Oi gente. Adivinhem: eu surtei.
Sabem aquela minha rotina de 13+ horas de trabalho por dia? Sabem aqueles adolescentes monstruosos que estavam me enlouquecendo? E aquelas turmas ingratas às oito da manhã?
Mandei tudo pra casa do caralho.
Na boa: invadi a sala da coordenação uma tarde de tresloucura, tremendo de raiva e estafa, e mandei um "I QUIT!" que deve ter soado absurdamente diva. Eu estava transtornada, gente. Após semanas de atividade frenética meu corpo estava em frangalhos, minha mente em farrapos, meus quadris esféricos, meu cabelo caído, minha menstruação vindo três vezes no mesmo mês, minha voz destroçada, meus relacionamentos inexistentes: liguei o FODA-SE sem a menor cerimônia -- ou preocupação com as contas a pagar, ou com minha imagem profissional. O stress atingiu massa crítica e eu simplesmente SURTEI na frente da minha chefe. Tipo, ataque de pelanca mesmo, coisa de mulher descompensada, com direito a choro e ranger de dentes. Inacreditável o ponto onde enfiei a mim mesma. Jamais deixarei de me assombrar diante da minha infinita capacidade de me foder.
Saí da sala da coordenação algo parecida com a Amy aí de cima, juntando as minhas coisas e tentando não pensar em como faria para sobreviver até encontrar outro emprego -- mas o Inefável resolveu sorrir para mim com os dentes de uma coordenadora simplesmente angelical, que propôs que eu abandonasse as turmas mais problemáticas e reduzisse minha carga horária à vontade, apesar dos inúmeros contratempos que uma rebordosa dessas causaria ao um curso. Foi comovente. Sério.
Infelizmente as turmas que deixei para trás eram exatamente as mais lucrativas -- o que significa que meu breve momento Donald Trump de megalomania financeira foi efêmero. Voltei a ser mais uma fodida, amigos -- até conseguir mais alunos particulares, me infiltrar de vez no mercado de inglês offshore e fazer fortuna. Estou trabalhando o mínimo necessário para continuar fazendo os malabarismos com serra-elétrica que compõem a minha situação financeira, e que se foda. Um dia eu fico rica. Até lá, vou convalescendo de meu embate com o mundo capitalista, ouvindo pilhas de álbuns acumulados, lendo quatro livros ao mesmo tempo, escrevendo, observando os bem-te-vis nos coqueiros e dormindo feito um panda narcoléptico para compensar meu déficit de horas de sono.
(Acabo de perceber que estou com um sorriso beatífico no rosto ao escrever esse parágrafo. Leitores, Xochiquetzal está sorrindo para todos vocês três. Ininterruptamente.)
Mas então. Antes de voltar definitivamente ao submundo do proletariado, raspei o tacho da minha poupança e me mandei para o Rio de Janeiro, onde passei dias lisérgicos na companhia do TC, meu irmão dos tempos de colégio de freiras (e finado colaborador do espancando).
Foram dias de Yellow Submarine, de reencontros em botecos superlotados, de Wagner Moura interpretando Hamlet no Leblon (Ser ou não ser: JAMAIS SERÃO!), bondinhos em Santa Teresa, tesouros garimpados em sebos inesgotáveis, a melhor comida do mundo, tatus andando no calor da tarde, risadas histéricas diante do Discovery Channel, abraço de amigas queridas, mendigos telepáticos me olhando das calçadas, descoberta dos poderes até então ignorados da cerveja, rock 'n' roll no último volume durante a travessia da ponte Rio-Niterói -- num céu de diamantes.
Cara.
Eu fui agraciada com os mais insólitos amigos do mundo, e qualquer tentativa de escrever sobre eles parece-me vazia diante do enorme significado que cada um tem para mim. Fico encarando esse cursor piscante com tanto a dizer sobre eles -- mas impedida pela certeza de que qualquer coisa que eu escreva vá sair piegas como um cartão Hallmark. Amigos, a vocês o não-dito. Amigos, vocês estão além das palavras.
Post mais desconexo, esse. Coisa de gente surtada.
Getting high with a little help of her friends,
--Xochi in the Sky with Diamonds.
