domingo, 30 de setembro de 2007

Post alcoolizado

Porque é manhã de domingo e eu nem me lembrava mais de que manhãs de domingo existiam.

Estou isolada do meu habitat.

Depois de uma noite de sábado.

Tendo que reler cada palavra de escrevo e consertar coisas múltiplas vezes.

Depois de ter lildo esse texto no http://www.theonion.com/content/opinion/im_in_an_open_relationship_with e ter achado MUITO engraçado, vou copiá-lo aqui e vou dormir. Talvez quendo eu acordar eu mude de idéía.

He he he =)

...levei 45 minutos pra escrever esse texto.

Putz.

--X.


I'm In An Open Relationship With The Lord

By Bonnie Nordstrum
Polytheist
September 26, 2007 | Issue 43•39

Open Relationship

With Jesus as my personal Savior, I felt like I had it all. But then we hit a rough patch, and before long, I was beginning to question both my faith in Him and His commitment to me. At one point, it seemed the relationship was doomed. But I did a lot of soul searching, and together we found a solution that fit both of our needs by adopting an alternative theological lifestyle.

Now that I'm in an open relationship with the Lord, I feel a greater spiritual satisfaction than I've ever known.

It all started when I was 16 and first asked Jesus to enter my heart. It was incredible. He filled me up with His love. I'd never been redeemed before, but with Jesus it felt so right, as if the sins of the world had been lifted off my shoulders. For a while there, we were communing via the sacraments several times a week! And every night we spent what seemed like hours in long, mutually satisfying sessions of prayer. I worshipped Him.

Soon the honeymoon period ended, however. Whenever I spoke to Him, He seemed distracted and distant—sometimes I wondered if He was listening at all. Daily devotionals felt like we were just going through the motions of repetitive, meaningless dogma. A few months later, I made a potentially disastrous discovery: I found out I wasn't the only one He was sanctifying.

One day, I overheard my coworker Sally talking on the phone about how much God had helped her through her recent divorce. She said she "saw the light" after just one night with Him. At first I kept thinking, "Is she talking about the same Savior?" The next Sunday, I followed her to an unfamiliar church on the edge of town and just sat in my car for a while in disbelief. I finally walked up to the front door, but before I could open it, I heard the unmistakable sounds of ecstatic praise coming from inside. There was no denying it. I'd caught Sally red-handed, making a joyful noise unto my own special Lord.

I was devastated. How could He do this to me? Here I had let Him into my soul in the most intimate way possible, and He had betrayed our personal bond by accepting the thanks and adulation of Sally, and God knows how many others as well. I was humiliated I ever let Him wash my soul in His blood in the first place.

But I began to realize that He wasn't the only one who needed more. Hadn't I been growing tired of reciting the same old liturgy week after week? So I steeled myself with a stiff drink of communion wine, opened up my Bible, and confronted Him. In His divinely inspired scriptures, I learned that I hadn't driven Him to seek out others. He just needed to redeem as many sinners as He could to fulfill His destiny as Messiah. It was part of who He was.

If He could forgive me all of my trespasses, shouldn't I do the same for Him? He saved my soul, and now it was up to me to save the relationship. I decided then and there to start experimenting outside the boundaries of traditional monotheistic worship.

To be honest, I'd been flirting with polytheism all along by accepting the doctrine of the Trinity and simultaneously worshipping the Father, Son, and Holy Ghost. If I could see all three of them as viable deities, why not others? I took it slow at first. I'd always been a strict Protestant, but I started practicing some Catholicism on the side. Before long, I was meditating on the Buddha. I felt serenity coursing through my body like never before!

The Lord my God is a jealous God, and He didn't like the idea at first. He made it very clear that I should take no God before Him—but he never mentioned anything about taking one after Him! And now that I've opened myself up to exciting new spiritual experiences, our bond is stronger than ever.

I've gone to Native American drum circles, New Age channeling workshops, and Shinto temples. I hung a mezuzah over my door, and last summer I made a pilgrimage to Mecca. I even spent a weekend in a no-holds-barred, worship free-for-all with two dozen Hindu gods!

See, we have an understanding: He can save any sinner He wants, and I can worship any deity I want. But we are still together. Some may think it's strange, but I'm no longer worried about other people's unenlightened moralizing. My spiritual life is better then ever! I love God—heck, I love all of them—and I am one deeply, deeply fulfilled woman.


terça-feira, 25 de setembro de 2007

Michael Stipe Gary Jules & Os Pintinhos Coloridos

Sacanagem.


