terça-feira, 7 de abril de 2009

BUT, WHY IS THE RUM GONE? ou XOCHOQUEZTAL ETSÁ BÊBADA




(erros ortográficos revisados pós-ressaca - em sua maioria)

"A felicidade é uma idéia nova" - Saint-Just

Eu não sou feliz. Prontofalei. Não acredito que algum dia o tenha sido -- por não acreditar nessa mentira maior da sociedade moderna, o direito inalienável de ser feliz. O dever de ser feliz, esse fardo horrendo que carregamos sorrindo, a "grande impostura do sábado à noite" nas palavras de Janis Joplin.

Acredito nas incríveis possibilidades de momentos de intensa satisfação, mas não nesse continuum edulcorado que a mídia chama de felicidade. Talvez as minhas uvas estejam verdes, mas nesse momento de intensa angústia no continuum alucinógeno que eu chamo de vida, estou mais preocupada em buscar momentos, não coisas ou estados. Eu sou um beagle, cara: um beagle inglês caçador de raposas, só que não tenho a mínima intenção de destroçar a coitada -- meu lance é a perseguição, é a corrida, é a busca. Eu sou um beagle querendo viver a vida intensamente, mesmo que de modo intensamente doloroso.

Um beagle kamikaze. BANZAI, MOTHERFUCKERS!



(Tem uma garrafa violada de Bacardi olhando pra mim, by the way)

Algumas pessoas que amo profundamente não compreendem minha necessidade ardente de buscas, de novas experiências, novos sucessos, fracassos e decepções. "Você nunca está satisfeita! Quando você aprenderá a ser feliz com o que tem, em vez de passar seus dias ardendo de desejo pela grama do outro lado da cerca?"

Porque "o outro lado da cerca" implica um conjunto que me contém e do qual não posso escapar, uma limitação vinda não sei de onde que todos parecem aceitar como a ordem natural das coisas. Não vejo lado de coisa alguma, só vejo o que está ao meu redor e dentro de minha cabeça, e é isso que eu quero. Não nasci para ficar pastando tranquila, ruminando a existência e olhando com olhos bovinos a paisagem por sobre os mourões: esse sobre-e-desce amargo do bolo alimentar magoa a minha garganta, azeda a minha alma. Não.

Eu Quero Mais do que Isso.

Entendo que a minha recusa -- ou incapacidade -- de "estar feliz" por quantidades previsíveis e mensuráveis de tempo causa-me uma dor absurda, mas esse absurdo está na minha natureza. Estou cansada de negar meu absurdo, de me contentar com o que não é meu, de dançar o créu na velocidade 6 da sociedade enquanto meu espírito insiste em marcar o compasso de um blues: de receber silenciosamente o escarro dos tísicos que amo. "Você é inepta para a vida. De que vale toda a sua cultura quando você mal sabe fazer contas?", "Você não passa de uma alienada" ou o indelével "O seu problema, minha filha, é que você lê demais."

Vocês não me compreendem, chora meu lado emo, arrumando a franjinha pro lado para deixar as lágrimas negras de rímel em evidência.

Mas tudo bem, pessoas minúsculas: deixei de ser emo e de esperar compreensão dos que não podem sequer me garantir santuário. Que venha o blasé encontrado nas profundezas de Pessoa, aquele com maiúscula:

"Repudiei sempre que me compreendessem. Ser compreendido é prostituir-se. Prefiro ser tomado a sério como o que não sou, ignorado humanamente, com decência e naturalidade."

"When we can't dream no longer, we die".



Dias depois, trocando Bacardi por Montilla por motivos financeiros...


É, gentem. Motivo número doze pelo qual eu não bebo: verificar texto acima.

Bel, dentro de minhas limitações emocionais, estou hiperfeliz por você, detentora de um canudo de Letras como o meu e futura professora burnt-out. Letras é uma carreira foda, em todas as acepções do adjetivo. Humanas é uma área de MACHO, apesar de todos os alunos em contrário, e saber que temos mais uma coisa em comum -- esse canudo comprido, grosso e cheio de veias -- me faz feliz. Um dia serei eloquente (não sei se o trema caiu e não estou nem aí pra reforma ortográfica, não consigo achar o trema dessa joça mesmo)o suficiente (RIMEI!) pra te convencer a vir pra cá lutar numa piscininha lambuzada de petróleo comigo; enquanto isso, aguardo e espero.

Letrados do Brasil, Xochiquetzal respeita todos vocês.

*HIC!*

--Xochiquetzal, Still Wondering Why the Rum is Gone.

2 comentários:

unfortunately sober reader disse...

Vi um documentário no current.com de uma mulher que tinha tudo pra ser feliz, mas não era. Disseram que nós, eternos infelizes, temos um lado mais desenvolvido do cérebro, por isso somos como somos.

http://current.com/items/89825450/what_s_wrong_with_me.htm

Bel disse...

aguarde. tenho reflexões ótimas sobre esse conceito superficial de felicidade guardadas aqui no bolso. só que, no momento, o que meu bolso não tem é dinheiro, daí não paguei a conta de telefone e daí cortaram meu telefone e daí adeus internet lá de casa.

felicidade e cultura eu tenho. dinheiro é que não :(

pensando em opções sujas para conseguir de maneira rápida uns 200reais,
bel