P.S. - Aguardem pedidos de empréstimo em um futuro próximo. =D
Sabem aquela minha rotina de 13+ horas de trabalho por dia? Sabem aqueles adolescentes monstruosos que estavam me enlouquecendo? E aquelas turmas ingratas às oito da manhã?
Mandei tudo pra casa do caralho.
Na boa: invadi a sala da coordenação uma tarde de tresloucura, tremendo de raiva e estafa, e mandei um "I QUIT!" que deve ter soado absurdamente diva. Eu estava transtornada, gente. Após semanas de atividade frenética meu corpo estava em frangalhos, minha mente em farrapos, meus quadris esféricos, meu cabelo caído, minha menstruação vindo três vezes no mesmo mês, minha voz destroçada, meus relacionamentos inexistentes: liguei o FODA-SE sem a menor cerimônia -- ou preocupação com as contas a pagar, ou com minha imagem profissional. O stress atingiu massa crítica e eu simplesmente SURTEI na frente da minha chefe. Tipo, ataque de pelanca mesmo, coisa de mulher descompensada, com direito a choro e ranger de dentes. Inacreditável o ponto onde enfiei a mim mesma. Jamais deixarei de me assombrar diante da minha infinita capacidade de me foder.
Saí da sala da coordenação algo parecida com a Amy aí de cima, juntando as minhas coisas e tentando não pensar em como faria para sobreviver até encontrar outro emprego -- mas o Inefável resolveu sorrir para mim com os dentes de uma coordenadora simplesmente angelical, que propôs que eu abandonasse as turmas mais problemáticas e reduzisse minha carga horária à vontade, apesar dos inúmeros contratempos que uma rebordosa dessas causaria ao um curso. Foi comovente. Sério.
Infelizmente as turmas que deixei para trás eram exatamente as mais lucrativas -- o que significa que meu breve momento Donald Trump de megalomania financeira foi efêmero. Voltei a ser mais uma fodida, amigos -- até conseguir mais alunos particulares, me infiltrar de vez no mercado de inglês offshore e fazer fortuna. Estou trabalhando o mínimo necessário para continuar fazendo os malabarismos com serra-elétrica que compõem a minha situação financeira, e que se foda. Um dia eu fico rica. Até lá, vou convalescendo de meu embate com o mundo capitalista, ouvindo pilhas de álbuns acumulados, lendo quatro livros ao mesmo tempo, escrevendo, observando os bem-te-vis nos coqueiros e dormindo feito um panda narcoléptico para compensar meu déficit de horas de sono.
(Acabo de perceber que estou com um sorriso beatífico no rosto ao escrever esse parágrafo. Leitores, Xochiquetzal está sorrindo para todos vocês três. Ininterruptamente.)
Mas então. Antes de voltar definitivamente ao submundo do proletariado, raspei o tacho da minha poupança e me mandei para o Rio de Janeiro, onde passei dias lisérgicos na companhia do TC, meu irmão dos tempos de colégio de freiras (e finado colaborador do espancando).
Foram dias de Yellow Submarine, de reencontros em botecos superlotados, de Wagner Moura interpretando Hamlet no Leblon (Ser ou não ser: JAMAIS SERÃO!), bondinhos em Santa Teresa, tesouros garimpados em sebos inesgotáveis, a melhor comida do mundo, tatus andando no calor da tarde, risadas histéricas diante do Discovery Channel, abraço de amigas queridas, mendigos telepáticos me olhando das calçadas, descoberta dos poderes até então ignorados da cerveja, rock 'n' roll no último volume durante a travessia da ponte Rio-Niterói -- num céu de diamantes.
Cara.
Eu fui agraciada com os mais insólitos amigos do mundo, e qualquer tentativa de escrever sobre eles parece-me vazia diante do enorme significado que cada um tem para mim. Fico encarando esse cursor piscante com tanto a dizer sobre eles -- mas impedida pela certeza de que qualquer coisa que eu escreva vá sair piegas como um cartão Hallmark. Amigos, a vocês o não-dito. Amigos, vocês estão além das palavras.
Post mais desconexo, esse. Coisa de gente surtada.
Getting high with a little help of her friends,
--Xochi in the Sky with Diamonds.
P.S. - Aguardem pedidos de empréstimo em um futuro próximo. =D