Awwww.

Você ficou com saudades de mim. Os leitores não-tão-imaginários assim devem ter ficado com saudades de mim também.

Awwww.

Nunca consigo deixar de me surpreender com os efeitos de minha ausência na vida das pessoas -- não por falta de auto-estima, mas sim pela consciência da minha condição de fraude humana e criatura de existência quase que puramente conceitual. Sou no papel, e não no viver; meu status de "café-com-leite" no pique-pega da vida me dá vantagens, como a de resolver parar de jogar quando bem entender, e desvantagens, como a de jamais ser levada a sério. Acostumei-me a estar à margem do rio do mundo, uma sapa maníaca, anfíbia social. Quando minha ausência se faz sentir e eu percebo que não sou tão efêmera assim eu me comovo.

Awwww.

Mas ó, terça-parte de minh'alma e não-tão-imaginários-assim leitores: eu prometo que dessa vez eu voltei por um bom tempo. Melhor ainda (já que a minha palavra vale menos do que areia no deserto): uma série de comprimidinhos rosa-claros promete que dessa vez eu ancorei minha fragata, acompanhada por um grupo de comprimidinhos brancos que brada ao povo que fico. Se algum dia vocês despertarem sem o calor de meu corpo calipígio ao seu lado, com um pedaço de papel de pão com um smiley, um beijo de batom borrado e um "FUI!" no ímã da geladeira, culpem a Pfizer, a Libbs e a Roche. E não se desesperem, que como qualquer gata no cio eu
sempre volto. Coberta de parasitas mentais e prenhe de idéias insólitas, mas volto.

*esfrega-se nas pernas dos leitores*

*ronrona obscenamente ao ser afagada pelo companheiro de blog*

*vira a barriguinha pra cima*

Depois desse mea culpa felino, resta-me descrever algumas paisagens noturnas e cenários oníricos que observei durante meu desterro. Algumas o Atillah já conhece via MSN, outras não; espero que os leitores apreciem esse mosaico de impressões distorcidas que descortinarei diante deles.

EXHIBIT ONE: MICHAEL STIPE GARY JULES & THE RAINBOW CHICKS
Meio-dia de quarta-feira, sol escaldante, quatro quilos de livros na bolsa, saio do trabalho a caminho do restaurante vegetariano. A rua é das mais movimentadas da cidade, carros, fumaça, berros, ambulantes se apinhando nas calçadas exíguas onde duas pessoas não conseguem andar ombro a ombro. Confusão de ônibus, caminhões, monóxido de carbono, poeira de uma cidade assolada pela seca. Bailo pela calçada abrindo caminho entre idosos a 10m/h, grupos de crianças arrastando mochilas de rodinha e adolescentes bloqueando a passagem conversando em grupinhos. Suo. Uma mochila de rodinha do Homem-Aranha bate contra a minha canela e seguro o impulso de mandar o moleque que a impulsiona para a puta que o pariu (o que não seria muito longe, que que a senhora em questão saltitava sorridente ao lado do pimpolho, impedindo minha ultrapassagem). Fome.

A pressão baixa, paro em um pé-sujo chamado BAR SPARTA para tomar uma água e manter a calma. Todos os bebuns do bar olham pra mim. Um velho de olhos baços e cabelos bege colados ao crânio pelo sebo de dias sem banho senta-se no banquinho ao meu lado, confere minha bunda e me pede um cigarro. Quando digo que não fumo, me olha com ódio e diz:

"Você vai morrer amanhã, você vai ver."

Finjo que não escuto, pago pela água, coloco meu mp3 player num volume quase ultra-sônico para abafar o ruído do trânsito ao meu redor e Michael Stipe Gary Jules começa a cantar sua versão de "Mad World" do Tears for Fears, cortesia da trilha sonora de Donnie Darko:

All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Rising early for their daily races
Going nowhere, going nowhere
Their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad World
Mad world

Children waiting for the day they feel good
Happy Birthday, Happy Birthday
And I feel the way that every child should
Sit and listen, sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, no one knew me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me, look right through me
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad World
Mad World
Enlarging your world


