segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O novo Iluminismo asinino.


Mais informação = mais inutilidade

Fico feliz pelo seu retorno, sã e salva, da Terra do seu Cérebro Desmilinguido. Você e sua sanidade vão navegar por esses territórios não-cartografados, e depois você fica reclamando que foi foda. Eu falei que aqui tava melhor. Viu?

Cada vez que você vai, eu me sinto como mulher de bandido; você sai pra comprar um cigarro e nunca sei se você volta. Vão se foder você e a sua disposição para ficar me emasculando na frente de todo mundo. Só faltou eu fazer um post: “Volta pra mim, por favor”. Mas ainda não decaí a esse ponto.

Você nos deve. Você deve a mim e aos leitores que as estatísticas do Google Analytics dizem que já não são tão imaginários assim. O mínimo que você pode fazer em prova de boa-vontade e arrependimento, é nos entreter contando as histórias do que aconteceu lá. Você já viu aqueles filmes da época elizabetana, quando eram organizadas festas de arromba só para que os viajantes contassem para toda a corte como foi sua viagem? O que viu, o que os outros povos fazem, que tipos de animais existiam na terra longíqua? Então. Tá todo mundo reunido aqui. Espero que a história seja boa para justificar sua ausência.

Esmere-se no seu próximo post. Você nos DEVE.

Mas no seu último post você tocou em algo que também me intriga: como é possível que nós todos não estejamos estupefatos e descaralhados de surpresa o TEMPO TODO, ao ver a revolução de informação que acontece à nossa volta? Eu entro na internet e fico horas todo dia; e não me canso de ficar maravilhado com a quantidade de informação que tenho em mãos, com os recursos para manter relacionamentos com pessoas de quem eu não sei nem o nome e nem o rosto, com o acesso a livros, filmes e músicas que eu nunca poderia nem sonhar em conhecer, caso precisasse pagar por isso.

É absolutamente impressionante a facilidade de se aprender coisas com os recursos da rede, e mesmo assim, estamos cada vez mais estúpidos. Como pode?

Tem aquela desculpa, de que existe muita merda na internet, e que é difícil achar algo interessante no meio de tanta imbecilidade. Mas infelizmente esse desculpa não cola mais pra mim; cheguei em um ponto em que eu já sei como procurar as coisas que quero, driblando e evitando o material inútil. Já sei como descobrir bandas novas BOAS. Já sei como achar os lançamentos literários. Já sei como pegar filmes europeus e onde achar legendas em inglês. Já sei com quem falar e começar novas amizades. Já sei quem ignorar e como xingá-lo da forma mais engraçada e eficiente possível.

E, logicamente, não sou especial. Muitas pessoas também sabem fazer isso. É bastante provável que daqui a algumas décadas essa geração internet coloque-se de fato no poder. Eu espero que com todo esse cabedal de informações acumuladas, vindo de fontes mais cosmopolitas que quaisquer outras fontes que já tenham existido, eu espero que pelo menos essa geração seja mais tolerante com as diferenças. E que entenda que a informação deve ser livre, que cada um tem o direito de se expressar como achar melhor.

Quem sabe, com um pouco de esperança, possamos pensar em um novo Iluminismo. Dessa vez em nível mundial e com comunicação imediata entre os interessados, e não dependendo de uma Europa feudal, colonizadora e com laços de comunicação esfarrapados para fora de seus domínios.

Também acredito que esse Iluminismo será feito com base em um monte de pessoas estúpidas, paradoxalmente. Vai ser espetacular ver um monte de imbecis com tanta informação na mão. Como você falou: eu quero ver o circo pegar fogo.

Viva las internets!!

Atillah

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