terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Vinte e três graus centígrados


Vocês não sabem o que é dor.

Muita gente diz “eu já passei fome, você não sabe o que é fome”.

Vocês não sabem o que é dor.

Dói lembrar de dois meses de vida jogados fora, por praticamente nada. Dói seguir o rebanho e depois olhar pra trás e ver que você nunca deveria ter saído de onde estava. Dói descobrir que o pastor não tem a menor idéia do caminho, e que no fim das contas você sabia mais sobre a estrada do que ele. Dói ver todas as suas relações corroídas pela falta de tempo, ânimo e disposição, relegadas a segundo ou terceiro plano em nome de uma duvidosa estabilidade financeira que só serviu pra desequilibrar todos os seus alicerces emocionais, pra fragilizar e derrubar todos as suas bases afetivas e deixar claro novamente o desespero que é a vida sem objetivos e motivos decentes pra continuar acordando todo dia, 8am/6pm, 5/7, 666, 1+1=0.

“Que frescura, é só trabalho.”

Dói.

Vocês não conhecem a dor de cada agulhada que são as palavras trocadas entre vocês, o corte ácido de cada lembrança repartida, a estocada de um afeto compartilhado, a contusão e hematoma dos sentimentos voando de um lado pro outro, desgovernados, os ossos que me partem a cada toque imaginado, o ensurdecedor murmúrio das piadas internas, a cegueira e tormento mental causado pelas fotos. Tudo isso dói, e dói mais porque é auto-inflingido. E porque ninguém pode ser culpado a não ser eu pela dor. E dói mais saber que eu poderia estar lá, e que tudo ainda estaria tão vivo dentro de mim assim como JF ainda está. Dói mais porque era pra ser. Dói porque não foi. Dói por que não fui. Dói porque passou. O tempo passou.

E tempo não volta.

Doeu, e que bom que doeu. Que bom que doeu pra caralho. No pain no gain. Aprendizado pela dor. Agora eu aprendi, obrigado. Eu precisava disso. Obrigado. Obrigado por me foder.

Obrigado. De nada.

Enfim, trabalho: foda-se. Obrigado.

X: Despite all the noise, você sabe o quanto fico feliz com tudo isso, com o nosso plano de um dia juntar todas as pessoas legais do mundo. Um dia a gente chega lá. Um dia quem sabe a gente consegue juntar mais de duas ou três ao mesmo tempo, se o inefável deixar de ser pau-no-cu, se o Unicórnio quiser, se eu for um bom menino nesse ano e se Papai Noel continuar existindo. Until then, hang on to your I.Q. e lembre-se de que sentimos sua falta nas internets. Inclusão digital já, motherfucker.

Every morning, my eyes will open wide

I gotta get high, before I go outside.

Roll another, for breakfast

burning clouds around, and in my solar plexus.

Hang on, hang on

to your IQ, to your ID

 

Bel: Crises – we all haz dem. Dói. Dá medo. Medo de perder tudo que é importante. Medo de estar errado e continuar errando. Mas ó: dói mais achar que você está sozinha. We’re partners in crime, we’re brothers in arms.

Through these fields of destruction/Baptisms of fire

Ive watched all your suffering/As the battles raged higher

And though they did hurt me so bad/In the fear and alarm

You did not desert me/My brothers in arms

love grace tolerance

Atillah

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