BANG! A mola mestra da minha sanidade vai pra casa do caralho. A música narra o leprosário que me cerca, a voz beatífica de Stipe Jules toca cada corda das minhas emoções represadas. Sigo em frente chorando atrás dos óculos escuros, até ver a alguns metros de distância um grande grupo de crianças reunido ao redor de alguma coisa, bloqueando a calçada estreita como um coágulo entupindo uma artéria. Tiro os fones de ouvido e ouço piados desesperados, dezenas, incontáveis piados entre os risos esganiçados das crianças que se aglomeram com uma curiosidade macabra, os olhos gulosos mirando o chão. Chego perto e vejo quatro caixas baixas de papelão na calçada, e dentro delas um caleidoscópio de pintinhos tingidos de vermelho, roxo, verde, azul, laranja. Os pintinhos desesperados sobem uns por cima dos outros, na tentativa de se refugiarem em algum canto da caixa, fora do alcance das garras das crianças e das mãos horrendas do vendedor, que os segura com a delicadeza de um boxeur.

Congelo. Desvio o olhar para a rua em frente na tentativa de ignorar o fervilhar colorido dos bichinhos atormentados pela sede, pelo calor e pelas crianças medonhas -- só para me deparar com duas ou três manchas coloridas prensadas no asfalto, memorial da fuga heróica -- por malfadada -- de pintinhos desesperados.

"Why did the chicken cross the road?", penso e sorrio do horror de penas e carne no asfalto. Quero sair dali. Desesperadamente. Quero apertar o PAUSE do mundo e não consigo. Ao me desviar do coágulo de crianças vejo um cachorro de rua de um cinza sujo, sarnento porém gordo,deitado de lado contra o muro. Cachorros me acalmam. Li uma vez sobre a beleza do céu refletido nas pupilas de um cão, e desde então sempre busco a paz desse céu nos olhos dos cães que saúdo pela rua. Agacho-me para afagar o cão, que balança o rabo sem muito entusiasmo e sem se levantar. Então eu vejo.

Entre as pernas traseiras do cão, fazendo as vezes de seus testículos, jaz um saco de pele distendida do tamnaho de uma manga tommy. Um tumor enorme, cheio de veias. O bicho não consegue se levantar.

END TRANSMISSION.

E assim termina meu primeiro relato das paisagens imperfeitas de minha mente. Dependendo da reação do público, conto as que se seguiram, prevenindo-os que o fator estranheza só tende a aumentar.

Gostei da sua expressão "descaralhados de surpresa". "Descaralhado' é uma palavra muito expressiva, e expressou bem o nível de surpresa que quase me aniquila diariamente com as novidades incessantes da internet, juntamente com a apatia e indiferença da grande maioria dos beneficiados, who take it all for granted.

Como pode? A pergunta permanece.

Como podem as pessoas permanecerem grudadas em frente a TV aberta, discutindo quem matou quem e assistindo novela? Como pode? Como pode essa aceitação passiva das notícias regurgitadas pelos canais de TV, o estado de sítio cultural em que esse povo alienado está?

Há uma comunidade do Orkut que se chama "O Pior Cego é o qe Vê TV". Não tenho uma TV em casa há uns dez anos. Recuso-me a assistir a qualquer coisa em canal aberto, e ultimamente até as poucoas oportunidades que tenho de assistir a TV por assinatura me irritam. Nesse fim de semana fui obrigada a assistir DUAS HORAS de programação de domingo enquanto fazia hora para pegar meu ônibus de volta pra casa -- duas horas de Tom Cavalcante, Faustão, Gugu, R.R. Soares e Fernando Vanucci. Quase que os comprimidinhos não deram conta da ebulição interna que me acometeu. Após anos afastada da linguagem televisiva, considero imoral, ofensivo, degradante o modo como apresentadores, artistas e comerciais dirigem-se ao público. Não sabia se me revoltava contra a mídia ou contra o povo que permitia esse tipo de achaque.

Ainda não me recuperei da exposição à radiação televisiva. Eu meio que tinha esquecido de como as coisas são imbecis por default, ao abdicar de TV, rádio e jornal. My fragile eggshell of mind não estava preparada para tanta merda em escala tão absurda -- e isso em tempos da maior revolução cultural de que temos registro.

Partilho de sua esperança de que essa nova geração internet tenha algum poder. Mas de que geração estamos falando? Da que usa os recursos da rede para ampliar seus horizontes, ou da que cria fotolog, manda scraps pelo orkut do tipo "Clique no peixinho para descobrir as maravilhas do universo!" e usa o youtube pra assistir os compactos dos episódios anteriores de Malhação?

Be afraid, be very afraid.

