick of giving creeps more of my soul. What about you?
Termino esse post-pregação-semi-hipócrita com uma citação que me ocorreu ao ler o I Told You So de nosso querido Huno:
"THE ROAD OF EXCESS LEADS TO THE PALACE OF WISDOM"
--Proverbs of Hell, William Blake
Quando você atingir massa crítica, lembre-se que tem onde abrigar seu coração supernova. Sempre.
--Xochiquetzal.
P.S. - O mesmo vale pro Huno, estrela anã de 23 graus centígrados, buraco negro de nossas angústias: sempre haverá um panelão de sopa cósmica te aguardando aqui.
"Money" - Pink Floyd
"Time Bomb" - Rancid
"Boom Boom" - John Lee Hooker
2 comentários:
"Três pessoas e quatro gatos têm infinitas chances mais de encontrar Wally do que uma mártir entorpecida".
Podem me chamar de bicha, mas eu chorei depois de ler esse trecho. Saudade, vontade, querer, precisar, temer, hesitar, imaginar. E se?
Vocês dois estão se revezando na missão de foder a minha mente.
Xochiquetzal, te devo um sorriso enorme regado a lágrimas. Cada vez que eu penso que já conheço o que tenho pra conhecer da sua pessoa, você vem e me surpreende.
Queria um grand finale pra esse comentário, mas você me fodeu tanto (heh) que só posso terminar do modo mais tradicional possível:
Luv you, psycho.
xxx
Awwwn.
Luv you too, twisted sister.
And I'll be waiting for you here. Tipoassim forever.
Tomorrow is a long time,
--X.
Postar um comentário