Pelo menos vamos garantir um lugar seguro de onde admirar o circo pegando fogo. Vai ser realmente lindo ver um bando de morons com a faca e o queijo na mão morrendo de fome.

Panis et circensis!

--Xochiquetzal.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O novo Iluminismo asinino.


Mais informação = mais inutilidade

Fico feliz pelo seu retorno, sã e salva, da Terra do seu Cérebro Desmilinguido. Você e sua sanidade vão navegar por esses territórios não-cartografados, e depois você fica reclamando que foi foda. Eu falei que aqui tava melhor. Viu?

Cada vez que você vai, eu me sinto como mulher de bandido; você sai pra comprar um cigarro e nunca sei se você volta. Vão se foder você e a sua disposição para ficar me emasculando na frente de todo mundo. Só faltou eu fazer um post: “Volta pra mim, por favor”. Mas ainda não decaí a esse ponto.

Você nos deve. Você deve a mim e aos leitores que as estatísticas do Google Analytics dizem que já não são tão imaginários assim. O mínimo que você pode fazer em prova de boa-vontade e arrependimento, é nos entreter contando as histórias do que aconteceu lá. Você já viu aqueles filmes da época elizabetana, quando eram organizadas festas de arromba só para que os viajantes contassem para toda a corte como foi sua viagem? O que viu, o que os outros povos fazem, que tipos de animais existiam na terra longíqua? Então. Tá todo mundo reunido aqui. Espero que a história seja boa para justificar sua ausência.

Esmere-se no seu próximo post. Você nos DEVE.

Mas no seu último post você tocou em algo que também me intriga: como é possível que nós todos não estejamos estupefatos e descaralhados de surpresa o TEMPO TODO, ao ver a revolução de informação que acontece à nossa volta? Eu entro na internet e fico horas todo dia; e não me canso de ficar maravilhado com a quantidade de informação que tenho em mãos, com os recursos para manter relacionamentos com pessoas de quem eu não sei nem o nome e nem o rosto, com o acesso a livros, filmes e músicas que eu nunca poderia nem sonhar em conhecer, caso precisasse pagar por isso.

É absolutamente impressionante a facilidade de se aprender coisas com os recursos da rede, e mesmo assim, estamos cada vez mais estúpidos. Como pode?

Tem aquela desculpa, de que existe muita merda na internet, e que é difícil achar algo interessante no meio de tanta imbecilidade. Mas infelizmente esse desculpa não cola mais pra mim; cheguei em um ponto em que eu já sei como procurar as coisas que quero, driblando e evitando o material inútil. Já sei como descobrir bandas novas BOAS. Já sei como achar os lançamentos literários. Já sei como pegar filmes europeus e onde achar legendas em inglês. Já sei com quem falar e começar novas amizades. Já sei quem ignorar e como xingá-lo da forma mais engraçada e eficiente possível.

E, logicamente, não sou especial. Muitas pessoas também sabem fazer isso. É bastante provável que daqui a algumas décadas essa geração internet coloque-se de fato no poder. Eu espero que com todo esse cabedal de informações acumuladas, vindo de fontes mais cosmopolitas que quaisquer outras fontes que já tenham existido, eu espero que pelo menos essa geração seja mais tolerante com as diferenças. E que entenda que a informação deve ser livre, que cada um tem o direito de se expressar como achar melhor.

Quem sabe, com um pouco de esperança, possamos pensar em um novo Iluminismo. Dessa vez em nível mundial e com comunicação imediata entre os interessados, e não dependendo de uma Europa feudal, colonizadora e com laços de comunicação esfarrapados para fora de seus domínios.

Também acredito que esse Iluminismo será feito com base em um monte de pessoas estúpidas, paradoxalmente. Vai ser espetacular ver um monte de imbecis com tanta informação na mão. Como você falou: eu quero ver o circo pegar fogo.

Viva las internets!!

Atillah

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Do NOT feed the thoughts!


Ouch.


Após algumas semanas de licença-realidade, totalmente ausente do conforto desse blog, fica difícil começar um post. Escrever sobre o quê? Os detalhes da minha última visita ao Bedlam de minha mente? Comover os leitores com a dor da instabilidade mental, ou fazê-los rir com a hilaridade da mesma? A dúvida é tão atroz quanto o cursor piscando impaciente na tela em branco.

Acho que o que importa é que eu me safei de mais uma, mais sábia, menos espontânea, e com alguma sorte com alguns macetes na memória para a próxima vez que eu decidir jogar WAR contra mim mesma sigo própria. Objetivo: eliminar toda atividade social, alienar entes queridos, elaborar uma realidade paralela e mais dois territórios à sua escolha.

Relendo meus últimos posts -- e seu último post -- dá pra ver direitinho como a mania estava a se esgueirar pelo meu córtex com a graça de uma gata insana. Agradeço sua delicadeza ao lidar com meus ups and downs. Much obliged.

Mas então tá. Durante meu resguardo do existir, li outro livro do Ken Carey, "Return of the Bird Tribes", que elabora muitas idéias do Starseed Transmissions. Idéias antigas em nova roupagem, idéias novas disfarçadas de velhas, mas ainda assim idéias revolucionárias, propagando-se com uma velocidade cada vez maior, sendo notadas por uma quantidade crescente de pessoas num crescendo que, acredito eu, culminará no Nosso Ano Do Senhor de 2012 -- no qual, segundo o calendário maia da minha parede, algumas seitas messiânicas, conhecimento xamânico espalhado pelo globo, as vozes na minha cabeça e astrônomos underground, o mundo terá seu fim.

I'm the goddess of train-of-thought punctuation!!!!!! Devo estar lendo Saramago demais.

Chuva de sangue, meteoros gigantes em rota de colisão com a Terra, o despertar de Cthulhu, o armageddon atômico, a vinda do Messias, o Juízo Final (ou a falta do mesmo)? Não creio. Aguardo ansiosamente a chegada do ano de 2012 por dois motivos, a saber:

a) quero ver o circo pegar fogo;

b) Nas palavras de Michael Stipe, será "the end of the world AS WE KNOW IT -- and I feel fine".

A velocidade da Information Society na qual vivemos já é impossível de ser acompanhada. Somos bombardeados minuto a minuto com coisas dignas do realismo fantástico de Gabriel García Márquez, e ainda assim permanecemos passivos, aceitando a maravilha da revolução que se descortina diante de nossos olhos como quem aceita uma tigela de mingau de aveia Quaker. Indiferentes. Inconscientes da enormidade do que está acontecendo por soterrados sob escombros informacionais. Zumbis digitais. Vivemos na mais interessante época da qual temos registro, e ainda assim nos damos ao luxo de nos entediarmos. VAI TODO MUNDO PRA PUTA QUE PARIU! Abram os olhos! As mensagens são óbvias, gritantes, onipresentes -- e ainda assim bradamos aos céus que nos mandem "um sinal". Os sinais estão em toda parte, queridos vegetais: em letras de música, no cheiro da chuva, nos livros sagrados e profanos. Nem é preciso saber ler nas entrelinhas para saber para onde o vento está soprando. Basta PERCEBER.

Percepção. Consciência total do aqui e agora, da inexistência do passado e do futuro. BE HERE NOW. A quarta dimensão é a percepção, the awareness that precedes consciousness. Consciência de nós mesmos e de nossa conexão com tudo que existe de um modo jamais experienciado. Uma revolução mental.

O sertão vai virar mar, e o mar vai virar sertão -- dentro de nós mesmos.

Hmm. O espírito de Antônio Conselheiro foi meu encosto no último parágrafo --vou parar por aqui antes que comece a falar sobre a vinda d'El Rey Dom Sebastião e do Rei Arthur. Fiquei tanto tempo sem escrever que estou me empolgando ainda mais facilmente do que antes...

Mas 2012 está aí. Onde você vai estar quando 2012 chegar? 20 + 1 + 2 = The Number 23. Os mais céticos podem dizer que não vai acontecer porra nenhuma (e provavelmente a coisa acontecerá num nível tão sutil que terá toda a aparência de "porra nenhuma" aos céticos) e que eu vou ficar com cara de leoa que perdeu a gazela em janeiro de 2013... pode até ser. Mas pelo menos tive o prazer da chase.

Mas, voltando à realidade e respondendo a sua pergunta, não sei para onde nossas asas de cera nos levarão, meu Ícaro, meu Belerofonte. O que nos importa o destino? A jornada é o que conta, e andarilho que se preza não leva bagagem. Apegue-se aos seus pés, a olhos de ver e ouvidos de ouvir -- and hit the road, Jack.

Segura na minha mão, diz Xochiquetzal. Vai você, diz Atillah. Fique no seu quentinho, enquanto exploro the wild blue yonder.

Land Ho!

--Xochiquetzal.